22 de fevereiro de 2021
Caio Barbosa
MPA Brasil | Brasília (DF)
No Brasil, as camponesas e camponeses estão desde o início da pandemia na linha de frente no combate ao coronavírus, e principalmente na luta contra a fome. Assim que começou a crise da Covid-19 no país, o Movimento do Pequenos Agricultores – MPA lançou o “Mutirão Contra a Fome”, uma campanha nacional de arrecadação e distribuição de alimentos para apoiar famílias em situação de vulnerabilidade social. A atual crise sanitária só agravou a situação de insegurança alimentar, levando o país novamente para o Mapa da Fome da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.
O coronavírus já infectou mais de 10 milhões e matou mais de 246,5 mil brasileiros (o equivalente a população do município de Magé no Rio de Janeiro) e mantemos uma média diária de mais de mil mortes. Essa grave situação da saúde atinge os brasileiros, principalmente, os que se encontram em situação de vulnerabilidade social, além disso, o aumento dos preços dos alimentos gera uma dura realidade no país: o coronavírus e a fome.
Comer hoje no país é caro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE o aumento de alguns alimentos superam os 60% nos últimos doze meses. Após atualização do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feito pelo IBGE divulgado agora em janeiro, mostrou que o indicador acumula alta de 4,56% nos últimos 12 meses. Essa inflação atinge o bolso dos mais pobres que precisam pagar mais para comer.
Um exemplo desse aumento nos preços dos alimentos, em 12 meses, é a cebola que subiu 43,3%, a batata inglesa ficou 67% mais cara, o tomate subiu 40,90%, sem falar no gás de cozinha (11,75%) que em algumas cidades está sendo vendido por mais de 100 reais. Com o custo mais alto da cesta básica o arroz, feijão, cebola, batata, e até o gás de cozinha começam a faltar na casa da população.
Essa realidade é consequência de inúmeras medidas adotas e não adotas pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido), que desde o início da pandemia segue com ações contraditórias as orientações da Organização Mundial de Saúde – OMS. A falta de apoio do governo também atingiu os camponeses e camponesas, que são responsáveis por mais de 75% dos alimentos que chegam na mesa da população. Jair Bolsonaro vetou a lei de auxílio financeiro, aprovado pelo congresso para os agricultores familiares, isso colocou em risco a soberania alimentar do Brasil durante a pandemia.
Diante do cenário desafiador e sem apoio do Estado, o Mutirão Contra a Fome do MPA é uma raiz de esperança para inúmeros brasileiros. As ações da campanha estão ajudando a garantir o acesso ao alimento, item fundamental em um cenário de pandemia. Ao longo desses meses de pandemia os agricultores seguem na roça produzindo alimentos e levando até a mesa da população. Uma das principais ações do Mutirão do MPA é a construção dos Comitês Populares de Alimento – CPA, incentivando a participação de moradores, camponeses, movimentos e organizações no processo local de garantir o acesso ao alimento para todos.
O Mutirão Contra a Fome já distribuiu mais de 1.100 toneladas de alimentos em 13 estados, aproximadamente 31 mil famílias receberam cesta de alimentos do MPA, além disso, foram articulados mais de 60 Comitês Populares do Alimento. A campanha tem como objetivo central arrecadar e distribuir alimentos às famílias de trabalhadores e também para população em situação de rua. A união entre campo e cidade, organizada pelo MPA no cenário de pandemia vem consolidando os CPAs que são espaços responsáveis pela distribuição das doações de alimentos agroecológicos, e ajudam no fortalecimento dos laços e fomenta processos organizativos dentro dos territórios.
Os CPAs são espaços populares e em cada localidade funciona de acordo com o território e os participantes, sobre os Comitês a coordenadora Estadual pelo MPA no Rio de Janeiro, Leile Teixeira explica que
“eles podem e devem expressar a diversidade das experiências organizativas de cada território e região. Nos locais onde já existem ações de movimentos e instituições, o MPA fortalece e apoia as atividades locais. Afinal, é quem está no território, que conhece e pode indicar as famílias que estão em maior estado de vulnerabilidade social.”
O Rio de Janeiro é um dos estados que o Mutirão Contra a Fome do MPA vem realizando as ações e construindo os CPAs, são em média 10 Comitês espalhados pela região metropolitana, além de interligação entre 13 cidades do estado no processo de abastecimento popular. Ao todo foram entregues 100 toneladas de alimentos para quase 11.500 famílias.
O Mutirão Contra a Fome também é realizado no estado da Bahia, o MPA localmente já distribuiu 45 toneladas de alimentos para trabalhadores, quilombolas, sem-teto, moradores de periferia, atingidos por mineradoras. Foram beneficiadas com as ações do Mutirão aproximadamente 3.500 famílias baianas. As ações da campanha seguem ao longo desse ano de 2021, o coordenador do MPA, Leomárcio Araújo, avalia que nessa conjuntura de pandemia
“nós do MPA temos afirmado nosso compromisso com a luta pela vida; refletido os fatores estruturais dessa conjuntura; construído linhas de atuação junto aos nossos parceiros e ao povo do campo e da cidade; bem como, temos elevando constantemente nossas preocupações com o tema da produção de alimentos e do abastecimento popular visto a situação de fome que cresce no país”
O MPA criou uma campanha para que as organizações parceiras e também as pessoas individualmente possam ajudar nas ações do Mutirão Contra a Fome, sejam doando alimentos ou recursos financeiros que possam ser destinados à compra de alimentos que serão distribuídos junto às famílias. Conforme informado pelo MPA, as doações serão gerenciadas pela Associação Nacional da Agricultura Camponesa (ANAC).
As doações em dinheiro podem ser realizadas por transferência bancária por pessoas físicas e jurídicas. A conta para depósito é da Associação Nacional da Agricultura Camponesa (ANAC), CNPJ: 05.357.888/0001-38, Conta Corrente: 1572-0; Agência 0721; Operação 003 – Caixa Econômica Federal.
Além disso, também é possível ajudar na divulgação do Mutirão Contra a Fome, com manifestações de apoio e publicação de fotos e vídeo gravados e postados nas redes sociais com a #mutiraocontrafome. O material poderá ser veiculado nas mídias sociais do movimento, ajudando a espalhar ainda mais o Mutirão.
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