25 de fevereiro de 2022

O evento aconteceu entre os dias 19 e 20 em Mundéu da Onça e na Comunidade Tenório, em Neópolis (SE) no Baixo São Francisco

Lenilce Santos
MPA Brasil | Neópolis (SE)

As comunidades camponesas Mundéu da Onça e Tenório, localizadas na região do Baixo São Francisco, em Neópolis (SE), são um celeiro cultural do cotidiano camponês. A modo de vida da cultura camponesa vai desde a pessoa que faz peneira, a vassoura, as diversas artes em palha das palmeiras locais, até a culinária regional como o munguzá, arroz doce.

No último fim de semana essas duas comunidades foram palco da I Amostra Cultural, resultado da premiação oferecida pela Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (FUNCAP), que contemplou os grupos culturais de Guerreiro e Samba de Coco em Mudéu da Onça e Samba de Coco, Capoeira e Povos de Terreiro no Tenório.

No Mundéu da Onça, o Grupo de Samba de Coco não fazia apresentações a mais de 30 anos, se cantava uma música ou outra, mas, sempre de forma isolada. Sem a formação de grupo, o Guerreiro tinha menos tempo, mais também já faziam mais de 10 anos que não aparecia com suas diversas marchas. Também houve apresentação do Reisado, que estava mais ativo, tendo se apresentado a última fez um período próximo antes da Pandemia.

No Tenório o caso foi diferente, todos os grupos que se apresentaram estão ativos, porém o Povos de Terreiro fez recém sua segunda apresentação, realizada em frente à calçada da Igreja. É um grupo muito antigo aqui da Comunidade, mas sempre foi silenciado, nos últimos tempos temos buscado construir métodos para que as pessoas que são de Terreiro de Samba de Coco e de outras artes, como vassoura, bordado, entenda que tudo está interligado e que o Terreiro une tudo isso em um único lugar que faz de seu espaço transmissões de saberes incalculáveis.

O melhor de tudo é presenciar o tamanho da felicidade dos grupos ao se apresentar com o quase toda a comunidade assistindo. Essa Amostra Camponesa que o MPA organizou foi um momento único na vida de muita gente. Existem algumas coisas que tanto em Mundéu como em Tenório, se repete, são as transmissões de saberes espontâneas que acontecem. Numa mesma roda encontramos três gerações de mulheres dançando a mesma música.

Após as apresentações em Mundéu da Onça, Dona Elizete fez uma fala simbólica: Essa é a primeira vez que fazemos uma amostra em Mundéu da Onça, nós estamos cientes que se nossa presidenta Dilma e Lula tivesse continuado na presidência do Brasil, nós não iamos sofrer tanto com a pandemia e os trabalhos com a cultura estavam bem melhores. Eu não estou dizendo que foi ruim minha filha fazer a amostra, mas pense se todo mundo tivesse sido vacinado lá no início da pandemia como nós hoje estava diferente, sem contar o preço das coisas o óleo de cozinha eu comprava a três e cinquenta agora está em dez. Estão que temos muitas dificuldades, na próxima eleição precisamos fazer de tudo para eleger o presidente Lula junto com Deputados e Senadores que sejam do povo.

Depois do golpe que tirou a nossa presidenta Dilma, e entrou as sequências de desgovernos, o povo negro e das comunidades tradicionais depois de ter conquistado tantos direitos, com luta e organização tem visto a caça e eliminação o pequeno camponês, a pequena camponesa, as comunidades remanescentes de quilombolas possuem um repertório de culturas que precisam, na grande maioria serem redescobertos. Existem muitos locais que o povo, de tanto que foi esquecido, adormeceu e quase perdeu no tempo essas riquezas que chamamos de grupos culturais.