23 de novembro de 2025

Vem aí o segundo Congresso Infantil da CLOC, sob o lema: Crianças do campo semeando as sementes da Soberania Alimentar!

Você sabia? Em abril de 2015, foi criado o primeiro Pequeno Congresso CLOC-VC, um espaço exclusivo para as meninas e os meninos que vieram com suas famílias para participar das jornadas de luta no âmbito do VI Congresso CLOC-VC em Buenos Aires, Argentina.

Com esse precedente, durante o VIII Congresso da CLOC, que será realizado em dezembro de 2025 no México, acontecerá o segundo Congresso Infantil da CLOC, sob o lema: Crianças do campo semeando as sementes da Soberania Alimentar!

O primeiro Pequeno Congresso da CLOC foi realizado em 16 de abril de 2015, em Buenos Aires

A CLOC-Vía Campesina busca não apenas o empoderamento dos camponeses na América Latina, mas também a formação de futuros líderes por meio de metodologias participativas. Para tanto, foi criado o primeiro “Pequeno Congresso” da CLOC-VC, um espaço exclusivo para crianças que vieram com suas famílias para participar das jornadas de ação no âmbito do VI Congresso da CLOC-VC em Buenos Aires.

O minicongresso abordará três áreas temáticas ao longo dos três dias do VI Congresso CLOC-VC. A primeira área é a integração latino-americana, seguida de discussões sobre questões relacionadas aos direitos dos camponeses e à agricultura camponesa indígena.

Queremos que as crianças façam parte dos nossos espaços educativos como sujeitos políticos que devem ser ouvidos. Não queremos educar a partir de um modelo bancário, mas sim a partir da perspectiva da educação popular, afirma Marisol Aguirre, educadora popular da MNCI.

O tema da integração latino-americana visa, principalmente, ajudar as crianças a se reconhecerem nos lugares e contextos sociais de onde vêm e a compreenderem outras situações. A ideia é aprofundar o tema da identidade territorial e ajudar as crianças a entenderem que suas realidades são semelhantes em muitos aspectos. Para demonstrar a conexão entre os povos e nacionalidades latino-americanas, o tema girará em torno do milho como símbolo representativo de todas as nossas culturas.

Em nosso dia a dia, encontramos jovens, adultos e crianças que estão construindo o movimento camponês com o qual sonhamos todos os dias. Não podemos imaginar que as crianças não façam parte desse movimento, pois são elas que nos inspiram a continuar a luta, conclui Marisol.

A infância como sujeito político

Durante as assembleias de jovens e mulheres, trabalhamos na integração das crianças à medida que chegam, de acordo com as delegações, promovendo jogos cooperativos recreativos, culturais e de troca, para que, por meio das brincadeiras, possamos praticar os valores de nossas organizações relacionados à comunidade e à solidariedade. A partir disso, propomos atividades como confecção de instrumentos musicais, pipas e teatro de rua.

Também apresentaremos uma peça teatral que abordará temas como despejos e as experiências de comunidades em toda a América Latina. Exploraremos todos esses temas por meio de jogos interativos para incentivar as crianças a desenvolverem suas próprias opiniões. No último dia do congresso, as crianças apresentarão suas descobertas aos delegados, compartilhando os resultados de seu trabalho sobre os temas abordados. Posteriormente, avaliaremos o evento e criaremos um documento para sistematizar nossa experiência e aprimorá-la em encontros futuros, com o objetivo de melhoria contínua.

Outra experiência para nós é construir este espaço com os organizadores do congresso, razão pela qual o congresso infantil irá interferir no espaço adulto com seus jogos, com alegria e com muito mistério, mostrando também seus desenhos.

Nossas expectativas para o futuro dessas crianças e para os movimentos camponeses e indígenas em todo o mundo são muito altas; elas serão a mudança de amanhã. É por isso que a CLOC-Vía Campesina se compromete a dar continuidade a este espaço para crianças, que se desenvolverá e avançará na construção do mini-congresso, como aconteceu com outros espaços, como a assembleia de mulheres e a assembleia da juventude.

O Pequeno Congresso: Um espaço de aprendizagem

Entrevista com José Ortega e Camila Mantiñan, integrantes da equipe responsável pelo Primeiro Congresso Continental da CLOC-LVC.

O pequeno congresso é um espaço idealizado e concebido como um local de formação do movimento onde, além da participação de mulheres, homens e jovens, a comunidade participa, em nossos territórios, nos bairros, na cidade ou no campo, em assembleias ou em conflitos; as crianças também são sujeitos políticos, participantes da realidade.

Neste momento crucial de união, mistério e luta para as nossas organizações, não conseguimos imaginar um espaço onde as nossas crianças não estejam presentes. Há vários anos que organizamos pequenas escolas nas nossas sessões de formação no âmbito do Movimento Nacional Camponês e Indígena — uma focada na memória histórica e a outra na educação política — onde as crianças também participam.

Para o primeiro congresso do MNCI, apresentamos a proposta de realizar um congresso infantil, e foi assim que começamos, compartilhando a experiência e a metodologia da Semterrinha do MST no Brasil. O Congresso Infantil não é um espaço separado do Congresso, mas sim integrado a ele; assim como os jovens e as mulheres têm sua assembleia, as crianças do CLOC VC também têm seu próprio espaço.

Envolve meninos e meninas de 1 a 12 anos de idade, divididos em cinco grupos, cada um com uma cor para identificação: de 1 a 3 anos, amarelo; de 3 a 5 anos, vermelho; de 6 a 7 anos, verde; de ​​7 a 10 anos, laranja; e os mais velhos, azul.

Cada coordenador de grupo terá um grupo de apoio, composto por estudantes universitários, amigos e colegas que se juntam por seu desejo de trabalhar com crianças, bem como pela Defensoria Pública e pelo canal público de televisão infantil chamado PAKA PAKA.

A coordenação geral do Pequeno Congresso está em constante contato com a coordenação geral do Congresso, pois é necessário coordenar os espaços, as refeições, as atividades e outros aspectos relacionados.

Trabalhamos com eixos gerais como a integração latino-americana, não apenas com foco na integração de bandeiras, mas sim na integração da Pátria em geral, das regiões. Os outros eixos são: direitos (das crianças, de nossas comunidades, de nossos territórios, à comunicação) e agricultura camponesa e indígena, onde utilizaremos o milho crioulo e nativo como planta genuína da América Latina, como símbolo de nossa agricultura, nossa alimentação e nossa luta pela soberania alimentar e pela diversidade de cores e variedades.

Trabalhar com crianças como um espaço de aprendizagem

Primeiramente, aprendemos a compreender o ritmo deles, pois entendemos que são filhos de nossos colegas e, portanto, conscientes de muitas coisas que nos surpreendem, porque alguns vivem em situações difíceis e têm um forte senso de organização. Isso nos ajuda a identificar o simbolismo, o misticismo, as cores, as canções. Por isso, focamos em atividades culturais e recreativas, pois geralmente não temos acesso a isso em nossas comunidades. Quanto mais conflituoso o território, mais carentes de música, teatro e outros elementos culturais são as escolas. É por isso que a força deste pequeno congresso reside em seus aspectos recreativos e culturais, em valores como solidariedade e autoestima.

Hoje, várias crianças que participaram de nossos minicongressos anteriores estão participando da assembleia da juventude. Trabalharemos com entre 100 e 150 crianças. 

Coletivo de Comunicação CLOC La Vía Campesina