14 de agosto de 2018
Em 13 de agosto passamos uma tarde com Adolfo Pérez Esquivel e outros companheiros no sonhar. O escritor e ativista argentino tem passado com frequência no Brasil, denunciando a ruptura democrática a que fomos sujeitados neste tempo de estranho cotidiano. Mas sua voz não é lamento, ao contrário, os anos que ralearam e branquearam seus cabelos só lhe trouxeram mais vigor no ato constante de resistência. As entrelinhas dessa prosa relembram: a paz não se faz de silêncios, não se forja de omissões. Pela paz também se luta. E mais que nunca, é preciso lutar. Pelear, como gostamos de dizer ao sul do mundo. Expressões dicotômicas, contraditórias até, porém repletas de sentido. “A paz não se ganha, se constrói. E fiquemos atentos: paz sem liberdade jamais será paz”. Para Esquivel, sem liberdade se perde tudo, inclusive a capacidade amar. “Não se pode amar por decreto”.
O amor revolucionário é um tema recorrente em suas falas. Amor que transforma. Amor que incomoda. Que faz caminhar, crescer, transformar, subverter. Não nos remete ao sentido do afeto raso e egoísta que confunde e cerceia, ao contrário, nos desafia a um ato de amar de fato humanizado, coletivista, voltado ao próximo. “Quando fizermos isso seremos capazes de transformar o mundo”. E repete: mudar o mundo é uma urgência, para que possamos preservar para além da humanidade, nossa humanidade. Aprender sempre é um conselho que deixa. A observação é necessária para que se compreenda o tempo, a história e as pessoas. Mas a passividade frente aos ciclos da história não são uma concessão nem uma opção. O protagonismo dos povos deve ser provocado frente o fundamentalismo alienante dos mercados. “A historia é o povo que escreve, não os historiadores”.
Semblante sereno, aguarda um instante e invés de responder, pergunta: “O que deixaremos aos nossos filhos e aos filhos dos nossos filhos?” Segundos de silêncio perturbador aguardam a resposta cheia de simplicidade e sabedoria: “Hoje semeamos o que eles vão colher, o que nossos filhos e os filhos dos nossos filhos vão colher…” Esquivel tem razão em sua reflexão: Se semearmos ódio, eles vão colher a vingança; se semearmos amor, eles vão colher esperança e paz.
Mas antes de semear, é preciso arar a terra. E no campo das representações sígnicas, este ato de arar remete a ideia de luta. E sim, pela paz também se luta. Gracias, Esquivel, pela generosidade de suas palavras, pelo incômodo de suas perguntas e pelo desafio de suas respostas. Adelante!
Marcos Corbari | Adilvane Spezia*
Jornalistas, integrantes do coletivo de comunicação
do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |