3 de setembro de 2025

Mais de 500 lideranças populares do mundo estarão reunidas no 3º Fórum Global Nyéléni para combater o capitalismo, o colonialismo, o patriarcado, o racismo e o fascismo

O 3º Fórum Global Nyéléni, que acontecerá no Sri Lanka em setembro de 2025, entre os dias 6 e 13, será um momento marcante em nossa luta coletiva por transformação sistêmica. É o encontro mais importante de forças populares comprometidas com a construção de um mundo além do capitalismo, do colonialismo, do patriarcado, do racismo e do fascismo. Mais de 500 participantes de mais de 80 países se reunirão no Sri Lanka, inclusive representação do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

O Fórum reunirá uma poderosa constelação de movimentos e comunidades — povos indígenas, camponeses, pescadores, pastores, trabalhadores agrícolas, artesãos, feministas, migrantes, trabalhadores assalariados, pobres urbanos, ativistas da economia social e solidária, consumidores, trabalhadores da saúde, artistas e pesquisadores — unidos por uma visão compartilhada: construir economias populares e democracia, promover a paz e a solidariedade internacional, avançar na soberania alimentar e na agroecologia, defender terras e territórios, garantir saúde para todos e alcançar a justiça climática e a soberania energética.

UM ESPAÇO POLÍTICO PARA A TRANSFORMAÇÃO SISTêMICA

O 3º Fórum Global Nyéléni servirá como um espaço de convergência, estratégia e solidariedade. Seus principais objetivos são:

• Desenvolver uma análise compartilhada das lutas interconectadas e dos desafios globais que enfrentamos.

• Reconhecer e celebrar nossas diversidades culturais e espirituais na luta coletiva.

• Oferecer um espaço para trocar conhecimento, experiências e construir alianças entre movimentos e regiões.

• Construir novas estratégias conjuntas e uma visão comum para sociedades justas e resilientes.

O Fórum vislumbra um mundo onde as pessoas se elevam acima do lucro — organizadas em resistência para esmagar o capitalismo, o colonialismo, o racismo, o patriarcado e o fascismo — tornando a transformação sistêmica uma realidade para todos.

UM PROCESSO GLOBAL DE MOBILIZAÇÃO

O caminho para o 3º Nyéléni GlobalForum é, em si, um processo participativo e liderado pelo movimento. Atualmente, ele está organizado em seis processos regionais, todos coordenados e articulados por um Comitê Diretor Global composto por movimentos sociais e redes de base. Paralelamente a eles, um grupo de organizações não governamentais (ONGs) aliadas contribui com análises críticas e expertise técnica em solidariedade ao movimento.

O processo já reuniu assembleias regionais, discussões temáticas e consultas que alimentam o conteúdo, a visão e as demandas da convergência global. Essas contribuições regionais formarão a base do trabalho no Fórum no Sri Lanka, onde serão incorporadas em diálogos inter-regionais e intertemáticos para a construção de propostas e planos de ação unificados.

Mas o Fórum não é o destino final — nosso objetivo não é um evento. O processo Nyéléni visa construir uma transformação sistêmica por meio de ações compartilhadas que definimos e levamos adiante juntos muito depois do término do Fórum.

EXPANDIR ALIANÇAS, ENFRENTAR CRISES INTERLIGADAS

Hoje, nosso processo é enriquecido pelas vozes e experiências daqueles que promovem a soberania alimentar, a agroecologia, a justiça climática, as economias feministas e solidárias, a visão do bem viver, as lutas pela saúde dos povos, as transições energéticas justas e feministas, a soberania energética e o controle liderado pela comunidade sobre florestas, terras e territórios.

Essa convergência fortalece nossa capacidade de responder coletivamente às crises inter-relacionadas de clima, alimentação, saúde, desigualdade e deslocamento — em direção a um futuro em que nossas propostas transformadoras não sejam slogans, mas realidades construídas do zero.

O LOCAL – KANDY, SRI LANKA

Sediar o 3º Fórum Global Nyéléni no Sri Lanka traz inspiração e responsabilidade. Esta nação insular está passando por uma complexa transição social, econômica e política que reflete muitas lutas globais.

Contexto político

Em 2024, o Sri Lanka testemunhou uma mudança histórica com a eleição de Anura Kumara Dissanayake , líder da coalizão Poder Popular Nacional (NPP) , como presidente. Isso marcou uma ruptura com 76 anos de elites políticas tradicionais desde a independência do domínio britânico. Com uma maioria parlamentar de dois terços, o novo governo prometeu reformas sociais, particularmente na política rural e agrícola.

Embora haja esperança de reformas agrícolas e desenvolvimento rural favoráveis ​​ao povo, o Sri Lanka continua imerso nos programas de ajuste estrutural do FMI e do Banco Mundial. A tensão entre aspirações progressistas e restrições neoliberais continua sendo um desafio político fundamental.

Realidades Econômicas e Sociais

A economia do Sri Lanka apresenta sinais frágeis de recuperação, com crescimento modesto de 3,5%, inflação mais baixa e apoio do turismo e das remessas. No entanto, persistem profundos problemas estruturais: Mais de 100% do PIB em dívida pública, Altas taxas de pobreza (1 em cada 4 pessoas) e Emigração contínua de trabalhadores para o exterior.

Embora o país avance em serviços digitais e infraestrutura, muitas famílias ainda têm dificuldades para pagar por alimentação, saúde e educação. O programa Aswesuma oferece alguma proteção social, mas é insuficiente para o número crescente de famílias necessitadas.

As mulheres frequentemente enfrentam violência, baixos salários e acesso financeiro limitado. Comunidades LGBTQ+ sofrem discriminação legal e social, com pouco apoio institucional. Problemas de saúde mental são generalizados, especialmente entre grupos marginalizados.

Apesar de oferecer saúde e educação gratuitas, os cortes orçamentários impulsionados pela austeridade enfraqueceram os serviços públicos. Nas regiões rurais e do pós-guerra, os desafios são agravados por legados de conflitos não resolvidos, incluindo a remoção de minas terrestres e a discriminação oculta de castas e etnias.

Ao escolher o Sri Lanka como anfitrião, o processo Nyéléni afirma sua solidariedade com os povos em resistência — aqueles que enfrentam crises enquanto constroem esperança e alternativas. O Fórum trabalhará com governos locais e movimentos populares, garantindo que o espaço reflita as vozes e realidades dos mais afetados.

Nesse contexto, o Fórum se torna mais do que um encontro. Torna-se um ato político: enraizando o movimento global pela soberania alimentar nas lutas vividas pelo povo do Sri Lanka e fortalecendo alianças globais por justiça e libertação.

POR QUE NOS REUNIMOS EM 2025

Em um momento de crescente colapso social, econômico e ambiental, o 3º Fórum Global Nyéléni é um chamado à organização. Nos unimos não apenas para resistir, mas para construir — em todos os territórios, setores e gerações.

Aproveitaremos nosso poder de base para moldar debates globais, influenciar espaços políticos e impulsionar a transformação que nossas comunidades exigem. Mas o objetivo do processo não é o fórum em si, mas a transformação sistêmica por meio de ações que definiremos e implementaremos juntos nos próximos anos.