3 de abril de 2024
Uma bolsa de cereais do BRICS uniria os maiores compradores e exportadores de cereais do mundo. Em 2023, os países membros do bloco (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) representavam cerca de 42% da produção mundial e 40% do consumo de cereais, segundo o Ministério da Agricultura russo.
A medida reforçará a influência de Moscou como principal fornecedor de cereais, melhorará a segurança alimentar do bloco e atingirá os exportadores ocidentais, dos Estados Unidos à Austrália, diz o jornal.
O presidente russo, Vladimir Putin, apoiou esta iniciativa para competir com o sistema de preços dos cereais dominado pelo Ocidente e desafiar o dólar americano como principal moeda global, destaca a mídia.
Em 2024, depois de incluir Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e o Irã, a associação aumentaria a produção de cereais para 1,24 bilhão de toneladas e o consumo para 1,23 bilhão.
“Para os membros do BRICS, este tipo de troca de cereais poderia reduzir a incerteza e ajudar a garantir um fluxo constante de mercadorias, apesar das perturbações nas cadeias de abastecimento globais e dos problemas crescentes de escassez de alimentos”, acrescenta.
Ao mesmo tempo, como os países do grupo são ricos em recursos naturais, as trocas de cereais entre eles poderiam abrir caminho a um maior comércio interregional e até ao surgimento de uma “bolsa de mercadorias BRICS” mais ampla, prevê a mídia.
Quanto aos exportadores ocidentais de cereais e fertilizantes, a bolsa de cereais do BRICS poderá levar a um “aumento da concorrência na diplomacia agrícola” e a tentativas de encontrar mercados alternativos para os seus produtos.
Os exportadores, representados pelos Estados Unidos, Canadá e Austrália, poderão enfrentar “tanto dificuldades em manter a sua quota de mercado e negociar condições comerciais favoráveis como a concorrência dos cereais russos mais baratos”, detalha o artigo.
Apesar das restrições ocidentais ao setor agrícola russo, a Rússia continua a ser um importante ator na agricultura, com quase um quarto do mercado mundial de cereais. Em 2023, o país exportou produtos agrícolas no valor de pelo menos US$ 43,5 bilhões (R$ 218 bilhões) e, em 2024, planeja vender até 65 milhões de toneladas de cereais.
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