3 de maio de 2022

No total, foram 1400 cestas destinadas a comunidades de Picos e região para comemorar o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora

Mateus Quevedo
MPA Brasil | Salvador (BA)

Com o desmonte dos estoques públicos, a falta de investimento na produção da agricultura familiar camponesa, a destruição de políticas públicas voltadas à alimentação adequada e a chegada da pandemia de Covid-19, a fome voltou a ser uma cruel realidade na casa de muitas famílias brasileiras.

Na região centro-sul do Piauí, semiárido nordestino esta realidade não é diferente. É nesta região que o Movimento dos Pequenos Agricultores está presente no estado e lá camponeses e camponesas se organizaram para fazer uma grande doação de alimentos às famílias mais necessitadas no marco do 1º de maio.

“As doações foram através do acesso ao Programa de Alimentação Saudável (PAS), uma importante política de combate a fome, não só no Piauí, mas em todo nordeste, a Secretária de Agricultura Familiar tem sido parceira do movimento no acesso ao programa, assim como outros programas voltados para a agricultura familiar e camponesa contribuindo de forma direta nas nossa bases, pois tem sido um espaço pra circular a produção de nossos camponeses e camponesas”, apresenta Francisca Souza, da coordenação do MPA no Piauí.

Graças a parceria do MPA com diversas organizações, movimentos, instituições, a campanha ‘Mutirão Contra Fome’, realizada através do coletivo Raízes do Brasil, foram doadas no 1º de Maio, dia do trabalhador e da trabalhadora, cerca de 20 toneladas de alimentos agroecológicos, para comunidades de 9 municípios que estão em torno de Picos

Dentre os alimentos presentes nas cestas doadas, estão a diversidade e a potência da agricultura camponesa: macaxeira, farinha da mandioca, goma e mandioca, melancia, abobora, milho verde, batata doce, muitas frutas como acerola, manga, goiaba, banana, limão, mamão, poupas, carnes de galinha caipira, de bode, de peixe, de ovelha.

“Tudo produção agroecológica, livre de transgênicos, sem venenos, alimentos saudáveis para aliviar a fome de centenas de famílias que necessitam desta pequena ajuda, mas que é muito simbólica para nós do movimento, do campesinato”, apresenta Afonso Galvão, da coordenação nacional do MPA e que esteve a frente da organização das doações.

Organizar, produzir e alimentar em São João da Varjota

Os atos de entrega os alimentos iniciaram no domingo, 1º de maio, em Picos e Paulista. Na segunda-feira, 2, foram entregues em São José do Piauí, Campo Grande do Piauí e São João da Varjota. As doações devem seguir ocorrendo até dia 9 deste mês. Somente em São João da Varjota foram entregues cerca de 5 toneladas de alimentos.

As entregas estão sendo realizadas por meio de instituições parceiras, como a Escola Família Agrícola Dom Edilberto II em São João da Varjota. Francisca explica que 76% da produção entregue no município ocorram devido ao Programa Viva o Semiárido.

“Através dos quintais produtivos fez com que das dezoito famílias fornecedoras fossem onze mulheres e cinco jovens e dois homens por tanto, é notório o protagonismo feminino e juvenil na produção de alimentos. Nossa luta para garantir mais investimento para os camponeses não para”, apresenta Francisca.

Para Maria Aparecida Rodrigues, do Quilombo Paquetá em São João da Varjota, ter seus alimentos doados para quem mais precisa é motivo de satisfação. “É importante ressaltar que estes alimentos são produzidos em nossos quintais produtivos, nos  roçados da nossa comunidade, sem nenhum um uso de veneno”, ressalta a camponesa.

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