15 de abril de 2020
O novo coronavírus se espalhou pelo mundo e não demorou muito para chegar até o Brasil. A pandemia não é apenas um problema de saúde coletiva e são muitos os desdobramentos de uma crise até então desconhecida. Desde o primeiro caso registrado no país até aqui já são mais de 1700 mortes confirmadas em solo brasileiro.
O isolamento social, “remédio” necessário e recomendado pelas autoridades mundiais de saúde para evitar a propagação da Covid-19, mudou a rotina e muitas questões pairam em nossas cabeças. Uma delas é sobre o sustento das famílias brasileiras durante o período da pandemia.
Além de vencer a luta contra o novo coronavírus, o Brasil tem outro desafio: temos no governo federal um presidente que desrespeita as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e adota discurso e prática que em nada ajudam a gente a superar o problema. Outro dia, Jair Bolsonaro usou a preocupação de todos com garantia de comida na mesa para mentir mais uma vez. Segundo o presidente, a orientação de ficar em casa causou o desabastecimento de alimentos. A mentira de Bolsonaro foi desmentida pela ministra da Agricultura Tereza Cristina, mas há outras verdades que também precisam ser ditas.
Você sabia que a agricultura camponesa familiar garante 70% dos alimentos que chegam em nossas mesas? A preocupação com uma alimentação saudável, fundamental para ajudar no fortalecimento do nosso sistema imunológico, é o que norteia o Movimento dos Pequenos Agricultores, movimento que ajuda a botar comida saudável no prato da população.
Durante a pandemia, MPA, que pratica a agroecologia e luta pela soberania alimentar, segue trabalhando fortemente para ajudar naquilo que é mais essencial à vida: a alimentação saudável de todos os dias, além de contribuir para a construção de um projeto nacional de Soberania e Segurança Alimentar para população. Preocupado com a crise que o país enfrenta e seguindo as orientações de saúde coletiva, o sistema de Cestas Camponesas foi intensificado e o MPA lançou a campanha “#FiqueEmCasa, seguiremos produzindo seus alimentos!”.
No Rio de Janeiro, desde o início da crise sanitária, já foram entregues mais de 1.000 cestas camponesas, garantindo o escoamento de aproximadamente 2 toneladas de alimentos produzidos por camponesas e camponeses das regiões de Petrópolis, Teresópolis, Queimados, Duas Barras, Bom Jardim, Baixa Fluminense dentre outros. Além de alimentos que chegam da Bahia, de Sergipe, do Espírito Santo e do Rio Grande do Sul.
O reconhecimento de que a alimentação saudável, livre de venenos, é fator fundamental na garantia da imunidade e a afirmação da importância de consumir em empreendimentos econômicos locais e eticamente responsáveis, tem aumentando a visibilidade do trabalho das famílias campesinas – agentes essenciais da soberania alimentar no país, principalmente no período pandemia.
Os laços de solidariedade entre consumidores que moram na cidade do Rio e produtores do campo estão mais fortalecidos. Mais de 500 famílias estão conectadas com o campesinato de várias regiões do estado e do Brasil através dos alimentos saudáveis.
“Estamos buscando diferentes estratégias para enfrentar este novo período e continuar atendendo a população e ajudando os pequenos agricultores. Nossos trabalhos se intensificaram com a pandemia, pois também estamos em uma campanha de solidariedade, o Mutirão contra a fome, com distribuição de cestas para famílias carentes nas comunidades do Rio de Janeiro. Estendemos nossas atividades para além das cesta camponesas, pois entendemos a importância de uma alimentação saudável para todos. A conscientização da campanha fique em casa, não se restringe apenas ao isolamento, mas também a uma boa alimentação para enfrentar a pandemia”, nos conta Jessé Albuquerque, integrante do MPA-RJ.”
Cuidados contra a Covid-19
Desde meados de março, quando as medidas de segurança foram intensificadas, o MPA – e principalmente a juventude que atua no movimento – modificou os processos operativos de distribuição dos alimentos. Foram feitas alterações na logística de distribuição, de acordo com as recomendações da OMS. O MPA-RJ firmou uma aliança com mais de 80 trabalhadores da Associação dos Motoristas Autônomos de Táxi de Santa Teresa, a Santaxi, que hoje ajuda a distribuir e levar os alimentos até a casa dos consumidores. A parceria, além de evitar aglomerações, garante renda formal para os taxistas, que sofrem com a redução das corridas durante a pandemia.
