23 de abril de 2018
Como que no capítulo mais sombrio da série Stars Wars, “O império Contra-ataca”, depois de gozar de quase 50 anos de poderio quase absoluto sobre o continente latino-americano, os EUA acabam tendo que enfrentar o crescimento de uma base de resistência, antagônica aos seus interesses. Por persistência e capacidade de resiliência a esquerda latino-americana a partir de 1998 com Hugo Chávez Frias na Venezuela, logrou intentar uma avalanche de derrotas eleitorais aos aliados históricos do vizinho do norte.
Era como se o império tivesse cochilado por um instante e começássemos a escrever um novo capítulo da história dos povos de nossa América. Ocorre que o império não cochila, menos ainda quando ameaçam seus dividendos. Enquanto dançávamos e brindávamos a cada nova vitória eleitoral em um país vizinho ou uma política pública que amenizasse a vida de uma família pobre, quando vibrávamos com a auditoria da dívida pública equatoriana chefiada pelo ex-presidente Rafael Corrêa, quando Lula exportava para os países irmãos as empresas brasileiras e gerava renda e emprego, quando o Brasil era aplaudido em todos os continentes por estar acabando com fome em seu território, enquanto tudo isso acontecia o império tramava, sorrateiro.
Uma década e meia, um curto período para grandes mudanças no tempo histórico dentro dos marcos estabelecidos pelo sistema capitalista. Os ricos seguiram ganhando muito, os pobres tendo melhoria de vida, capacidade de consumo e quase ou nenhuma formação política que os preparasse para o que estava por vir. Década e meia, tempo necessário para o departamento de estado norte-americano formar um time de elite do sistema judiciário latino-americano capaz de trabalhar em consonância com os parlamentos comprados pelo sistema financeiro e a grande mídia conservadora, e pôr em ação o plano de retomada do aparato estatal, tendo a Colômbia como fiel aliada durante o período de maturação da artimanha golpista.
Fernando Lugo foi a cobaia, ali experimentaram a fórmula e.… bingo! Mais fácil que roubar bala de criança. O que sucede-se é um filme de terror que todos assistimos diariamente: impeachament, prisão de ex-presidentes, vice-presidentes, renúncias, até chegar à cereja do bolo: Luis Inácio Lula da Silva, que o império sabe não é só mais um Da Silva encarcerado. É a maior liderança viva da América Latina, o único capaz de ameaçar seu plano a médio e longo prazo, o único capaz de dar o mínimo de unidade à esquerda brasileira e latino-americana e – não à toa – é o único que resiste amparado às massas de trabalhadores e trabalhadoras a essa cruzada de deslegitimação do legado da esquerda. Tê-lo novamente chefiando o maior país da América Latina, seria a mais grave ameaça que o império poderia encontrar em seu caminho.
Hoje temos um continente encarcerado, com uma agenda sócio-econômica regressiva à década de 1990, neoliberal, cerceado pelo poder onipresente do sistema judiciário e o aparato estatal ocupado por fantoches, legislando em nome de interesses escusos ao povo.
Ah, mas e a Odebrecht?
A Odebrecht é só uma empresinha tupiniquim. Quando o império se movimentou, a colocou de joelhos. Talvez se levante e caminhe abraçada ao imperialismo. É tão corrupta, quanto capitalista; tão capitalista, quanto corrupta.
Ah, mas ainda temos a Venezuela e a Bolívia resistindo.
Sim, é verdade. Mas sem o Brasil, sem Lula caminhando, o continente perde liderança.
Por Maister F. da Silva Militante do Movimento dos Pequenos Agricultores
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