30 de maio de 2022

O projeto visa promover Saúde, Agreocologia e Soberania Alimentar e é protagonizado pelo MSTB, MPA e Teia dos Povos

Comunicação Farmácia Viva Popular

No último domingo, 29 de maio, a mata do território Quilombo do Urubu recebeu cerca de 150 pessoas que participaram da trilha ecológica para reconhecimento das ervas e plantas presentes nesta que é considerada a maior área de Mata Atlântica preservada em Salvador. O objetivo da trilha foi de iniciar o processo de construção de uma Farmácia Viva Popular. O Quilombo do Urubu ficou muito conhecido devido a liderança da negra Zeferina, personagem importante na resistência quilombola na Bahia e no Brasil.

“É muito bom vocês estarem aqui hoje, porque vocês acreditam que há possibilidade de mudança, porque para além desta trilha que nós vamos fazer hoje também podem se somar em nossos mutirões para a construção da farmácia viva, que além de ajudar com a qualidade de vida, do nosso bem-viver, com a saúde, também ajudará a proteger nossa mata, que é uma mata sagrada”, apresentou Rita de Cássia, dirigente do MSTB.

O Projeto Farmácia Viva Popular: Saúde, Agreocologia e Soberania Alimentar nasceu da atuação do Movimento Sem Teto da Bahia (MSTB) em defesa da Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual Bacia do Cobre/São Bartolomeu e da promoção da agroecologia nas comunidades Quilombo Paraíso e Quilombo Manuel Faustino, nas proximidades do Hospital do Subúrbio, no bairro Periperi, em Salvador, Bahia.

Durante a primeira Pré-Jornada de Agroecologia da região Metropolitana de Salvador, entre os dias 24 e 26 de maio de 2019, se fortaleceu a parceria entre o MSTB, a Teia dos Povos e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) para a recuperação de área desmatada e a implementação de um Espaço Referência em Saúde Popular e Agroecologia na APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu, iniciando com a implementação de uma Farmácia Viva.

O projeto tem como objetivo implementar modelos de produção de espécies medicinais, fazer o beneficiamento das espécies medicinais e a comercialização de produção agroecológica para a restauração e preservação agroecológica participativa de área degradada da APA Estadual Bacia do Cobre/São Bartolomeu.

O MPA nesta parceria terá o papel de auxiliar tanto na promoção e formação sobre as práticas agroecológicas, quanto na troca de saberes sobre o plantio, manejo e uso das ervas medicinais. Tais processos formativos podem ser efetivados em intercâmbios populares, oficinas e rodas de conversa que envolvam camponeses, camponesas ligadas ao MPA e pessoas das áreas beneficiadas pela implementação das Farmácias Vivas.

“A importância de um projeto como esse, da caminhada no meio da mata, da identificação dos moradores do entorno, com a proteção da floresta é enorme, nós sabemos que os movimentos populares, os movimentos de luta pela terra, de luta por moradia ao se apoderarem, se apropriarem da convergência que eles tem com a proteção do meio ambiente, com a conservação da vida em toda sua diversidade eles imprimem uma possibilidade de sermos bem sucedidos na luta que é de toda humanidade, que é a sobrevivência”, apontou o professor Marcos Sorrentino.

Há também previsto no projeto a construção da Farmácia Viva Popular em um território no interior da Bahia, no assentamento Terra Vista, localizado no município de Arataca. O objetivo neste território é promover o cultivo de ervas medicinais em sistema agroflorestal, produzir medicamentos naturais a partir do beneficiamento destas plantas em laboratório próprio, além de estimular o uso de medicamentos naturais e valorizar a medicina popular.