O trabalho do Movimento é operacionalizado no Raízes do Brasil. Inaugurado em 2017, o espaço é um projeto nacional do MPA, sediado no Rio, com a proposta de integrar campo e cidade através da alimentação saudável e de atividades políticas e culturais. Tudo isso foi possível com a consolidação da parceria entre o MPA-RJ e a Federação Única dos Petroleiros (FUP). O Raízes fica na Rua Áurea, 80, no bairro de Santa Teresa, em um casarão do século XVIII (1871).
Para Débora Oliveira, que atua no Raízes, a defesa da agroecologia durante a crise é ainda mais necessária. “Nesse período de pandemia está ficando óbvio que os governos destruíram o progresso que permitia o acesso à alimentação com segurança alimentar. Então, o MPA decidiu construir um sistema popular de abastecimento com quem produz e quem consome, unindo campo e cidade. O objetivo do Raízes é facilitar para que essa estratégia do Movimento seja garantida”.
O Sistema de Abastecimento Popular do MPA contribui para o escoamento da produção de batata doce roxa do Alexandro, de Piabetá e do aipim produzido pelo Rodrigo, da Gleba Santo Expedito – Assentamento Campo Alegre, em Queimados. Seu Luiz de Teresópolis, fornece mais de 50 tipos de folhas, além de ovos para a Cesta. Temos também a carne agroecológica produzida pelo João do Boi e os queijos que sua companheira Marli faz na região da baixada fluminense. O Thiago, de Silva e Jardim, produz vários produtos lácteos, tem a camponesa Vitória Dourado que trabalha com polpas de frutas e o Hudson que fornece tomate e ovos, tem ainda o Severino (Biol) que entrega vários tipos de batatas, aipim, entre outros camponeses e camponesas. Toda essa produção chega até os bairros da zona sul, da zona norte e do centro do Rio, além de Niterói.
“Durante a crise do novo coronavírus, a demanda de alimentação saudável aumentou. Estávamos distribuindo em média 300 cestas mensais, hoje distribuímos 300 cestas por semana”, comenta Débora. A companheira também lembrou da ação solidária do MPA, “aqui no Rio já foram distribuídas 150 cestas na comunidade de São Bento, em Padre Miguel e vamos distribuir mais cestas em Santa Luzia, no município de São Gonçalo”.
O MPA sabe que o caminho para enfrentar pandemias é olhar com carinho e respeito para a natureza que nos dá o “de comer” e garante manutenção da vida. Sem soberania alimentar não há saúde, sem saúde não há vida. A pandemia da Covid-19, que nos assusta com o crescimento acelerado de novos casos confirmados e mortes em todo o planeta, acendeu um alerta.
A humanidade que agora aprende a viver mantendo o distanciamento social, precisa reaprender outro modo de vida, como por exemplo, repensar sobre a origem e qual tipo de alimento deve colocar em sua mesa. O modelo de produção alimentar hegemonizado pelos agronegócio e controlado pelas grandes redes de supermercados se mostra ineficiente para garantir o direito à alimentação.
O consumo de alimentos agroecológicos produzidos pelo campesinato, ajuda tanto no fortalecimento do intercâmbio campo e cidade, como também na melhora da imunidade e reposição dos nutrientes necessários para o corpo neste momento de crise.
Saiba como pedir a sua cesta:
Cesta Camponesa do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA-RJ
O que é?
É um trabalho feito pelo movimento camponês, que conecta os pequenos produtores aos consumidores. Os produtos da cesta são agroecológicos, produzidos por famílias camponesas.
Como acessar?
Entre no site www.cestacamponesa.com.br faça um registro rápido e obtenha seu login e senha para entrar no sistema online.
(Somente quando a chamada estiver aberta é possível fazer seu pedido. Você escolhe os produtos dentre os disponíveis para cada ciclo. O pedido mínimo é de R$ 60,00).
Como recebo a cesta?
Após fazer o pedido, a Santaxi levará a cesta até você no dia da entrega. Você será avisado quando o pedido sair para entrega pelo número e e-mail cadastro no site.
Por Bárbara Nascimento – Brigada de Comunicação Popular do MPA/RJ
FOTOS: Coletivo de Comunicação – MPA/RJ
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