11 de outubro de 2021
Comunicação MPA Brasil
Cada dia torna-se mais nítido que o sistema de produção de commodities defendido pelo agronegócio e pelo governo Bolsonaro enriquece a poucos empresários, agudiza a fome e coloca o Brasil como protagonista notório para o agravamento das mudanças climáticas. Desde o golpe de 2016 e a ascensão da extrema-direita podemos afirmar que o lugar mais afetado pela destruição das políticas públicas e de direitos básicos como acesso à água e à alimentação saudável tem sido o semiárido brasileiro. Segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (PENSSAN) 47% da população do semiárido estão em situação de insegurança alimentar grave.
A desertificação do semiárido brasileiro é o principal problema ambiental a ser enfrentado por seus quase 28 milhões de habitantes, espalhados em 1.262 municípios. A desertificação já atinge uma área de mais de 900 mil km² e é causada, principalmente, pelas práticas convencionais de exploração do solo e da vegetação por meio da ação humana. As mudanças climáticas no Antropoceno podem forçar os viventes do semiárido brasileiro a migrar pra outras regiões do país e até mesmo do planeta se medidas não forem tomadas de forma emergente.
Diante da grave situação climática que se vive no semiárido, é necessário aprofundar o trabalho de conscientização e adoção de práticas adequadas de exploração dos recursos naturais deste clima. No último período, o discurso do combate a seca tem sido derrotado e o conceito de convivência com o semiárido ganhado cada vez mais força e resultados positivos. As práticas de convivência com este clima têm se concretizado graças às iniciativas de movimentos sociais, entidades ambientais, governos, dentre outros.
No Piauí, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), por meio do Projeto Viva o Semiárido (PVSA) do Governo do Estado do Piauí, com apoio do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), e em parceria com três associações de camponeses e camponesas: a Associação dos Pequenos Agricultores do Estado do Piauí (APAESPI), Associação de Moradores e Pequenos Produtores do Estado do Piauí (AMPPEPI) e Associação Piauiense da Agricultura Camponesa (APAC), está concluindo a execução do Plano de Investimento Produtivo.
“Este plano atua na organização dos sistemas camponeses de produção no semiárido piauiense em três dimensões: na criação e comercialização de cadeias produtivas de ovinocultura (ovelhas) e caprinocultura (cabras); na cadeia produtiva da mandiocultura e de quintais produtivos; e no desenvolvimento da apicultura (abelhas)” quem explica é um dos dirigentes do MPA no estado, Afonso Galvão.
Afonso explica que os 3 projetos contemplam 352 famílias de 38 comunidades camponesas em 08 municípios (Queimada Nova, Campo Grande do Piauí, Francisco Santos, Jaicós, Geminiano, Itainópolis, Santa Cruz do Piauí e São João da Varjota) e 03 territórios (Chapada do Vale do Itaim, Vale do Rio Guaribas e Vale do Rio Canindé) do semiárido piauiense. “São investimentos coletivos e individuais que já estão impactando de forma positiva a renda das famílias contempladas” coloca Afonso. O projeto também tem uma dimensão muito importante que são capacitações em temas diversos como: cooperativismo e associativismo; manejo de pequenos animais; técnicas e tecnologias apropriadas à convivência com o semiárido; gestão de recursos hídricos (GRH), dentre outros.
O projeto que abarca as cadeias produtivas de criação e comercialização de ovelhas e cabras contemplou 255 famílias. Elas foram beneficiadas com 5 matrizes de ovinos e caprinos – isto significa que são 5 raças diferentes – e em contrapartida puderam investir na construção de 165 apriscos. Além, é claro, de receberem sementes de capim pisoteio, sorgo forrageiro, palma forrageira e sacos para silagem.
