15 de setembro de 2017
A chef de cozinha natural Bela Gil é famosa por utilizar ingredientes 100% brasileiros em seus preparos e, muitas vezes, produzir o que consome, como a polêmica pasta de dente de cúrcuma e o blush de urucum. Muito além disso, Bela acredita que a agroecologia pode ajudar a acabar com a fome no mundo. “O problema da fala de comida está no sistema de produção e distribuição, que são falhos. O problema da fome não é técnico, é político”, disse a apresentadora de TV e blogueira com 1,1 milhão de seguidores no Instagram que, junto com a chef Bel Coelho, a nutricionista Neide Rigo e a nutróloga Clara Brandão expuseram suas ideias hoje (14) na mesa “Agroecologia, Saúde e Alimentação”, parte da programação do Congresso de Agroecologia 2017.
Bela Gil falou sobre o que significa ter uma alimentação saudável para uma plateia cuja maioria das pessoas, como ela, condena o uso de agrotóxicos e transgênicos. “É o que faz bem para o nosso corpo físico, mental e espiritual e respeita a natureza, o meio ambiente e valoriza o trabalho daqueles que colocam a comida no nosso prato”, definiu Bela, que também entende a alimentação como ato político, desde que se tenha a opção de escolher o que comer.
É muito parecido o que pensa a chef de cozinha Bel Coelho, dona dos premiados restaurantes Dui (fechado em 2013) e Clandestino, ambos expoentes da cozinha criativa brasileira. “Gosto de buscar a origem dos produtos que sirvo, quem são as pessoas por trás dos alimentos”, afirma. Bel disse que a sua luta tem sido incentivar as pessoas a consumirem coisas nativas e a diversificarem a dieta. Ela lembrou que 75% do que comemos vem da agricultura familiar.
“A solução está no campo. Não é tão difícil, basta ter vontade política que ela pode acontecer. Transformar o agricultor familiar no mais próximo possível da produção orgânica é mais fácil do que convencer os grandes monocultores, que não nos dão alimento, mas ração”, afirmou Bel Coelho. “Quero lutar para que o Brasil não seja só um país de commodities. Temos que começar a beneficiar os nossos produtos, vender não só o café e o cacau, mas o chocolate com uma característica brasileira, tropical”, afirmou.
Para a nutróloga Clara Brandão, criadora da famosa multimistura (uma farinha composta por farelo de arroz, pó de folhas verdes, sementes e casca de ovo, responsável pela recuperação nutricional de inúmeras crianças em todas as regiões do País) a má alimentação pode afetar o cérebro tanto quanto as drogas. “O maior problema não é a falta de alimento, é a falta de qualidade, a chamada fome oculta”, afirmou a médica.
Dra. Clara citou algumas das principais deficiências nutricionais dos brasileiros, como a de vitaminas do complexo B e cálcio, e falou dos benefícios da multimistura na complementação alimentar. A nutróloga também relacionou a violência à má alimentação, capaz de, segundo ela, causar mudanças no comportamento e no aprendizado. “Não adianta colocar polícia na rua, temos é que melhorar a alimentação do planeta (…) a alimentação saudável preserva o patrimônio genético”, disse.
Autora do blog Come-se e colunista do caderno O Paladar do Estadão, a nutricionista Neide Rigo iniciou a sua fala afirmando que há muitos remédios escondidos nas plantas, mas muitas pessoas ainda preferem ir até a farmácia atrás das drogas. Nascida na periferia de São Paulo, Rigo disse que sempre carregou consigo o ser rural e agrícola que ela acredita que todos são. “Eu acredito que a gente nasce sabendo plantar e cozinhar. Mas tudo isso é tolhido desde a infância”.
Contrária à indústria alimentícia, ela encontrou no blog “Come-se” uma maneira de retomar o que fazia desde criança que é descobrir tudo o que existe para se comer. “O blog serve para mostrar um pouquinho o que existe no Brasil, o que as pessoas comem, resgatar um pouco da cultura alimentar e ao mesmo tempo mostrar o que a gente tem de comer por perto”, disse.
Neide Rigo lembrou que 90% do que se come hoje vem apenas de 20 espécies alimentícias, ao passo que existem pelo menos 12.500 espécies catalogadas e estima-se que 30 mil estejam esquecidas, entre espécies nativas e exóticas. “Há várias plantas sendo negligenciadas e cortadas da alimentação. Por isso eu acho muito válido a gente ter conhecimento de outras culturas quando se trata de fazer um melhor aproveitamento do que já está aqui no Brasil”, afirmou.
O Congresso de Agroecologia 2017 é promovido pela Sociedade Científica Latino-Americana de Agroecologia (SOCLA) e Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e organizado em Brasília por uma comissão formada por representantes da Embrapa, Universidade de Brasília, EmaterDF, Secretarias de Estado do GDF (Seagri e Sedestmidh), IBRAM e ISPN. Conta com o apoio de vários ministérios, organizações e movimentos sociais. O evento é patrocinado pelo BNDES, Itaipu Binacional e Fundação Banco do Brasil. Acompanhe as novidades em www.agroecologia2017.com e nos perfis do Facebook e Instagram.
Por Irene Santana – Embrapa
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