28 de julho de 2021
Mariana Franco Ramos | De Olho Nos Ruralistas
A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), órgão ligado à Presidência da República, usou nesta quarta-feira (28) a foto de um homem com uma espingarda para comemorar o Dia do Agricultor. O banco de imagens onde ela é vendida, por valores que variam de 19,99 a 199,99 dólares, a descreve com as tags “caça”, “arma” e “só para adultos”.
A postagem foi publicada na conta do Twitter da Secom, acompanhada dos dizeres: “Hoje homenageamos os agricultores brasileiros, trabalhadores que não pararam durante a crise da Covid-19 e garantiram a comida na mesa de milhões de pessoas no Brasil e ao redor do mundo”.
O governo federal também afirma que conseguiu “reduzir a invasão de terras”, numa referência a programas como o Titula Brasil, que legaliza a grilagem, e ainda celebra o fato de Jair Bolsonaro ter estendido a posse de armas dos fazendeiros a toda a sua propriedade.
“Graças ao trabalho desses homens do campo, nosso país é uma das potências mundiais com segurança alimentar”, escreve a Secom. “E a previsão é de que a produção do agro brasileiro continue crescendo”.
Os dados da Secom não correspondem à realidade. O último relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), publicado em 31 de maio, aponta um recorde de conflitos no campo em 2020, com 2.054 casos registrados. O que Bolsonaro fez foi consolidar a Amazônia Legal, formada pelos estados da região Norte, Mato Grosso e a maior parte do Maranhão, como o principal foco de violência no campo brasileiro, com 77% dos casos. Leia mais em reportagem de Leonardo Fuhrmann.
Em um mês, quatro trabalhadores rurais foram assassinados no Maranhão. Segundo nota da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado (Fetaema), José Francisco de Sousa Araújo, morto a tiro por dois homens no povoado Volta da Palmeira, a 290 quilômetros de São Luís, no dia 11, era conhecedor dos conflitos agrários na comunidade Vergel, localizada em Codó, e já tinha perdido quatro familiares.
De acordo com o inquérito mais recente da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Pennsan), divulgado em abril, dos 211,7 milhões de brasileiros, 116,8 milhões convivem com algum grau de Insegurança Alimentar (IA). Destes, 43,4 milhões não têm alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões enfrentam a fome.
A Insegurança Alimentar grave dobra nas áreas rurais do país, especialmente quando não há disponibilidade adequada de água para produção de alimentos (de 21,1% para 44,2%) e para o consumo dos animais (de 24% para 42%).
Segundo o agrônomo José Graziano da Silva, ex-diretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e diretor do Instituto Fome Zero, o crescimento da fome, sobretudo no campo, não se deve à falta de comida, e sim à pujança do agronegócio. Essa mesma que Bolsonaro defende. Com armas.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |