21 de fevereiro de 2020
Mobilização visa defender a escola, que é referência comunitária e social para população rural da localidade
O Movimento dos Pequenos Agricultores acompanhou atividade de mobilização em defesa da escola do campo na localidade de Canindé de São Francisco, no estado do Sergipe. O município, localizado no território do Alto Sertão, tem parcela significativa de sua população residente no meio rural, em grande parte instalada em assentamentos da reforma agrária e comunidades camponesas. “Essa parcela da população constituiu ao longo do tempo suas próprias referências territoriais, bem como dinâmica cultural e economia produtiva e social a partir do ambiente do camponês”, explica a professora Suelaine Rodrigues, que vem acompanhando a situação bem de perto.
Conforme explicou a educadora, que faz parte do Coletivo de Educação no Campo, essa especificidade e diversidade não está sendo considerada pela Secretaria Municipal de Educação, que vem propondo de forma autoritária um plano de “reordenamento”, que enfraquece as estruturas e induz o fechamento de escolas do campo: “Para nós está claro que este plano visa somente as questões financeira do município, não tem preocupação pedagógica para melhorar o ensino e fortalecer as comunidades camponesas”.
Diante do projeto do governo municipal, que propõe retirar crianças das escolas vinculadas às comunidades camponesas e assentamento, o Coletivo de Educação do Campo formado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e pelo o Movimento dos Pequenos Agricultores, realizou diversas atividades reivindicando a não implantação do plano de reordenamento.
Na última quarta-feira, 19, foi realizada audiência junto ao Ministério Público com a participação de representantes dos movimentos sociais, diretores de escolas, representantes do Conselho Municipal de Educação, Conselho Tutelar, representantes das comunidades, pais e mães, bem como representantes dos próprios estudantes. Também estiveram presentes órgãos de imprensa, Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do estado de Sergipe e vereadores. A audiência foi mediada pelo Promotor de Justiça Emerson Oliveira Andrade.
Após a exposição de argumentos o MP solicitou à administração municipal a suspensão do projeto de reordenamento escolar e a imediata reabertura das matrículas antes suspensas nas escolas.
Repercussão
“A audiência foi bastante difícil, há uma insistência da gestão municipal por fazer o fechamento com base situação financeira e nos números de estudantes nas escolas”, explica a professora Suelaine Rodrigues. “Isso para nós não tem cabimento, eles não estão preocupados com as consequências do fechamento de uma escola e fogem para não ouvir o grito do povo”, acrescenta a educadora.
Elielma Barros, dirigente do MPA em Sergipe, frisou que todos os envolvidos nesse movimento de resistência precisam fazer a sua parte: “Estamos chamando atenção para como as coisas estão interligadas, chamamos a população para debater as suas demandas e resistir ao que for abusivo”. Para ela, “o que acontece em nível local se reflete a nível nacional e vice-versa”.
“Ao mesmo tempo em que representantes dos movimentos sociais ligados ao campo estão mobilizados em defesa das escolas de Canindé e em outros locais onde a educação do campo está sob ameaça, noutra instância de luta seguem mobilizados em apoio à greve petroleira, que se estendeu por 20 dias”, acrescenta Elielma. “Lá, junto com os companheiros petroleiros e com as companheiras petroleiras, defendemos a manutenção da Petrobrás pública, denunciamos a política de preços abusivos dos combustíveis imposta pelo Governo Federal e buscamos a recuperação dos recursos do pré-sal para a educação, como estava previsto pelos governos populares anteriores ao golpe”, emenda a dirigente.
“A grande mídia não mostra, mas o fechamento de uma escola do campo está inserida no cenário conjuntural”, explica Rafaela Alves, também dirigente do movimento. “Quando atacam uma escola do campo, estão buscando enfraquecer a comunidade camponesa e fragilizar sua possibilidade de debate, conscientização e mobilização”, acrescenta. “Nossa tarefa também é a defesa dos direitos, da dignidade e da vida”.
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