18 de agosto de 2020
Confira nota de apoio à menina que sofreu diversos tipos de violências nos últimos dias, vítima de estrupo durante 4 anos e que consequentemente, engravidou do indivíduo cruel – o tio.
Os dados, em tempos anteriores, já nos revelavam as faces da violência patriarcal e do Estado contra as crianças, onde quase 7 em cada 10 crianças (67%) da América do Sul e do Caribe, com idades entre 1 e 14 anos, já sofriam punições corporais de todo tipo, segundo o estudo do “Ending Violence in Childhood: Global Report 2017”.
Olhando a projeção futura, estima-se que até 85 milhões de crianças e adolescentes, entre 2 e 17 anos, poderão se somar às vítimas de violência física, emocional e sexual nos próximos três meses em todo o planeta. Durante a pandemia, os dados nos trazem que este número representa um aumento que pode variar de 20% a 32% da média anual das estatísticas oficiais. E nestes dados dolorosos, nos chega a violência brutal do estupro realizada dentro do ambiente doméstico e alimentada pelos setores religiosos conservadores, fundamentalistas!
Diante disto, nós, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), nos solidarizamos à menina de dez anos, vítima desde os seis anos de idade da violência estruturante e patriarcal, a partir dos constantes estupros cometidos e que, por consequência, forçou uma gestação. E, nesta condição, apoiamos as decisões de não prosseguir com uma gestação, já que falamos de uma criança, que além de todas as violações sofridas, ainda precisou enfrentar a hipocrisia da sociedade que prioriza a punição do corpo de uma criança ao invés da punição do efetivo criminoso.
Perdoe-nos criança, todos os adultos que tinham a obrigação de zelar por ti, falharam. A família, a escola, a rede de proteção… ninguém percebeu teu sofrimento, que chega ao fim de uma forma igualmente dramática, uma gravidez por consequência dos inúmeros estupros.
Solidarizamo-nos a ti e repudiamos teu agressor e os criminosos que divulgaram teu nome e as informações do local da realização do procedimento, direito teu e de qualquer mulher que igualmente sofra estupro. Lutemos para que ninguém mais passe por tal perversidade.
Infelizmente, crescem os números de abusos e violências ao passo que há o desmonte das redes de proteção, tão caras para todas nós. Cegos pela ignorância e maldade, se somam às injustiças que fizeram a ti, os falsos “defensores da vida”, que se aglomeram na porta do hospital, num contexto de pandemia com mais de 106 mil mortos, e te chamam de assassina.
Saibamos reconhecer uma injustiça sem julgamentos morais que chancelam a desigualdade de gênero. A injustiça vem carregada com inúmeras mentiras que contadas mil vezes acabam por se tornar verdadeiras, mas ainda são mentiras. A vítima NUNCA tem culpa, precisa ser cuidada e ampara pela sociedade e pelo Estado!
Continuemos na luta por um mundo justo para todas e todos e em todas as etapas da vida. Não há justificativa plausível para condenar essa criança, bem como não há justificativa para manter o machismo, o racismo, as desigualdades e todas as formas de violências que chancelam esse senso comum que criminaliza a vítima, ainda que ela tenha sofrido violações por quase metade de uma recente vida de dez anos.
Cumprimos nosso papel de denunciar todo o ato de violência, de romper com as violências em todos os espaços, públicos e privados, é o mínimo que podemos fazer para defender nossas crianças e mulheres.
Somamo-nos à tua luta criança e na construção de uma sociedade feminista e popular. Que possamos trazer luz à história e as injustiças e que possamos recontá-la, fazendo parte dela na superação da naturalização de todas as formas de violências contra nossas mulheres e meninas.
Texto escrito pelo Coletivo de Gênero do MPA
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