13 de dezembro de 2022
Camila Souza Ramos
Valor Econômico | São Paulo
Os produtores rurais que decidem manter a vegetação nativa em pé em suas propriedades conseguem evitar quase duas vezes mais emissão de carbono do que com a restauração florestal, no caso do bioma Amazônia. No Cerrado, preservar a vegetação nativa poupa 43% mais carbono do que a restauração da vegetação, segundo cálculos da The Nature Conservancy (TNC).
A ONG elaborou estudo comparando os efeitos em mitigação de emissões entre práticas conservacionistas, de restauração e de manejo agropecuário – conhecidas como soluções climáticas naturais (NCS, na sigla em inglês) nos mercados de carbono. Os cálculos foram feitos considerando as oportunidades que os produtores podem ter no mercado de carbono com diferentes ações em suas fazendas.
Nas propriedades rurais amazônicas, evitar o corte de floresta poupa a emissão de 496,59 de toneladas de carbono equivalente por hectare em um ciclo de dez anos. Já a restauração florestal resulta em uma mitigação de emissões de 256 de toneladas de carbono equivalente por hectare em dez anos.
A restauração de uma área desmatada, por sua vez, é duas vezes mais eficiente do que transformá-la em uma área de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que poupa 108,5 toneladas de carbono por hectare em dez anos. A ILPF, por sua vez, é quatro vezes mais eficiente do que o manejo que exclui o componente florestal (ILP), que poupa 25 toneladas de carbono por hectare. Já o mero manejo de pastagem na Amazônia poupa 0,68 tonelada de carbono por hectare.
A lógica se assemelha no Cerrado. Nesse bioma, as propriedades que evitam o corte de vegetação poupam 185,17 toneladas de carbono equivalente por hectare em dez anos, 43% mais do que as que apostam em restauração (129,5 toneladas de carbono). Por sua vez, os manejos de ILPF e ILP também poupam menos carbono do que as práticas de restauração. Porém, a ILP sozinha consegue poupar seis vezes mais carbono do que a adoção de melhores práticas no cultivo de soja no Cerrado, como práticas regenerativas, que poupam 3,82 toneladas de carbono por hectare em dez anos.
Os cálculos reforçam a indicação de que evitar o desmatamento dentro e fora de propriedades é a melhor forma de redução das emissões em grande escala. No caso do desmatamento evitado fora de propriedades privadas, a monetização do carbono que não foi emitido pode ser feita por meio de programas jurisdicionais ou nacionais.
Dentro das propriedades, essa monetização pode ocorrer através de um projeto de REDD+, caso o compromisso de preservação seja permanente. Mas, se a área for muito pequena, a TNC recomenda que os produtores se juntem em projetos agrupados para viabilizar o desenvolvimento e a verificação de emissões. Segundo a TNC, os desafios desta opção é o investimento inicial para certificar o carbono sob um padrão confiável e para garantir um compromisso de 30 anos – prazo comum nos mercados voluntários de carbono.
A restauração, por sua vez, tem a dificuldade de ser custosa para implementar em larga escala, mas tem alta viabilidade técnica e é bem aceita no mercado de carbono, segundo a TNC. Mas, como muitos produtores terão que fazer restauração em suas propriedades para se adequar ao Código Florestal, a organização recomenda que a restauração seja integrada a outros programas, como de estímulo à expansão da agricultura em pastagens e de intensificação da pecuária.
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