19 de agosto de 2016

Nesta quarta-feira, 17 de agosto, na cidade de Goiás-GO, durante o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA) foi lançada a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, que tem como tema “Cerrado, Berço das Águas: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida”.

O lançamento integra o Fórum Ambiental do evento e contou com a presença do pesquisador Altair Sales Barbosa, Elziene de Abreu, do Coletivo de Fundo e Fecho de Pasto da Bahia, a liderança indígena Antônio Apinajé, do Tocantins, Isolete Wichinieski, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Robson de Sousa Moraes, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), bem como, representantes do MPA, MST, ATR, MMC, CONTAG, CPT, MCP, FETAEG, Levante Popular da Juventude, a 2a turma de direito para beneficiários da Reforma Agrária e Agricultores Familiares, professores das unidades acadêmicas: UEG – Universidade estadual de Goiás, UFG – Universidade Federal de Goiás, escolas estaduais e municipais.

A campanha é promovida por 36 organizações, movimentos sociais e entidades, que em sintonia com povos e comunidades do Cerrado, tem olhado com preocupação para o bioma, o qual tem sofrido ações devastadoras nos últimos tempos, assim como, as pessoas que vivem nesse espaço.

“A campanha tem várias dimensões. Uma primeira é dar visibilidade à presença da diversidade humana, cultural e natural do Cerrado. Outra é visibilizar a importância do bioma para o conjunto da vida em outras regiões, isso quanto à questão da água, por exemplo. E ainda, por outro lado, mostrar como tudo isso está em risco. Por isso não é só uma campanha dos povos e organizações do Cerrado, mas de todos brasileiros”, destaca o membro do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), organização que também compõe a Campanha, Gilberto Vieira.

Entre os objetivos da Campanha está pautar e conscientizar a sociedade, em nível nacional e internacional, sobre a importância do Cerrado e os impactos dos grandes projetos do agronegócio, da mineração e de infraestrutura; dar visibilidade à realidade das Comunidades e Povos do Cerrado, como representantes da sociobiodiversidade, conhecedores e guardiões do patrimônio ecológico e cultural dessa região; fortalecer a identidade dos Povos do Cerrado, envolvendo a população na defesa do bioma e na luta pelos seus direitos; e manter intercâmbio entre as comunidades dos Cerrados brasileiros com as comunidades de Moçambique, na África, impactadas pelos projetos do Programa Pró-Savana.

Na oportunidade também foram feitos relatos a luta pelo cerrado, das comunidades e povos indígenas em sua defesa, contra um modelo econômico que vem explorar e prejudicar ambientalmente o bioma. Isto coloca em risco a própria permanência das populações no território do cerrado, destaca o jovem camponês do MPA, Hugo Rocha.

O Altair Sales trouxe a perspectiva ambiental do cerrado, os impactos dos projetos de desenvolvimento, os riscos da perca do bioma, traçou uma linha temporal em que incluiu a formação geológica do bioma do cerrado traçando mais adiante um perfil paralelo entre o tempo de formação do bioma e o risco de perda iminente do mesmo e seus respectivos impactos sobre o restante do território nacional, que depende em grande medida deste bioma.

Por sua vez, António Apinaje abordou os impactos dos projetos sobre os territórios indígenas, a luta, não só de sua tribo, mas de todas as outras contra o latifúndio e o modelo econômico que expulsa e mata as famílias.

E Isolete destacou as questões gerais sobre a diminuição das águas em diversos estados, e dos reflexos que isso tem sobre as comunidades. Abordou o uso da água na irrigação (por exemplo o pivô como grande consumidor de água). A alta utilização de agrotóxicos nas águas o que gera impactos seríssimos sobre a saúde.

Por Comunicação MPA com informações da Campanha