27 de julho de 2016
A dissertação de mestrado “Plantando Semente Crioula, Colhendo Agroecologia: Agrobiodiversidade e Campesinato no Alto Sertão Sergipano”, já está disponível para pesquisa e estudo. A obra é fruto da dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), desenvolvida pelo amigo do movimento, Lucas Oliveira do Amorim, sob a orientação do professor e pesquisador, Gilberto Gonçalves Rodrigues.
“Conheci a Via Campesina e o MPA durante a construção de espaços de luta e formação proporcionados pela militância no movimento estudantil que me aproximei do MPA de Sergipe”, destaca Lucas Oliveira do Amorim que foi militante da Associação Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF).
O Estudo foi realizado no Alto Sertão Sergipano e a aprovação se deu ainda em março deste ano, 2016, porém a disponibilização ao público foi oficializada pela biblioteca da UFPE, segundo o autor.
“O principal motivo que me levou a escrever minha dissertação sobre a luta do MPA em defesa das sementes crioulas, é fato de acreditar que a ciência não é neutra, e, portanto, devemos ocupar a academia e as instruções de pesquisa para construir uma ciência a serviço da classe trabalhadora e em especial a serviço do Campesinato”, afirma Lucas. Outra razão destaca ele, “é por acreditar que esse conhecimento gerado na academia é importante para acumular forças na construção de um novo modelo de desenvolvimento para o campo baseado nos princípios do Plano Camponês”.
O estudo foi estruturada em 3 grandes tópicos. O 1º denominado Agrobiodiversidade e História da Agricultura: o que plantamos, o que colhemos? Que é desenvolvido em 4 subtítulos. O 2ª tópico o autor discorre sobre Sistemas Camponeses de Produção: desafios e potencialidades para construção da Agroecologia. Que também é desenvolvido em mais 4 subtítulos. Já o 3º tópico Lucas volta-se em espacial para Movimento dos Pequenos Agricultores e a Luta em Defesa das Sementes Crioulas no Alto Sertão Sergipano. Onde é desenvolvido pelo autor mais 5 subtítulos debatendo sobre o Plano Camponês: a contribuição do campesinato para a transformação da sociedade. O Plano Nacional de sementes crioulas: rumo à Soberania Genética. O Encontro de Guardiões de Sementes Crioulas: trabalho de base e diálogo de saberes no fortalecimento das sementes crioulas, os bancos de sementes familiares no alto sertão sergipano e agroecologia, e por fim, o Levantamento de Sementes Crioulas de Milho e Feijões e Práticas Tradicionais.
O ponto de partida do estudo segundo Lucas é a hipótese de que os agricultores camponeses do Alto Sertão Sergipano, que utilizam as sementes crioulas, contribuem para a construção da agroecologia, uma vez, que o uso destas variedades, remete a um conjunto de práticas agrícolas tradicionais e relações sociais que contradizem ao modelo imposto pelo agronegócio.
A orientação metodológica se deu a partir da perspectiva dialética, por permitir que à agroecologia transforme o objeto de pesquisa em sujeito da mesma, reconhecendo o saber popular como válido e base para a construção de um conhecimento novo e transformado. É aí que entre a participação direta dos camponeses e camponesas do MPA.
Como resultado, Lucas observou que os camponeses possuem um grande acervo genético, composto por 18 variedades de feijão de arranque, 16 de milho, 15 de fava, 8 de feijão de corda e andu. Estas sementes são armazenadas, nos Bancos de Sementes Familiares, em toneis, silos de zinco, garrafas PET, entre outros recipientes. Assim como, constatou que a de variedades de sementes dos camponeses que usam das práticas convencionais, foi inferior aqueles que mantem as práticas tradicionais. Indicando que a modernização da agricultura no Alto Sertão e a conformação da bacia leiteira, interferiram negativamente da manutenção da diversidade genética deste território.
Em seu estudo, o pesquisador ainda conclui que o uso das variedades crioulas, potencializam a agricultura tradicional camponesa neste território, que por sua vez traz uma enorme contribuição para a construção do conhecimento agroecológico. Que a manutenção destas práticas, também está diretamente relacionada com a conservação da Agrobiodiversidade, encontrando assim, uma relação dialética entre a agricultura camponesa e o uso das sementes crioulas.
Por Comunicação MPA
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