23 de fevereiro de 2022
Maiara Rauber
Brasil de Fato RS | Porto Alegre (RS)
Após mobilização realizada na semana passada, agricultores familiares e camponeses foram recebidos na manhã desta terça-feira (22) na Secretaria de Agricultura do governo do estado, em Porto Alegre. Uma comitiva se reuniu com a secretária Silvana Covatti, para debater ações para amenizar os impactos da estiagem no Rio Grande do Sul.
“Esperamos que essa audiência com a secretária tenha resultado concreto para as famílias que sofrem com a estiagem. Se nada acontecer, nós estamos dispostos, em conjunto com os produtores e produtoras assentados da agricultura familiar, a retomar as mobilizações nas próximas semanas. Nós precisamos de ajuda urgente, diante de tantos prejuízos”, assinala Ildo Pereira, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Os principais pontos debatidos foram em torno de créditos emergenciais. O governo anunciou a liberação de recursos para atender 42 mil famílias, no valor de um salário mínimo. Também foi apontada mais uma proposta para liberação de R$ 10 mil por família, sem juros.
Na avaliação de representantes do MST, da União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Rio Grande do Sul (Consea-RS), do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), essa conversa com a secretária Covatti marca um importante passo para a negociação. Eles ressaltam que é preciso ampliar o número de famílias que seriam beneficiadas.
“Nós entendemos que essas medidas são importantes, mas precisamos avançar no número de famílias que serão atendidas. Nesse crédito emergencial, entendemos que precisa ampliar para atender 100 mil famílias no RS, em especial as que possuem mais dificuldades. É necessário ampliar o subsídio para os agricultores que não se enquadram nos recursos a fundo perdido”, explica Douglas Cenci, da Fetraf.
Miqueli Sturbelle Schiavon, da direção nacional do MPA, esperava respostas mais concretas. “Essa pauta está desde dezembro com o governo. Tivemos poucos avanços, mas três temas foram importantes que avançamos no diálogo. Primeiro, a criação de um fórum permanente sob comando da Casa Civil. Eles também estão em fase de finalização do estudo de uma bolsa estiagem no valor de 1 salário mínimo para o público que está no CAD Único, o que destacamos não ser suficiente, e a ideia de criar um crédito emergencial com juro zero. Mas precisamos avançar com uma pauta importante junto ao governo federal que é a anistia ou repactuação das dívidas do PRONAF com 95% de desconto, pois se os agricultores estiverem inadimplentes de nada vai adiantar o crédito. A secretária assumiu o compromisso de retomarmos a discussão na semana que vem.”
Os camponeses seguem na esperança de marcar uma audiência com Eduardo Leite, pois esses créditos, para serem implementados imediatamente, dependem de decretos emergenciais aplicados pelo governador.
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