1 de julho de 2021

Três mulheres, militantes do MPA, realizaram seu protesto e movimentaram Santa Luzia do Oeste

Marcos Corbari
MPA Brasil | Seberi (RS)

Três mulheres, militantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) na cidade de Santa Luzia do Oeste, em Rondonia, realizaram seu protesto contra os desmandos do Governo Bolsonaro no dia 19 de junho. Duas delas – Leonice Antunes do Carmo e Marly da Penha Rodrigues da Silva – seguravam uma faixa alusiva às pautas dos movimentos populares e sociais que organizavam pelo país afora grandes manifestações nas ruas, enquanto a terceira – Lorrany Vieira – registrava as imagens que durante os últimos dias foram compartilhadas nas redes sociais e pautaram falas de grandes lideranças nacionais. O resultado da ação, singela pelo número de envolvidas, surpreendeu positivamente e beneficiou toda a comunidade.

– Nós fizemos a nossa parte, sabíamos que era nossa obrigação ir para a rua, independente de quantas pessoas estivessem junto conosco -, explica Marly. “Percorremos alguns locais públicos da nossa cidade e conversamos com as pessoas que passavam, explicando as nossas pautas: vacina no braço, comida no prato e fora Bolsonaro”, acrescenta. Conforme ressaltou, a pandemia de Covid-19 é perigosa e todos os protocolos de segurança devem ser seguidos, mas neste momento o povo não pode abrir mão de ocupar o seu espaço nas ruas.

Para Marly, a repercussão imediata foi positiva e comprova que se cada um fizer a parte que lhe cabe na luta, grandes vitórias podem ser alcançadas. “Durante nossa manifestação o prefeito veio conversar conosco e explicamos que em nível local um dos pontos que mais nos deixava descontentes era a demora na vacinação e ele se comprometeu a ver o que era possível fazer a respeito”, relata.

Apesar de não esperar que de fato grandes mudanças fossem efetivadas, poucas horas depois seu telefone tocava e no outro lado da linha o prefeito, Jurandir de Oliveira Araújo, informava que havia conversado com os responsáveis da Secretaria de Saúde, contatado que havia um lote de vacinas disponível e no dia seguinte seria disponibilizado para a população e, além disso, pedia a ajuda das militantes para mobilizar o máximo de pessoas possível entre as que estavam aptas a serem vacinadas naquele momento. Também foi flexibilizada a burocracia a que parcelas da população estava sujeita para conseguir acessar os imunizantes.

– Estaremos novamente nas ruas neste sábado, 3, para seguir fazendo a nossa parte, lutando pela soberania alimentar, pelo direito do povo de ser vacinado contra a Covid-19 e pedindo pelo impeachment de Bolsonaro já -, garante Marly, fazendo valer as frases da faixa que as companheiras seguravam, onde também se podia ler que é preciso transformar o luto em luta.

– As três camponesas de Santa Luzia do Oeste nos deram um belo exemplo de verdadeira militância, ação corajosa que agitou a comunidade e trouxe um resultado positivo muito importante -, comentou Frei Sérgio Görgen, liderança vinculada a Direção Nacional do MPA e à Via Campesina Brasil, em transmissão online realizada na segunda-feira seguinte. Para ele, o exemplo de Lorrany, Leonilce e Marly deve ser compartilhado e contagiar outras mulheres e homens pelo Brasil afora nos próximos atos de mobilização.