16 de novembro de 2024

Em espaço lotado na Cúpula do G20 Social, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) lançou a Missão Josué de Castro, na tarde de sexta-feira, dia 15 de novembro, em parceria com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

A Missão Josué de Castro visa a superação da fome de milhares de pessoas por meio de uma transição agroecológica e do fortalecimento dos territórios, tanto camponeses quanto urbanos.

Para Anderson Amaro, coordenador nacional do MPA e da Via Campesina Brasil e do Cone Sul, a grande contribuição da Missão possibilita construir um novo sistema alimentar, promover a verdadeira soberania alimentar, alinhando -se à Aliança Global contra a Fome. Ainda segundo Anderson, a Missão instiga uma sinergia pela verdadeira soberania alimentar, possível somente com a unidade do campo e da cidade.

A Missão Josué de Castro é uma proposta construída coletivamente por uma rede multi-institucional de movimentos sociais, entidades sindicais e organizações da sociedade civil, tais como: FUP, MTST, CMP, SM/ABC, Unisol, MAB, ASPTA, ASA, APIB, FASE, Pastorais Sociais, Mídia Ninja, Joio e o Trigo, De Olho nos Ruralistas e FASE, e tem apoio do Instituto Ibirapitanga e iCS, que atuam em nível federal no sistema alimentar e na equidade racial.

A Missão Josué de Castro visa a transição de sistemas agroalimentares, a fim de abastecer com 12 tipos de alimentos saudáveis, inicialmente, 5 milhões de brasileiras e brasileiros, residentes nas seguintes regiões: Norte, 500 mil pessoas; Nordeste, 1,5 milhão de pessoas; Centro-Oeste, 500 mil pessoas; Sudeste, 1,5 milhão de pessoas; e Sul, 1 milhão de pessoas. A Missão Josué de Castro pretende plantar em 200 mil hectares e envolver 100 mil famílias na produção agroecológica.

A Missão Josué de Castro prevê a promoção do acesso alimentar por meio de uma rede de abastecimento popular, uma rede de distribuição e acesso a comida de verdade e uma plataforma digital de comercialização. Prevê também a construção de uma infraestrutura produtiva, de processamento e integração logística, interligada à redes de produção de sementes e de produção de bioinsumos e de agroindústria e processamento; promoção da saúde e de plantas medicinais; aquisição de máquinas e equipamentos.

A Missão é ambiciosa e prevê também a construção de uma logística de transporte; transição energética a Carbono positivo e Carbono Zero; fornecimento de energia elétrica; capacitação e inovação social de tecnologias; plataforma digital de educação para transição agroecológica; laboratório de inovação social e tecnológica em agroecologia; integração da economia da sociobiodiversidade da Amazônia aos principais mercados nacionais; emancipação energética dos sistemas de produção do diesel; com apoio dos sistemas agroflorestais e silvipastoris junto às cadeias de bioeconomia.

No campo de diretrizes, a Missão a afirmação dos povos do campo, das águas e das florestas como a base do desenvolvimento do campo; a unidade da luta por terra e território; as mudanças climáticas como elemento transversal e impactante em todos os setores; a promoção da cooperação e formas associativas; a indissociabilidade entre agroecologia e o abastecimento popular de alimentos; o fortalecimento da economia feminista e de uma nova geração camponesa; a economia da sociobiodiversidade; a luta antirracista; alimentação e saúde pública; e a articulação com as questões nacionais, destacadamente com os setores de energia e mineral.