6 de outubro de 2016
Passada a ressaca eleitoral, circulam muitas avaliações, analises e comentários. Cada quem tem todo o direito, de a partir de sua posição de classe ou interesses ideológicos tirar as conclusões que melhor lhe aprouver, para os objetivos que defende.
Vi diversas analises comentando a derrota da esquerda, a derrota do petismo, o fim de um ciclo, a vitoria dos tucanos, etc .e tal.
Me atrevo também a citar reflexões pontuais :
a) Foi a campanha e eleição mais despolitizada de todos os tempos, apesar da sociedade viver uma de suas piores crises , econômica, política, social e ambiental. Mas ninguém debateu isso. Como se as cidades estivessem em outro planeta. Na despolitização de propostas, prevaleceu o dinheiro ou o carisma pessoal.
b) As campanhas se resumiram a interesses pessoais e de grupos locais. Por isso proliferaram vitorias das pequenas e desconhecidas siglas, que nem partidos são.
c) A mídia burguesa foi vencedora, pois conseguiu iludir os trabalhadores e os mais pobres, de um ceticismo político e de um anti-petismo doentio, jamais visto. Só comparado com os tempos da guerra fria e do Macartismo nos Estados Unidos.
d) O poder judiciário e a autopropagada “Republica de Curitiba” fez seu papel de boca de urna conservadora, reacionária, discricionários, prepotentes cometendo todo tipo de atropelos ilegais. Nenhuma palavra sobre os processos contra Aécio, tucanos, PP e PMDB tão ou mais envolvidos na operação lava-jato do que o PT.
e) O nível de abstenção absurdo, que chegou em média a 25% e que somados com brancos e nulos, nas grandes cidades superou a todos votos recebidos pelos vencedores, revelam que há uma maioria da população insatisfeita com tudo.
f) A mídia burguesa focou suas analises apenas na vitoria da direita em São Paulo, para projetar já o candidato Alckmin a presidência da Republica. Sem citar as contradições que isso vai gerar dentro do próprio tucanato. E nenhuma palavra sobre as derrotas do PMDB e do Sr. Jose Serra.
g) Os resultados das capitais, deu de tudo. Não se pode concluir com uma tendência ou posição hegemônica. De nenhum partido. E espera-se que a esquerda ainda ganhe em Aracaju, Recife, Belém e Rio de janeiro.
Mas as campanhas eleitorais despolitizadas com alguns vencedores sem nenhuma representatividade social, se transformam sempre em efêmeras, e logo logo as contradições e as insatisfações da população aflorarão. Porque esses métodos de manipulação da mídia burguesa para seus candidatos, tolhem a ampliação da democracia e a participação popular.
Todo esse processo fajuta e nojento, evidenciou mais do que nunca de que a sociedade brasileira precisa mesmo de uma REFORMA POLITICA. Uma reforma verdadeira, que recoloque a necessidade de partidos com programas, ideologias, para a sociedade. Que devolva ao povo o direito da participação e decisão real sobre os bens públicos. Sobre o estado, sobre os governos. Que dê ao povo o direito convocar plebiscitos sobre todos os temas de interesse popular, inclusive a revogação de mandatos de todos cargos que não cumprem o programa prometido.
Há diversas propostas de reforma política interessantes apresentadas por entidades nacionais, que dormem nas gavetas do congresso, por desinteresse de sua maioria conservadora e corrupta. Por isso, a maioria dos movimentos populares defendemos a necessidade de convocação de uma assembléia constituinte exclusiva, para fazermos uma reforma política de fato, que garanta democracia participativa e o respeito a vontade do povo.
Que se iludam os vencedores, enquanto o povo não tiver poder real, a crise política e a farsa prevalecerão. E o povo buscará certamente, outros canais de mobilização e expressão de sua vontade política.
Por João Pedro Stédile – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
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