13 de julho de 2020
Relatório da ONU para Agricultura e Justiça (FAO) e a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL) lançado no mês passado propõe conjunto de dez medidas para impedir que a atual crise sanitária se transforme em uma crise alimentar. Segundo o relatório se não houver ações urgentes para apoio a produção de alimentos por famílias camponesas, milhões de pessoas podem cair na extrema pobreza e podem passar fome em 2020 na América Latina e Caribe devido ao impacto da pandemia.
Eis um resumo da notícia publicada por CEPAL
Como resultado da crise provocada pela pandemia da COVID-19, a população em condições de extrema pobreza na América Latina e Caribe poderia chegar a 83,4 milhões de pessoas em 2020, o que implicaria um aumento significativo nos níveis de fome, devido à dificuldade que essas pessoas enfrentarão no acesso aos alimentos, apontaram hoje a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Ambas organizações apresentaram um relatório conjunto intitulado: Como evitar que a crise da COVID-19 se transforme em uma crise alimentar: Ações urgentes contra a fome na América Latina e no Caribe, em que propõem ações urgentes para enfrentar o aumento da fome causado pela pandemia nos países da região.
Segundo o relatório, após sete anos de crescimento lento, a América Latina e o Caribe poderão ver a maior queda do PIB regional em um século (-5,3%), o que trará em 2020 um aumento da extrema pobreza de 16 milhões de pessoas em relação ao ano anterior, totalizando 83,4 milhões no total. O impacto na fome será também, muito significativo, considerando que em 2016-2018 já havia 53,7 milhões de pessoas em grave insegurança alimentar na América Latina.
Os efeitos da crise já são visíveis nos sistemas alimentares: a vulnerabilidade dos trabalhadores aumentou e os preços locais dos alimentos estão subindo mais do que os preços de outros produtos da cesta básica, de acordo com os índices de preços ao consumidor – IPC. Devido ao aumento do desemprego e da queda da renda, milhões de pessoas não estão conseguindo adquirir alimentos suficientes e muitas outras estão tendo que optar por alimentos mais baratos e de menor qualidade nutricional.
“A grande tarefa que temos pela frente é impedir que a crise sanitária se transforme em uma crise alimentar. Para isso propomos complementar a Renda Básica de Emergência (IBE) com a entrega de um Bônus Contra a Fome (BCH)”, afirmou Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da CEPAL.
“Na América Latina podemos ter um retrocesso histórico na luta contra a fome. Podemos perder o que realizamos em quinze anos em apenas alguns meses. Milhões de pessoas podem passar fome. Essa é a gravidade do problema atual”, explicou o Representante Regional da FAO, Julio Berdegué.
As agências propõem o bônus como parte de um conjunto de dez medidas para que todos os lares tenham acesso a uma alimentação suficiente e nutritiva, as empresas e atores do sistema alimentar possam realizar suas tarefas, e os países contem com alimentos suficientes para garantir o abastecimento a preços razoáveis.
As outras medidas são:
• Reforçar os programas de alimentação escolar para garantir a alimentação das crianças e adolescentes.
• Apoiar as iniciativas de assistência alimentar das organizações da sociedade civil.
• Apoio financeiro (crédito e subsídios produtivos) para as empresas agropecuárias, orientado principalmente para a agricultura familiar.
• Ajustar os protocolos de cuidado e saúde na produção e transporte de alimentos e nos mercados atacadistas e varejistas.
• Expandir e garantir o funcionamento dos programas de apoio à produção de autoconsumo.
• Garantir o financiamento, a assistência técnica e o acesso a insumos e mão-de-obra para os agricultores e pescadores artesanais.
• Estabelecer mecanismos ágeis de consulta e coordenação público-privada entre todos os atores do sistema alimentar.
• Impedir que os mercados atacadistas e varejistas e as agroindústrias fechem ou diminuam as suas operações.
• Continuar com as políticas que mantiveram aberto o comércio mundial de alimentos, particularmente evitando medidas protecionistas que aumentam o preço dos alimentos.
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