6 de novembro de 2017
Frente a ofensiva conservadora que derruba direitos e fragiliza a classe trabalhadora, privilegiando o capital e a exploração decorrente de seus expedientes, é preciso colocar em marcha um novo esforço de solidariedade de classe, unindo as comunidades tradicionais, movimentos sociais urbanos e camponeses, indígenas, quilombolas, operários, coletivos culturais e de gênero, entre outras representações que tenham como ponto convergente a pertença ao campo progressista. Esse foi o mote da visita do dirigente colombiano José Murillo Tobo, lider do Congresso de Los Pueblos, que esteve no Brasil contando com o assessoramento local de dirigentes e militância do MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores).
– Estamos propondo um grande processo de irmanamento com as organizações e movimentos sociais da América Latina e do mundo, compreendendo que hoje a solidariedade entre os povos é muito mais necessária e urgente, dado que a globalização da economia e a consequente globalização da miséria se faz sentir mais e nos desafia a reagir -, reflete o dirigente colombiano. “Dentro dessa perspectiva o Congresso de Los Pueblos considera necessário o processo de intercâmbio com diferentes expressões sociais, políticas e organizativas que estejam conscientes dessa necessidade, para tocar, construir e fortalecer essa resistência e compartilhar experiências não somente de mobilização e ações reivindicativas, mas também trocar experiências de como pouco a pouco vamos construindo expressões comunitárias e sociais onde o processo organizativo popular tenha um papel importante e todos os saberes possam ser manifestos e respeitados”. -,acrescentou.
Como alternativa ao monocultivo e o seu modelo predatório frente aos recursos naturais e exploratório frente aos recursos humanos que são submetidos à exploração, José Murillo cita as iniciativas de produção conjunta, envolvendo a agricultura camponesa como mecanismo de produção e também o fomento das iniciativas que levem alimento bom e de qualidade até as mesas dos trabalhadores dos mais diversos segmentos. Implementar um modelo econômico mais humano e justo para todos, com atenção especial para a preservação da natureza.
– Aqui estão se construindo experiências muito importantes, que afirmam de que politicamente se pode resistir ao sistema de produção do agronegócio e proporcionar o implemento da produção orgânica e agroecológica, respeitando a natureza e a preservando a vida -, analisa José Murillo, com especial atenção ao aspecto político que a opção pela produção sem a utilização de agrotóxicos representa. “O campo e a cidade precisam andar de mãos dadas, o tema da soberania e da autonomia alimentar precisa ser compreendido pelos dois lados, adotado como opção política de produção pelo camponês e como opção política de alimentação pelo urbano”, refletiu. “Além de uma decisão econômica e política, é uma decisão de preservação da vida, porque ao evitar a utilização de agrotóxicos e sementes transgênicas, estamos resistindo aos mecanismos que geram degradação do meio ambiente e envenenamento do solo e das fontes de água, portanto somos chamados a fazer a opção pela preservação da vida”.
Foram duas semanas no Brasil, contando com visitas técnicas a empreendimentos camponeses destinados à produção agroecológica, bem como rodas de conversas, debates e entrevistas que visaram colocar em pauta os objetivos semelhantes entre os movimentos sociais brasileiros e as representações que compõem o Congresso de Los Pueblos na Colômbia, sempre tendo como plano de fundo a solidariedade entre os povos. As atividades iniciaram em Porto Alegre, com visitações na região metropolitana da capital gaúcha, seguiu até os experimentos agroecológicos fomentados pelo MPA na região norte do estado, passou por um debate promovido por professores e alunos da UNILA (Universidade da Integração Latino Amareicana) em Foz do Iguaçú (PR), culminando na experiência de acolhimento, solidariedade e organização social comum empreendida na ocupação Povo Sem Medo, em São Bernardo do Campo, organizada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).
– São muitas vozes que se levantam pela América Latina e mesmo no mundo afora, o que precisamos nos desafiar a fazer é construir uma unidade capaz de reunir essas vozes pelos grandes objetivos de salvar o ser humano e salvar a natureza. Trata-se de uma luta planetária que inicia individualmente em cada um, passa a se expandir localmente, dentro das organizações, nas cidades, nos estados, nos países, nos continentes, até alcançar o mundo todo como um organismo vivo e integrado que de fato é -, finalizou.
Em Foz do Iguaçu, falando a professores e alunos da UNILA, a temática do processo de paz em curso na Colômbia foi pauta predominante: “O governo continua sistematicamente a deixar de cumprir com os compromissos assumidos junto ao movimento social e não tem demonstrado vontade política de cumprir com as demandas necessárias a construção de uma paz duradoura”, acusa José Murillo. O dirigente destacou ainda a importância da aproximação entre os movimentos no âmbito latinoamericano e internacional, visando reforçar as iniciativas, intercambiar experiências e propor um enfrentamento concreto à globalização da miséria, imposta pela nova onda conservadora imperialista. A mobilização e o empoderamento dos movimentos sociais são pontos considerados decisivos para fazer avançar a pauta progressista na Colombia em particular, mas também na América Latina como um todo.
Em São Bernardo do Campo, José Murillo Tobo participou de uma experiência junto a ocupação Povo Sem Medo, que agrega mais de 8 mil famílias de trabalhadores e trabalhadoras que não possuem casa própria ou não conseguem manter as despesas de moradia decorrentes do cenário de crise social que o Brasil vem atravessando desde a acensão dos atuais gestores, que ocupam a presidência da república desde o golpe parlamentar de 2016. Com o crescimento do desemprego e o aumento do custo de vida, as populações urbanas e, em especial aquelas alocadas nas periferias e favelas, tem convivido com o retorno do fantasma da fome, mal antes erradicado nos governos de matriz popular.
Marcos Antonio Corbari – Jornalista | MPA
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