27 de fevereiro de 2024
Rogério Almeida
FURO | Amazônia
O livro A Destruição da Amazônia pela besta fera do capital e outros cordéis, do dirigente sindical e ambientalista Francisco Valter Pinheiro Gomes, o Ceará do Pará, será lançado no dia 01 de março no Hall Central do Prédio da Reitoria, Unidade/Campus 3, da Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará), em Marabá, no dia 01 de março, a partir das 9h.
Já em Santarém, o evento ocorrerá na noite do dia 07, no espaço cultural Quintal Sapucaia, localizado na Av. São Sebastião, nº 1233 (entre 7 de Setembro e Morais Sarmento), a partir das 19h. O livro fará parte de evento coletivo denominado de Puxirum de Ideias, que contará com lançamentos de obras de professores(as) da UFOPA.
Para a impressão da obra, o projeto contou com o apoio da Cese (Coordenadoria Ecumênica de Serviço) e a Cafod, uma agência internacional de desenvolvimento ligada à Igreja Católica.
O livro resulta do projeto de extensão da UFOPA, Luta pela terra na Amazônia, coordenador pelo Rogerio Almeida, do curso de Gestão Pública, e a contribuição das extensionistas Glenda Flávia Guimarães Cunha, Luana Vitória de Sousa Brito, Bianca Emanuelle Bezerra da Silva e Yasmin de Souza Corrêa.
No percurso do projeto, as discentes além de entrevista com o escritor, realizaram a leitura de artigos e debates sobre a questão da terra na Amazônia , o que teve como produto dois artigos a partir dos livretos de cordel, onde as autoras relacionam as conjunturas realçadas nos livretos, os sujeitos envolvidos nos processos e as políticas públicas.
Ambos os trabalhos foram selecionados para a apresentação no Encontro Nacional da Rede Alcar (Associação Brasileira de Pesquisadores da História da Mídia), ocorrido em Niterói, no mês de agosto de 2023. Todavia, o elevado preço das passagens aéreas, além de outros custos inviabilizaram a participação de um autor no evento. Além dos artigos, Glenda Flávia realizou o trabalho de conclusão sobre a obra do cordelista, a ser apresentado em março.
Para a produção do livro, o projeto estabeleceu diálogo com o escritor, educadores da Faculdade de Educação do Campo da Unifesspa, em particular com o professor Haroldo de Souza, com o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Marabá.
Na jornada os professores e pesquisadores Airton Pereira (Uepa) e Fabíola Pinheiro doutorando da Unir (Universidade Federal Rondônia) colaboraram em debates sobre as disputas territoriais no sudeste paraense e sobre escrita científica. O artista Rildo Brasil de Marabá assina a capa e outras ilustrações do livro, assim como Thulla Christina.
A obra reúne quatro livretos de cordel produzidos pelo escritor desde os anos iniciais da década de 2000. No conjunto da obra, Ceará registra as formas de existência dos seus iguais, a exemplo do cordel que recupera a ação direta dos camponeses no início da década de 2000. Os grandes acampamentos de Marabá, como a ação ficou reconhecida, aglutinava perto de 20 mil pessoas na frente da sede do INCRA. O ato demonstra a enorme capacidade de organização do conjunto dos movimentos sociais ligados à luta pela terra, em plena conjuntura do avanço de políticas neoliberais.
As políticas públicas desenvolvimentistas impostas para a Amazônia também inquietam o cordelista. Nele, Ceará alumeia os sujeitos das pelejas das disputas pela terra, trata das violências, dos crimes contra os camponeses e camponesas e responsabiliza o Estado autoritário pelo avanço do capital sobre a fronteira.
Para além da pecuária, em outra obra, o migrante e sindicalista trata do poder da mineradora Vale, na região sudeste do estado, onde Ceará reside e resiste. Por conta da hipertrofia do poder da mineradora, ela é considerada uma empresa maior que o estado do Pará. A mineradora expropria, proíbe acesso à terra, à floresta e ao rio. Vigia e processa os que ousam denunciar os seus abusos.
Ceará já foi cabra marcado para morrer, como conta em sua entrevista. Atualmente, é estudante do curso de Educação do Campo, da Universidade Unifesspa, Campus de Marabá. Segue a teimar contra os muros altos.
O presente livro encontra-se assim organizado: prefácio, apresentação, os dois artigos produzidos no projeto de extensão, uma entrevista com o autor e os respectivos cordéis. Como alerta o samba enredo da Mangueira de 2019, que exalta os sujeitos historicamente colocados em condições de subalternização: “É na luta que a gente se encontra!”.
Os cordéis de Ceará do Pará são uma lição, que a alerta a todos que a mão que lavra a terra, afronta as cercas do latifúndio e de terras griladas, também se indispõe com as palavras, antes, monopólio de poucos.
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