19 de julho de 2021

O lançamento ocorreu no último dia 16, e contou com a presença de pequenos agricultores

Comunicação MPA Sergipe

As contradições existentes na histórica busca pelo avanço do domínio do capital no campo revelam nesta obra as intenções que ora criam escolas, visando conter o êxodo rural e melhor produção agrícola, e ora as retiram desse espaço, incentivando a redução da população camponesa. Já que, agora, a “liberdade total” do neoliberalismo compreende as comunidades camponesas como verdadeiro entrave ao projeto irrestrito do capital internacional no campo por meio do domínio das terras, águas e sementes pelo agronegócio.

A pesquisa trazida no livro adentrou também a análise do território camponês, que caminha de forma antagônica a tais interesses do capital, trazendo a discussão da agroecologia como contraposição ao agronegócio, e, por meio dela, constatou, tanto nas entrevistas quanto nos documentos analisados, os interesses e lutas dos camponeses para construção de um território na perspectiva da produção de vida, onde a educação e as escolas são estratégicas e fundamentais.

A abordagem histórica da escolarização no campo perante os modelos de desenvolvimento para ele: o modelo conduzido pelo território do agronegócio e o que aparece ligado ao território camponês, pôde nos fazer notar que se trata de um cenário de territórios em disputas. E disputas acirradas! Tanto no âmbito ideológico do território da educação do campo quanto, quanto pela própria existência das escolas nestes espaços. Ao passo que os camponeses compreendem e reafirmam historicamente o valor da escola para os trabalhadores do campo e seus filhos, com vistas à formação humana, e defendem um campo com escolas do campo atreladas às suas lutas sociais, os governos vêm na contramão e, ano após ano, ao invés de investirem em reformas e formação continuada para melhorias nessas escolas, fecham diversas unidades de ensino.

Sendo assim, o livro apresenta e discute não só os dados valiosíssimos de cada município sergipano, entre paralisações e extinções, mas também os motivos trazidos para por gestores para os fechamentos, a intrigante ausência documental de registros desses processos de fechamentos, a análise dos movimentos sociais perante esta realidade complexa e a amplitude histórica de compreensão da realidade por meio do método escolhido para análise: O materialismo histórico dialético.