24 de julho de 2018
O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) reúne em Caruaru camponeses de 17 Estados e do Distrito Federal, trabalhadores urbanos, amigos e parceiros de luta em Seminário Nacional sobre “Estratégia Camponesa: para enfrentar o Golpe e o Agronegócio”, que homenageia o companheiro e líder camponês do Movimento assassinado brutalmente no último dia 02 de junho, “Katison de Souza”.
O Seminário que iniciou na noite desta segunda-feira, 23 de julho com um Ato Político e apresentação da Peça “O Segredo do Poço Redondo” pela juventude camponesa do Grupo Teatral do MPA, Raízes Nordestinas, se estende até a sexta-feira, 27 de julho. Entre os objetivos do evento está reunir camponeses, camponesas e trabalhadores urbanos, assim como refletir sob a conjuntura política de nosso país e a questão Campesinato, como destaca Josi Costa, jovem camponês e integrante da coordenação nacional do MPA:
– “Ao longo dos 5 dias o Seminário busca analisar o caráter estratégico da luta camponesa não só para vencermos o golpe, mas para constituir um projeto popular em nosso país, queremos que este seminário aponte as principais formas de luta e enfrentamento do Movimento não só para 2018, mas para os próximos períodos que virão”.
Os mais de 120 participantes na manhã desta terça-feira, 24, foi o momento de analisar a conjuntura, que neste momento contou com a contribuição de Ricardo Gebrim da Consulta Popular, João Pedro Stédile do MST, Arthur Ragusa “Bob” da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Aldrin Pérez-Marin do Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCTIC)) e Bruno Pilon pelo MPA.
Gebrin destacou que enfrentamos a conjuntura mais difícil de nossas vidas, como toda encruzilhada decisiva, o papel da Vanguarda é fundamental, erros neste momento podem custar caro, mais caro do que em outros momentos. “Estamos vivendo uma derrota de natureza estratégica, onde o centro estratégico do inimigo é destruir nossa natureza estratégica política e organizativa, onde os líderes já não são mais presos por fazerem ou conduzirem manifestações, mas por acusações de corrupção e improbidade admirativa”, desta Gebrim. Ele ainda como as experiências revolucionárias podem nos ajudar a não cometer os mesmos erros.
Stédile, destacou que a crise no Brasil é parte de uma crise mundial e o que está em crise é o projeto do capitalismo, ele ainda aborda alguns desafios permanentes da Classe Trabalhadora:
– “1º Retomar o trabalho de base: dialogar e ouvir a base e como chegar na periferia e na juventude; 2º Construir nossos meios de comunicação; 3º Fazer formação política, esse é o melhor momento; 4º Construir um projeto popular para o Brasil; 5º Fazer luta de massa, pois é ela que enfrenta e derrotará o inimigo”.
Bob por sua vez destaca a importância da Aliança Camponesa e Operária e da Plataforma Camponesa e Operária por Energia neste momento da conjuntura. “ O pré-sal e a disputa de todo sistema petroquímico é um dos pilares do Golpe, pois o Petróleo é um elemento estratégico na geopolítica nacional tanto industrial quanto na “química fina” de fertilizantes e medicamentos por exemplo”, aponta. O representante dos petroleiros ainda aponta que em 2013, a Petrobrás podia atender 90% da demanda nacional, com o desmonte promovido por Pedro Parente, então presidente da empresa, esse número caiu para 76% em 2017.
Aldrin, que falou em nome dos pesquisadores populares do Instituto, apontou o perfil da crise do capitalismo com perfil ambiental e como o golpe no Brasil é muito semelhante ao golpe nicaraguense. “Na Nicarágua, hoje, vive uma grande conspiração das massas, o mesmo que o Brasil vive, que o Paraguai viveu com o golpe de 48 horas. Os Estados Unidos têm usado da Centro América como campo de experimento bélico por meio de pequenos projetos e a violação de direitos humanos, como em o recente massacre de Masaya, local simbólico porque é um dos locais onde nasce a Revolução Popular Nicaraguense”.
Bruno, como representante do MPA, destacou que o golpe que o Brasil atravessa está longe de ser o fim de um processo de desestruturação das lutas populares, é um meio e precisamos estar preparados para isso. Ele aponta algumas saídas estratégicas:
-“A formação e mobilização conjunta e constante é uma das saídas; A unidade de classe; Precisamos aproveitar ao máximo dos nossos recursos, usar bem o que temos, não desperdiçar nenhum recurso seja ele humano, social, cultural, econômico ou de militância; E, a luta é o nosso espaço de luta e reprodução do Campesinato”, finaliza Bruno.
Por Comunicação MPA
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