27 de outubro de 2016
Liderança do MST participou de plenária estadual do MPA no RS, identificando a natureza burguesa do golpe e apontando o caminho para a reação por parte da classe trabalhadora.
O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) realizou sua plenária estadual nos dias 25 e 26 de outubro, no centro de formação São Francisco de Assis, em Santa Cruz do Sul (RS). Na primeira atividade, para debater a atual conjuntura social, política e econômica, as lideranças camponesas acolheram João Pedro Stédile, liderança vinculada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). O auditório esteve lotado por cerca de 250 camponeses que representam as 10 regionais do movimento no RS, dando início ao debate a respeito das próximas posturas e ações do MPA frente aos desafios sociais do atual cenário de instabilidade no país e as ações do governo ilegítimo de Temer. Stédile, em sua fala, apontou elementos que ajudam a montar o quebra-cabeças da luta política e a compreensão a respeito tanto do resultado do golpe, quanto dos caminhos que os movimentos sociais devem percorrer para construir o enfrentamento.
– Nós vivemos em uma sociedade onde duas classes se enfrentam permanentemente: a burguesia, que detém o poder capital, e a classe trabalhadora, a imensa maioria da sociedade que vive do seu trabalho -, relembrou, propondo até mesmo analogias com jogos esportivos, onde duas equipes enfrentam-se em busca da vitória. Três questões norteadoras foram propostas a partir da leitura da desconstrução do governo popular e o advento do governo golpista que tem se mostrado subserviente aos interesses burgueses: crise internacional do capitalismo, que vem ocorrendo desde 2008, iniciada a partir dos EUA; a crise do estado burguês, que vem seguindo uma mesma lógica de estruturação desde o século XVII, hoje chegando a um ocaso onde o estado não consegue mais regular os problemas que acontecem com a sociedade; por fim, o fato de no Brasil somar-se à crise econômica, uma crise política, uma crise social e uma crise ambiental.
Stédile destacou ainda que “hoje conseguimos identificar concretamente os objetivos por trás do governo golpista e das forças burguesas que o sustentam”, frisando: a recomposição da taxa de lucro das forças capitalistas para viabilizar a burguesia sair da crise e para isso necessariamente aumentar a exploração dos trabalhadores; promover a desmobilização da classe trabalhadora e a desconstrução de seus instrumentos históricos de enfrentamento; desejam ainda apropriar-se dos recursos financeiros do estado, especialmente dos valores antes investidos em programas sociais; privatização de estatais estratégicas e valorizadas para grupos internacionais, sob a desculpa de atrair recursos internacionais; pretendem apropriar-se de forma privada dos recursos naturais disponíveis no país, cite-se o que se pratica com a água e o petróleo como exemplo; por fim, realinhar a economia brasileira com a economia americana, distanciando as pautas progressistas que vinham sendo construídas junto a outras nações não alinhadas aos centros do capitalismo.
– O neodesenvolvimentismo foi derrotado, a estratégia da conciliação de classes empreendida pelos governos Lula e Dilma foi derrotada pela burguesia -, identificou. “Temos que pensar em uma alternativa a partir da compreensão da luta de classes, só temos um caminho a seguir a longo prazo, que é estimular a classe trabalhadora ao protagonismo da luta de massas, a mobilização de rua, na estrada, nas praças, enfim, onde o nosso número vai mostrar a nossa força”-, seguiu pontuando, deixando no ar um desafio concreto: “Temos que colocar na cabeça, sonhar dia e noite com a luta de massa e a mobilização”.
Por Marcos Corbari, jornalista e camponês – Comunicação MPA
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