9 de maio de 2022
Mateus Quevedo
MPA Brasil | Salvador (BA)
Há alguns meses Gilberto Schneider está em Moçambique, no continente Africano, realizando um intercâmbio de conhecimentos em sistemas de sementes crioulas. Gilberto é dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e membro do Coletivo Internacional de Agroecologia, Sementes e Agrobiodiversidade da Via Campesina. A atividade é resultado de uma parceria entre o MPA e a Ação Acadêmica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais (ADECRU).
Segundo Gilberto, a intenção é focar na cooperação técnica no componente desde a seleção massal de sementes nas lavouras até o armazenamento. A seleção massal é um método antigo de melhoramento e adaptação de plantas, basicamente consiste em escolher as melhores espigas, no caso do milho, para darem origem à próxima geração. Ao todo, já foram realizadas seleção em 16 lavouras.
“O principal desafio aqui é baixa disponibilidade de sementes, pequenas áreas semeadas, o impacto das mudanças climáticas e também são poucas variedades de sementes, no caso do milho são 2 a 3 variedades”, apresenta Gilberto quando questionado sobre os principais desafios deste intercâmbio.
Além do trabalho de sementes também houve trabalhos para a recuperação de áreas degradadas abordando a agroecologia como prática. Gilberto diz que a maior parte das áreas degradas são resultado do ciclone Idai, que atingiu o país em março de 2019. Além de ter afetado diretamente 1,85 milhões de pessoas em Moçambique, o ciclone causou a perda de até 50% da produção anual de culturas, devido as águas da enchente.
As sementes crioulas são o maior patrimônio dos povos e uma ameaça real ao poderio das grandes corporações do agronegócio. São uma ameaça porque geram autonomia às comunidades camponesas e já alimentam há milênios a humanidade. É por isso, que cada vez mais as corporações utilizam do aparelho estatal para criminalizar camponeses e ter controle total das sementes. O objetivo é fazer com que nossa alimentação dependa somente destas empresas transnacionais.
É assim na América Latina, é assim também em países da África. A partir de interesses de investidores corporativos, o G8 lançou em 2012 a Nova Aliança para Segurança Alimentar e Nutricional. Em Moçambique esta Nova Aliança se apresentou como a Nova Lei de Sementes e outras medidas escusas. Obviamente que o interesse era a entrada do agronegócio com suas sementes transgênicas, a utilização de químicos industriais e maquinário pesado. Tudo isto passando por cima das comunidades camponesas.
Mas houve resistência por parte das camponesas e camponeses de Moçambique. A decisão foi de fortalecer suas articulações com movimentos camponeses do Brasil. Assim, desde 2012 iniciou-se um processo de troca de saberes e experiências sobre sistemas de sementes crioulas. Um exemplo desta troca foi o projeto de cooperação para recuperação, reprodução e manutenção de sementes nativas que ocorreu entre o Movimento dos Pequenos Agricultores e a União Nacional dos Camponeses de Moçambique (UNAC). O projeto ocorreu nos marcos da campanha “Sementes patrimônio dos povos a serviço da humanidade”.
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