16 de outubro de 2020

A campanha tem garantido que a comida produzida no campo possa encher o prato das pessoas que têm fome na cidade. Desde o início do isolamento social, já doamos mais de 735 toneladas  de alimentos agroecológicos. Sempre em coletivo e produzindo com diversidade, chegamos à mesa de mais de 24.138 famílias de 13 Estados do país.

Com o início da pandemia, logo vimos a importância da produção de alimentos do campesinato para combater a crise. A fome volta às nossas casas e já são mais de 85 milhões de pessoas com o prato vazio. Para piorar, em meio à pandemia, o preço da comida só aumenta e o governo Bolsonaro nada faz por nós.

Essa situação mostrou que a militância organizada no MPA tem muito a contribuir na luta e na resistência, cumprindo um papel muito importante no combate à fome. Isso mostra a missão do campesinato de produzir alimentos. Por isso nos organizamos para realizar doações. Já em abril, começamos a nos mobilizar e iniciamos a campanha Mutirão contra a Fome.

Para realizar as ações, falamos com sindicatos, associações de bairro, movimentos sociais urbanos, lideranças políticas e religiosas, personalidades entre outros aliados e aliadas. Com isso, começamos a organizar as doações de cestas camponesas com os alimentos que produzimos. Já foram doadas mais de 753 toneladas.

O arroz agroecológico produzido em Ilha das Flores (SE) chegou à mesa dos moradores da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, e também na mesa da etnia Pankariri, que vive às margens do rio São Francisco. Os produtos beneficiados pela Cooperbio, em Seberi, foram doados aos trabalhadores da saúde do Rio Grande do Sul. O milho e o feijão produzidos pelas mãos do campesinato do Piauí foram doados às famílias de Santa Cruz daquele mesmo estado. Banana, batata doce e mamão produzidos pelo MPA de Rondônia foram entregues no Conjunto Habitacional Minha Casa Minha Vida, em Jaru. Ovos, farinha e fubá produzidos no Espírito Santo, alimentaram os pescadores e as pescadoras do Movimento Estadual e Nacional dos Pescadores.

Nossa campanha tem um sentido social, político e também econômico, pois também ajuda na geração de renda dos camponeses, tornando mais forte a economia popular do campesinato. Mais do que fazer a doação do alimento, queremos levar as ideia de um projeto popular para o Brasil.

Nosso objetivo tem sido juntar o maior número de pessoas para enfrentar, com organização e luta popular, a crise alimentar vivida pelo nosso povo.

Comitê Popular do Alimento

Uma das formas de organização da campanha é a formação de Comitê Popular do Alimento, formados pelas pessoas que ajudam a organizar a produção e as cestas de doação. A distribuição é organizada por territórios e, cada território, possui um Comitê Popular do Alimento. São os CPAs.

Os CPAs tem o objetivo de construir os laços sociais e fortalecer o Poder Popular nos territórios e também a organização política do povo. O CPA é um instrumento nosso para construirmos força popular, para termos segurança de que a fome uma vez superada não retornará. O caminho é longo, porém não há atalhos. Com trabalho, confiança, organização e diálogo avançaremos.

Mais que levar comida, a proposta é nos conhecermos e nos organizarmos. Com isso, os CPAs, assim como a campanha, acontece em parceria com outras iniciativas como a campanha Periferia Viva e a Campanha Nós por Nós. O alimento é uma necessidade e uma urgência, mas temos muitos outros problemas e queremos conversar sobre eles e como o povo unido pode superar suas dificuldades.

Distribuir e doar alimentos, lutar pela igualdade e fortalecer a luta popular. Lutando não apenas pelo direito de plantar, colher e comer mas também, buscando entender o todo!  É como está nas palavras do nosso hino: entendendo o todo, e seguindo em frente passo a passo a liberdade…. nossa rebeldia não será em vão!

Fotos de ações da campanha de solidariedade Mutirão Contra a Fome em vários Estados do país, realizado hoje 16/10/2020 pelos camponeses/as do MPA.

Por Bruna Távora, militante MPA no Estado do Rio de Janeiro.