30 de junho de 2025

O SONHO: Assentados do MPA e MST em Ponto Novo assinam Contrato de concessão (CCDRU)

Na última quinta-feira, 26, os 60 assentados (as) do assentamento Terra Nossa e do Nelson Mandela, viveram a concretização de um momento muito esperado por todos e todas: a assinatura do Contrato de Concessão de Direito Real de Uso (CCDRU) dos lotes irrigados para camponeses e camponesas dentro do perímetro irrigado de Ponto Novo – BA.

No dia 11 de junho de 2025, o Terra Nossa comemorou 17 anos dessa luta, em 2008 quando deu início o sonho pelo “pedaço de chão”, os acampados, à época, denunciava a concentração de terras e as insuficiências do modelo do agronegócio predominante no perímetro, chamando-o de “modelo de morte”, ao mesmo tempo em que propunha a agricultura camponesa como a via justa e necessária para redemocratizar o acesso a terra com condições de produzir.

17 anos depois, os assentados aguardavam ansiosamente esse momento que possibilitará usufruir dos frutos da sua luta e do trabalho de modo a fortalecer a agricultura camponesa e a agroecologia, numa região em que predomina a agricultura irrigada nos moldes do pacote tecnológico. Esta assinatura anima e firma o passo rumo ao um projeto de vida que coloca a agricultura camponesa como o centro da produção de alimentos saudáveis na região.

O protagonismo dos camponeses e das camponesas foi essencial para a mudança de rumo na lógica produtiva do perímetro, seu exemplo animou outros camponeses (as) a também reivindicar mais terras para produzir, de modo, que hoje já são três novos acampamentos de luta por terra dentro do perímetro.

A assentada, Alesandra Abreu, relata o significado deste momento pra ela, esse dia 26 de junho simboliza a realização de mais um sonho que foi esperado por todos e todas que lutaram! É uma conquista muito significativa na vida desses camponeses e camponesas que lutaram e resistiram no campo para ter uma vida digna com soberania e terra, pois é, a terra indo para quem realmente produz, a terra para quem trabalha! Então assinatura desse documento é uma realização de sonho, não só de 60 famílias, mais de centenas de pessoas que também contribuíram com o processo da luta. São 17 anos de luta, resistência e resiliência do povo camponês, de mulheres camponesas, crianças camponesas.

Então assim, às vezes a gente se frustra mais aqueles verdadeiros sonhadores e lutadores do povo que se encontrou com a luta, não desiste! As vezes a gente tem que recuar, mas na vida não somos nós que escolhemos ser militar, nós fomos escolhidos pela luta, então, quando a gente pensa em recuar a gente se dá conta a gente tá no centro e percebe que a luta ela é apenas um início porque quando a gente acha que está finalizando, percebe que ainda tem grande espaço pra conquistar.

Para mim, de fato, foi um momento de realização de sonho pessoal; E saber que hoje, eu entre 10 irmãos e irmãs, sou a que hoje tem um pedaço de terra, que hoje eu posso dizer que os meus filhos eles terão como permanecer no campo, fico feliz de saber que os meus filhos estão dentro de um lugar em que eles possam perceber e propagar a permanência de ser camponês, ao contrário da minha família da minha mãe, que tem apenas seis tarefa que seria para 10 filhos. É uma realização de sonhos, ter mais um passo à frente alcançado junto com os meus filhos, com minha mãe que hoje faz presente, junto com meus irmãos que estão aos poucos iniciando, então viva a luta e viva a esperança daqueles que sabem e buscam o esperançar por acreditar em dias melhores!