22 de setembro de 2020
As comunidades camponesas não querem o retorno das aulas presenciais
Após ouvir os territórios camponeses em sua diversidade cultural o MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores se manifesta contrario ao retorno as aulas presencias sem ter a vacina para imunizar a população.
As crianças, adolescentes e jovens camponesas no decorrer do processo histórico recente vêm perdendo acesso à Educação, acesso que sem a participação ativa da classe camponesa em sua contrução já era precária, e é uma bandeira de luta presente em muitas batalhas travadas pelos Movimentos Sociais.
A pandemia colocou os privilégios de moradores das zonas rurais ainda mais distante, a população camponesa em sua maioria estão em localidades remotas distantes do centro, sendo em muitos casos necessário o deslocamento até a escola. O retorno às aulas antes da vacina estar disponível poderá trazer para as crianças, adolescentes e jovens camponeses uma condição ainda maior de exposição, uma vez que sabemos nem todas as crianças, adolescentes tem a maturidade de seguir os protocolos de cuidados feitos pelo Ministério da Saúde, e muitas delas não consignarão por um período escolar manter a disciplina. E então mais uma vez a responsabilidade recairá para os professores e professoras.
Há também no meio rural um temor (medo) muito grande com relação ao vírus, pelas crianças e adolescentes. Esse retorno, a retirada do aconchego familiar, poderá trazer para crianças traumas, uma vez que as mesmas tendem a ver o vírus como um monstro. Leva lá à escola, pressionar os cuidados e disciplina com o higiene poderá trazer danos psicológicos às mesmas, Então, estamos lidando com a saúde física (vírus) e também saúde psicológica (mente).
Não podemos desmerecer em momento algum a importância das AULAS PRESENCIAS, são de enorme importância para as crianças, adolescentes e jovens. O estudo remoto não traz os avanços necessários, mesmo com todo esforço dos profissionais de educação (inclusive com condições precárias de acesso a internet e local adequado para ministrar as aulas). Porém, ao ver dos camponeses e camponesas adultos, além da condição letrada de nossos filhos, filhas é necessário preocupar-se com vida deles (que não estão no grupo de risco), mesmo assim, tem ligação direta com aqueles que estão em zona de risco, avos, tios (idosos) e ainda parentes com doenças graves.
Infelizmente temos no Brasil uma população muito adoentada. É comum ter nas famílias pessoas com doenças graves. Em todos os noticiários pode-se ver notícias do aumento de casos do novo cornavírus e o aumento de óbitos. Como a sociedade ainda está em risco, forçar os profissionais da educação ao retorno das aulas e lhe dar uma responsabilidade, que nenhuma categoria, ao ver do MPA- Movimentos dos Pequenos Agricultores, conseguiu dar conta. Mesmo com o esforço também da categoria médica.
Temos observado e ajudado em alguns espaços, os profissionais de educação, em especial os professores, a discutirem sobre este retorno, conseguimos perceber a preocupação dos mesmos com a responsabilidade com a vida daqueles que vale muito para muitos (filhos, netos, sobrinhos) e com a própria vida.
Neste momento é necessário SALVAR AS VIDAS, estamos em um momento histórico e tudo isso deverá passar e retornaremos não como antes, mas como pessoas ainda melhores e poderemos continuar dando aos nossos filhos e filhas a condição de escolaridade merecida por eles. Lutando por uma educação contextualizada, com a participação da família, e que leve em consideração sua importância no território camponês.
Coletivo de Educação do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
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