9 de junho de 2016
Percentual de “não sei opinar” (30,5%) é maior do que avaliação positiva (28%) ou negativa (30,2%) sobre Temer. Para Cândido Grzybowski, do Ibase, levantamentos refletem peso da mídia na opinião do momento.Em pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT)/MDA divulgada hoje (8), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera as intenções de voto espontâneo para a Presidência da República, com 8,6%. A seguir, aparecem Aécio Neves (5,7%), seguido por Marina Silva (3,8%) e pela presidenta Dilma Rousseff (2,3%). O presidente interino, Michel Temer, está empatado com Jair Bolsonaro, ambos com 2,1%. Ciro Gomes aparece com 1,2%. O tucano Geraldo Alckmin tem apenas 0,6%, assim como o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa. E José Serra se aproxima do “traço”, com 0,3%.
Apesar da liderança no voto espontâneo, chama a atenção que 71,4% dos entrevistados consideram que o ex-presidente Lula é culpado pela corrupção investigada pela Operação Lava Jato (66,9% dizem pensar a mesma coisa sobre Dilma).
Segundo o diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Cândido Grzybowski, as pesquisas mostram a opinião dominante da sociedade, que é enormemente influenciada pela mídia, sobretudo no Brasil, onde é oligopolizada. De acordo com ele, a Universidade de Otawa, no Canadá, realizou um estudo pelo qual aplicou um questionário a algumas pessoas. Depois, as mesmas pessoas foram levadas a um debate sobre o tema pesquisado e o mesmo questionário foi novamente aplicado às mesmas pessoas. Suas respostas e opiniões mudaram.
“O estudo revelou que a pesquisa mostra a opinião dominante da sociedade, mas não a opinião das pessoas bem informadas. As opiniões mudam, se as pessoas têm mais informação e oportunidade de debater”, diz. “A pesquisa pode ser bem-feita, não acho que a pesquisa CNT/MDA está errada. Mas, se a mídia martela sem parar que Lula é culpado de alguma coisa, o que as pessoas respondem pode até ser uma grande mentira, mas a opinião captada revela o quanto a opinião divulgada incessantemente pela mídia é eficiente.”
Em outras palavras, avalia Grzybowski, é provável que 66,9% das pessoas considerem de fato Lula culpado, já que os pesquisados recebem informação sobre ele e associações massivas entre o ex-presidente e a corrupção, e não sobre outros atores políticos, como o senador Romero Jucá (PMDB-RR), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) ou do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP).
Segundo o analista, “não se trata de desmerecer a pesquisa de opinião, mas, se fosse propaganda de refrigerante ou de cerveja, é a mesma coisa: o pesquisado vai dizer que Coca-Cola é boa, porque tem propaganda. E que a cerveja associada a uma atriz de TV também é boa”.
Mas se Lula, segundo a pesquisa, é associado à corrupção, por que ele lidera a pesquisa no voto espontâneo, e também a estimulada? “Existe uma ideia corrente segundo a qual em política todo mundo rouba. E nesse cenário, muita gente diz, em relação ao PT, o que (ex-governador de São Paulo) Adhemar de Barros dizia: ‘rouba, mas rouba para nós’ ou ‘rouba, mas faz’”, explica o sociólogo. “Quando surgiu o mensalão, se disseminou a opinião de que ‘agora, só porque roubam para nós, estão querendo pegar o PT’. Não acho que a CNT esteja enganada, ela só captou a opinião de uma população mal informada.”
O mesmo raciocínio se aplica quando 44,1% dos pesquisados consideram como uma das principais motivações para o processo de impeachment de Dilma a corrupção do governo federal ou a tentativa de obstrução da Operação Lava Jato (37,3%), quando os vazamentos dos diálogos do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado mostram exatamente o contrário.
Assim como, em sentido inverso, quando 64,5% das pessoas afirmam concordar com a necessidade de “atualização” da Consolidação das Leis do Trabalho. “É sempre reforçada pela mídia uma opinião contrária à CLT, e não temos um canal de televisão com audiência que possa levantar um debate sobre o prejuízo que isso poderia causar ao trabalhador”, diz Grzybowski. “A pesquisa não capta quem já está esclarecido, como lideranças sindicais e movimentos organizados, que são minoritários na população.”
Talvez um dos indicadores mais relevantes sobre o nível de desinformação esteja na avaliação do “presidente Temer”, em que as respostas trazem 11,3% de “positiva” 28% de “negativa”, 30,2%, de “regular” enquanto 30,5% “não souberam opinar”. Quando o maior contingente de entrevistados não sabe opinar, significa que a desinformação está em primeiro lugar.
Por Eduardo Maretti – RBA
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