Com relação aos investimentos coletivos, foram adquiridos 20 kits compostos por 01 forrageira, 01 carrinho de mão, 01 pá quadrada e 01 pulverizador costal, 01 alicate para castração, 01 pistola tipo burdizzo com bico dosador e estojo de agulhas para vacinação, 01 tesoura para casqueamento; 07 kit’s de informática contendo um notebook e uma impressora; Implantação de 06 Unidades de Transferência de Tecnologia (UTT’s) de palma adensada irrigada para produção de sementes, incluindo a instalação de 06 kit’s de energia solar para captação de água de poços profundos; Escavação e/ou reforma de 34 barreiros para dessedentação animal.
Sobre as Unidades de Transferência de Tecnologia, Afonso explica que as unidades recebem este nome porque são inovações tecnológicas apropriadas para a convivência com o semiárido e que servem como modelos pilotos para aplicação em outras regiões do semiárido. “Por exemplo, as UTTs para a criação de ovinocaprinos são para a produção de palma, tem a questão da energia solar, isso da autonomia aos campenses por conta de ter sua própria energia, sem ter que pagar, utiliza também o sistema de gotejamento que é um sistema que raciona a água, altamente econômica, e a palma que é uma planta adaptada ao semiárido que vai consumir o mínimo de água”, explica.
O Plano de Investimento Produtivo na cadeia produtiva da mandiocultura e dos quintais produtivos contempla 93 famílias. As famílias são beneficiadas com estruturação do quintal produtivo, no qual estão inclusos: um minhocário para a produção de húmus, sistema de reuso da água utilizada nas atividades domésticas, entrega de mudas de plantas frutíferas e forrageiras, sementes de hortaliças, regadores e 30 pintainhas da raça canela preta.
Como investimento coletivo foi instalado uma Unidade de Transferência de Tecnologia (UTT), com câmara de brotação para a produção de mudas de mandioca, incluindo a instalação de 01 kit de energia solar para captação de água de poço. A dona Francisca, do assentamento União, município de Geminiano, foi uma das contempladas, quando perguntada sobre a importância do projeto, mesmo com sua timidez, respondeu: “Tô vendo muita vantagem neste quintal por que já tô plantando as plantas, já utilizamos os adubos das minhocas nos cheiros-verdes, to tirando as rações para as galinhas, das plantas que vieram e tá bom demais”.
Já o plano de investimento produtivo de apoio ao desenvolvimento da Apicultura contemplou 34 famílias, as quais foram beneficiadas com kit de equipamentos de produção individual (EPIs), colmeias e mudas de moringa.
Como investimentos coletivos, foram entregues 04 kits contendo centrífuga manual, mesa desoperculadora, garfos desoperculadores, fumegadores, formões, cilindro alveolador, laminador de cera e tábuas de laminar, e um 03 kits de informática, contendo um notebook e uma impressora. Todos estes equipamentos são indispensáveis para a criação de abelhas e o beneficiamento do mel de qualidade. Também foram adquiridos e entregues 28 pluviômetros, que são medidores da quantidade de chuva. Cada um tem uma família responsável por coletar os dados pluviométricos e repassar periodicamente para as demais famílias.
É importante destacar que as maiores beneficiadas com os três projetos são mulheres e/ou jovens. A escolha das 352 famílias se deu exatamente considerando o protagonismo deste público. Porque são as mulheres e os jovens os que se encontram em pior vulnerabilidade quando o assunto é geração de renda. Garantir a renda das mulheres e jovens do meio rural e nesse caso específico do semiárido, é garantir autonomia e ajuda a combater a violência contra as mulheres, que muitas vezes se submetem a situações de agressões, por conta da dependência econômica diante de seus companheiros.
Um relato muito bonito vem da dona Isabel Maria, também do assentamento União em Geminiano, ela já havia sido contemplada, há quatro anos, com um aprisco para galinhas, fruto de um projeto da parceria entre o MPA e o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). “Pra mim foi muito louvável este projeto porque está me dando uma renda extrabeleza pra mim me levantar. Agora com essa de agora foi um casamento perfeito. Tenho muito a agradecer ao movimento, o projeto foi muito bem-aceito na comunidade. Espero que todos façam bom proveito e minha ideia que eu a partir de hoje, que eu faça um bom proveito, para eu produzir e me levantar na roça”, relata a camponesa.
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