30 de agosto de 2018
Trovador identificado com as lutas populares grava DVD e prepara lançamento de livro
Trata-se de um personagem que participa em diversos momentos com as causas populares, convertendo sua poesia em instrumento de luta. Rejeita rótulos e evita os grandes palcos. Evita pronomes de tratamento e se diz apenas “trovador”. Pedro Munhoz gosta de cantar para as pessoas simples, o povo trabalhador, os excluídos. Empresta seu canto para ser a manifestação de voz a tantos que tiveram a narrativa silenciada. Nesta quinta-feira, 30, dá início a uma novo momento em sua carreira, gravando em ambiente simples e intimista seu primeiro DVD. A peça audiovisual, intitulado “Outras Canções Urgentes” será complementar a um livro, chamado “Poemais”. Ambos serão apresentados em outubro, como uma obra só.
– Como eu escrevo além de canções – letra e música –, também poemas e reflexões, ao longo dos anos reuni um material farto e compreendi que havia chegado a hora de estabelecer um filtro e fazer uma incursão no mundo literário colocando esses escritos em um livro -, explica. Para ele, o momento é novo, mas o posicionamento frente as coisas do mundo se reafirma e fortalece: “É um novo momento reafirmando ideias, reafirmando concepções e colocando convicções, princípios e valores que sempre nortearam meu trabalho”. Como se sente? A resposta é simples e direta: “Me sinto feliz, muito feliz”.
Contrário a lógica de mercado, Munhoz prefere a rotina da estrada ao sucesso enlatado pelo mercado. Autor de músicas reconhecidas pelo grande público – entre as quais “Canção da Terra”, que foi regravada pelo grupo Teatro Mágico e foi parar inclusive em uma novela na televisão – conta que a ideia do DVD vem amadurecendo desde 2015 e agora vem à tona juntamente com o projeto editorial. Aliás, a poesia é uma vertente forte para a manifestação artística do trovador, com a qual prospecta ajudar a escrever a história do seu tempo. Textos como “Quando matam um sem-terra” e “O amor é socialista” (este previsto para entrar no DVD) já fazem parte do universo simbólico dos movimentos populares, constantemente sendo recuperados e proclamados nos momentos de mística e reflexão.
– Não sou vinculado a nenhuma gravadora, ando sempre pelo caminho paralelo -, conta Munhoz, que não se mostra confortável quando apresentado como artista “alternativo”, mostrando-se mais à vontade com o termo “independente”. Mesmo nos meios progressistas afirma não fazer parte sequer daquele grupo de artistas que canta para o público de esquerda, mas que mantém-se nos grandes palcos. “Espraio este trabalho com meu violão e minha voz, prefiro cantar nos fundões do Brasil, nos vilarejos, nos povoados, nas florestas, no Pampa, onde estão aqueles e aquelas de quem falo em minhas canções e poemas”, explica. Para ele, sua obra é frutos de reflexões, de histórias e experiências que ouve e vive, para depois sintetizar em 4 ou 5 minutos de canção e devolver ao povo através de um novo formato. “Essa é uma das funções do artista, uma das funções do trovador e como tal, faço isso”, arremata.
Reconhecido nacional e internacionalmente, Pedro Munhoz percorre o Brasil e o mundo, apenas com o violão às costas e o cantar na garganta. Inquieto, firme, espalhando esperança, propondo caminhos e questionando os donos do poder, segue cantando e desafiando quem se dispõe a ouvir. “Procuro fazer o meu trabalho de maneira muito coerente, com princípios e valores, resistindo. Tenho lado: canto as angústias e os sofrimentos do povo, estou do lado daqueles e daquelas que lutam com o povo”. Sem receio de mostrar sua visão de mundo e consciente de sua opção, não titubeia em afirmar: “Sou um artista de esquerda, tenho um lado e assim me posiciono. Evidentemente que isso tem um preço e eu o pago, em nenhum momento trocaria por qualquer outra situação. Sou o que sou, faço o meu trabalho, contribuo no meu tempo histórico, faço minha resistência”. Foi sempre assim, desde que surgiu no cenário musical pelos idos da década de 1980, ainda no Rio Grande do Sul, estado onde nasceu. De lá para cá, segue reafirmando suas convicções humanistas e socialistas.
Pedro Munhoz, que nesta quinta-feira, 30, grava seu primeiro DVD no Café Fon Fon em Porto Alegre, já esteve em mais de 25 países, gravou 6 seis álbuns e lançou duas discografias. Premiado e reconhecido em muitos países, por seu canto social, faz parte do Projeto Canto de Todos, gestado e coordenado pelo trovador cubano, Vicente Feliu. Em 1999, foi vencedor do 1° Festival Nacional da Canção da Reforma Agrária, promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). O mérito que mais o orgulha, porém, não diz respeito à título e sim ao reconhecimento que recebe nos Movimentos Sociais, estudantis e organizações de luta, que qualificam o seu trabalho como um cantar de trincheira e resistência.
“Poemais e Outras Canções Urgentes” tem lançamento previsto para outubro de 2018. Será comercializado pelo próprio Munhoz, através de suas redes sociais e nas andanças e cantorias que faz estrada afora. A gravação do DVD contará com a participação dos músicos Duglas Bessa (violão) e Joca Przyczynski (harmônica).
Serviço:
O que? Gravação do DVD “outras Canções Urgentes”, de Pedro Munhoz.
Onde? Café Fon Fon (Vieria de Castro, 22, Porto Alegre, RS)
Quanto? R$ 30,00 (couvert)
Quando? Quinta-feira, 30/08, 20h.
Informações: (51) 999742166 ou (55) 996474305
Marcos Corbari
Jornalista – RP 16193
cafecomjornalismo@gmail.com
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