11 de fevereiro de 2022

A implementação de Sistemas Agrícolas Resilientes e de Canteiros da Agro biodiversidade por meio do projeto tem feito a diferença no sertão baiano

Voz Camponesa

O Projeto Sementes Crioulas foi construído coletivamente pela Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa da Bahia (CPC-BA), em parceria com o governo do Estado da Bahia, a partir das ações do Pró-Semiárido com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), pelo Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A área de abrangência de atuação da CPC na Bahia está nas microrregiões de Senhor do Bonfim e Jacobina, assim, 13 municípios recebem apoio do Projeto Sementes Crioulas. Dentre as ações que vem sendo executadas estão as implantações de Sistemas Agrícola Resiliente – SAR e também Canteiros da Agro biodiversidade.

De acordo Jeferson Marques, engenheiro agrônomo e coordenador técnico do projeto pela CPC, vem sendo executado no momento implantações que visam a multiplicação das sementes crioulas adaptadas nas comunidades de territórios rurais. O coordenador ressalta que todas as ações são previamente planejadas junto com a equipe técnica de campo do projeto, que é composta por dois técnicos e uma técnica em agropecuária. Depois do planejamento há a ida a campo para discussão e fechamento do plano junto as famílias.

Marques explica que são dois tipos de implantações diferentes, mas, que ambas objetivam a multiplicação das sementes crioulas e adaptadas. Sendo eles os Canteiros da Agrobiodiversidade e os Sistemas agrícola Resiliente (SAR). No caso dos Canteiros estão projetadas a construção de 24 unidades de preservação de sementes. Para a que haja fonte hídrica serão construídas cisternas de produção, barreiros e, se possível, serão construídas com a tecnologia do Bioágua. Esta tecnologia possibilita fazer o tratamento da água para reuso agrícola, a partir das águas provenientes das pias, chuveiro e da lavagem de roupas (águas cinzas), todos canteiros possuirão sistema de irrigação.

Já o Sistema agrícola Resiliente (SAR), se faz em uma área de maior dimensão, sendo cerca de aproximadamente 0,5 hectare. Ali serão cultivadas plantas que possuem diferentes finalidades sob o uso da irrigação, assim, se propõe trabalhar nessas áreas com plantas para fins alimentícios, forrageiras e para adubação verde. Serão ao todo cinco SAR´s, dois já estão implantados e três em processo de implantação. Destes, quatro terão a fonte hídrica a partir de poço artesiano e outro via água de barragem.

Para Marques ações como estas “são essenciais num momento em que os camponeses vêm sendo ameaçados pelo avanço das sementes transgênicas de forma desordenada, estratégias de intervenções práticas e ágeis são fundamentais para manutenção desse patrimônio que são as sementes crioulas, realizando resgate, multiplicação e conservando esses genes que durante muitas décadas vem possibilitando segurança alimentar para os camponeses e camponesas”.