2 de fevereiro de 2023

O objetivo é formar lideranças nas comunidades camponesas

Mateus Quevedo
MPA Brasil | Salvador (BA)

O Movimento dos Pequenos Agricultores, o MPA Brasil, organizou entre os dias 26 e 27 de janeiro, no Povoado Lagoa da Volta, em Porto da Folha (SE), o lançamento da primeira fase do Mutirão de Formação Camponesa no estado. A atividade ocorreu durante o Encontro de Mulheres Camponesas.

O objetivo deste Mutirão é realizar um processo de formação com lideranças comunitárias, bem como retomar trabalhos de base em comunidades e municípios do território do Alto Sertão Sergipano e do território do Baixo São Francisco durante o ano de 2023.

“A preparação de lideranças de base, jovens, mulheres, militantes é importante para de fato atuarem nas bases com compromisso estratégico, isso é, hoje, uma condição para avançarmos, assim necessitamos retomar o debate do plano de formação no movimento”, aponta Rafaela Alves, da direção nacional do Movimento em Sergipe. “Nossa concepção é de que envolva momentos teóricos e trabalho prático e concreto nas comunidades”, aponta.

O público alvo para as formações não é somente lideranças já consolidadas em suas comunidades e territórios, mas principalmente jovens e mulheres. “Serão aqueles e aquelas que acreditam na transformação da sociedade e que se dispõe a construir o MPA a partir de seus territórios”, sinaliza Rafaela.

Para dar sequencia a esse processo existe uma Coordenação Político Pedagógica. É importante salientar que estas duas regiões onde acontecerão o Mutirão tem desenvolvido um papel primordial para a organização do povo por meio da cultura e da produção camponesa.

Na região do Alto Sertão, há duas experiências que se destacam no processo organizativo do MPA. Em Poço Redondo existe o grupo Raízes Nordestinas que há 20 anos desenvolve um trabalho político com diferentes gerações a partir da arte e da cultura popular. O foco é no teatro e na música, inclusive protagonizaram nos últimos 9 anos a ‘Escola Popular de Música’ com atuação no campo e na cidade. Já em Canindé de São Francisco, a Unidade de Produção Camponesa, conhecida como UPC, realiza um trabalho de produção agroecológica com resgate e conservação de sementes crioulas.

Já na região do Baixo São Francisco, ações de transição agroecológica tem ajudado rizicultores a abandonarem a utilização ostensiva de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos na produção de arroz. O processo tem possibilitado boas colheitas do grão, permitindo aos camponeses e camponesas lançaram a marca Velho Chico e já exportam para outras regiões do Brasil.

“Queremos avançar no trabalho político organizativo com temas como estes, que vão desde a história de lutas das comunidades camponesas e do MPA, a história da agricultura e os modelos de produção, como funciona os poderes do estado, direitos constitucionais e as leis que regem os municípios, a convivência com o semiárido e a questão hídrica, da terra e do território, agroecologia, tecnologias sociais e abastecimento popular, e também debater gênero, mulheres,  juventude, educação”, finaliza Rafaela.