6 de novembro de 2024

Políticas, programas e projetos que fortaleçam as mulheres têm sido pauta permanente nas organizações sociais, entendendo a necessidade de construir possibilidades que viabilize a vida e o trabalho das mulheres é um desafio.

Quando fazemos recorte para as mulheres rurais e quilombolas esse desafio é ainda maior pelas questões burocráticas que parece por um muro frente as especificidades dessas mulheres, pois as mesmas precisam atender critérios que as políticas, programas e editais de projetos estabelecem.

Apesar de tudo isso, temos tido um crescente acesso, possibilitando em vários territórios o fortalecimento das mulheres, seja no campo produtivo/comercialização, cultural e econômico e de auto-organização. Ainda é importante entender que a assistência técnica adequada, diante das questões de gênero, racial e ambiental, é também outra necessidade urgente, pois garante que as mulheres possam ter visibilidade e viabilidade em seus territórios.

Nesse sentido de reconhecer a necessidade de as mulheres acessarem políticas, programas e projetos, as mulheres da comunidade Quilombola Potes, situada no município de São João da Varjota no Piauí, foram contempladas com o Projeto de Empoderamento Socioeconômico Mulheres Negras do Banco do Brasil, que inclui a reforma dos prédios da associação, infraestrutura, processos produtivos, culturais, bem como apoio técnico à comunidade.

Na conversa com as mulheres do Quilombo Potes, Noelma Quilombola e Liria Aquino apontaram a importância desse projeto que irá impactar a vida das mulheres.

Para Noelma Quilombola, que é liderança comunitária, a iniciativa de concorrer ao projeto mulheres negras deu-se a partir da necessidade de envolver mais mulheres na associação nos trabalhos coletivos, afim de dar empoderamento a cada uma, pois o objetivo do projeto é justamente empoderar, auxiliar, renovar a vida de cada mulher beneficiária a partir de projetos sociais e educativos para o desenvolvimento e aprendizado.

Liria ressalta o poder de potencializar as atividades desenvolvidas pelas mulheres da comunidade Quilombola de Potes, de reorganizar a infraestrutura de comunicação, como a rádio comunitária, a lojinha, um espaço de comercialização, assim como também o espaço de fabricação do artesanato em argila etc.

Noelma destaca também que o projeto vai impactar de forma positiva a vida das mulheres negras e afrodescendentes do Quilombo Potes, pois ele toca diretamente na vida financeira, econômica, social e, principalmente, na geração de trabalho, emprego e renda, pois com esta iniciativa cada mulher receberá orientações e participarão de outras experiências que irão contribuir para o desenvolvimento sustentável e econômica da comunidade envolvendo outras mulheres que não tem a oportunidade de se ingressar nas atividades coletivas.

A comunidade Quilombola Potes faz parte da base do Movimento dos Pequenos Agricultores no Piauí e tem sido importante no debate da produção de alimentos, valorizando a construção do poder popular dos territórios.

Liria Aquino, que é dirigente estadual do MPA no Piauí, está no coletivo de Soberania Alimentar e tem atuado no movimento quilombola do MPA e se dedicado ao trabalho com as sementes crioulas.

Segundo Liria, o Projeto de Empoderamento Socioeconômico Mulheres Negras do Banco do Brasil, que trabalhará diretamente com 50 mulheres, durante 17 meses de execução, vai ser muito importante para a construção da soberania alimentar e também para o abastecimento popular, entendendo que as mulheres são essenciais nessa construção.