7 de setembro de 2021

Em todo o Brasil, o campesinato se prepara para se somar ao 27º Grito dos Excluídos. Em algumas regiões ações do Mutirão Contra a Fome estão previstas

Mateus Quevedo
MPA Brasil | Salvador (BA)

“Cada um protesta com o que tem”, foi essa a mensagem compartilhada pelo Humberto Palmeira, dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores no Rio de Janeiro, quando perguntando sobre como o Grito dos Excluídos vai ocorrer na cidade carioca. A frase vinha com mais três imagens de um suntuoso brócolis e apetitosas alfaces. A imagem e a frase ilustram bem o objetivo do MPA, neste 7 de Setembro: somar-se ao 27º Grito dos Excluídos(as) oferecendo o que temos de melhor, nossa produção de alimentos.

Serão pelo menos 160 cidades em que acontecerão o #7SForaBolsonaro, e em muitas delas os atos pela saída de Bolsonaro da presidência da República acontecerá junto com o Grito dos Excluídos, como é o caso do Rio de Janeiro e de Picos no Piauí. “Aqui em Picos iremos iniciar as 6h para uma missa transmitida via rádio e depois na praça Félix Pacheco teremos um ato ecumênico, com um padre, duas mães de santo e um pastor para abençoar os alimentos que serão doados para famílias de 16 bairros do município”, explica Josineide Costa, dirigente do MPA no Piauí.

Segundo Josineide ao todo serão doados mais de 12 toneladas de alimentos para famílias de Picos e também da região de Oeiras, chegando até São João da Varjota e Santa Cruz do Piauí. “O MPA vai estar fazendo doação de 8,5 toneladas de alimentos equivalente a 800 cestas de alimentos pra essas famílias, e em seguida o ato político a onde tem representações desde os movimentos sociais, sindicatos, partidos de esquerda, e a população que tem aderido esta luta se somando junto”, acrescenta Josineide. O restante das doações acontecerão no final do dia.

É importante frisar que o Grito dos Excluídos(as) acontece há 26 anos e é organizado por pastorais e movimentos sociais. É uma forma de protesto legítima que escancara a farsa da independência e que denúncia os mecanismos sociais da exclusão e da desigualdade. Até mesmo a data 7 de setembro é uma farsa, uma vez que foi uma mulher, a imperatriz Maria Leopoldina, quem assinou a carta de independência do Brasil, que ocupou o cargo de regente do país enquanto o esposo Dom Pedro I viajava, em um 2 de setembro.

Como bem escreveu Tião Erculino, advogado popular e camponês no Espírito Santo, o Grito dos Excluídos é feito “com uma pauta definida, e que debate os problemas do país, e, não os problemas do presidente, de milicianos, de desaforados, de fundamentalistas religiosos, de negacionistas da Ciências e terra planistas”. O artigo escrito há uma semana chegou a prever as ações antidemocráticas da massa de manobra utilizada pelo Bolsonaro para instalar o caos e vandalizar contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, que já iniciaram ontem, 6, quando militantes pró-Bolsonaro furarem o bloqueio da Polícia Militar na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

“Estaremos na rua em defesa do presente e do futuro da juventude, uma vez que Bolsonaro e a estrutura de poder que o sustenta ameaçam e destroem os direitos de toda a classe trabalhadora, principalmente a juventude camponesa”, revela Marta Brigmann, da coordenação nacional do coletivo de juventude do MPA e que se somará nos atos de rua na capital da Bahia, Salvador. Ela continua: “se Bolsonaro oferece medo, violência e morte nós oferecemos nossa produção, nossa solidariedade, porque é isto que nos permite sonhar”.