17 de dezembro de 2018
O verde da natureza, que hora se transforma em campo de futebol, outrora em áreas de lazer e descanso, a água corrente que enche a piscina, se misturam com a vida, as cores, os costumes e as diversidades trazidas por mais de cem jovens vindos de todos os cantos do Cerrado. Para quê? Contar suas histórias, trocar experiências e tecer laços de força e luta por um Cerrado vivo e de pé.
O primeiro dia do Encontro Nacional das Juventudes do Cerrado reforçou o sentimento de pertença dessas e desses jovens. Quanto mais conhecem e se conectam com a própria história, mais se empoderam em defesa das vidas, comunidades e tradições.
Um dos caminhos para que esse pertencimento aconteça é a aproximação das juventudes com os mais velhos. Se uma comunidade secular resiste até os dias de hoje é porque alguém, antes, persistiu. São nos processos de escuta, trocas e aprendizados, principalmente com a ancestralidade, que as raízes são fortalecidas e se tornam mais profundas e resistentes.
Os desafios ainda são muitos. A permanência da e do jovem no campo talvez seja o principal deles. A dificuldade de acesso à educação e geração de renda faz com que muitas e muitos jovens saiam de seus territórios para arriscar o início de uma vida adulta nas cidades. O problema é que, muitas vezes, as realidades desses centros não dialogam com a cultura e os modos de vida no campo.
E o que as e os jovens do Cerrado querem?
Querem escolas no e do campo. Querem oportunidades de geração de renda em seus espaços de origem. Querem viver suas culturas e a liberdade de suas diversidades.
Nesta perspectiva, três experiências trazidas pelos próprios jovens mostraram que, apesar dos constantes desafios, é possível permanecer e pertencer à terra e ao território onde nasceram e criaram suas raízes.
Railson, do Piauí, lembrou que a educação precisa ser emancipatória e voltada para as realidades de cada povo. As escolas das cidades não dialogam com os modos de vida e costumes do campo. E isso pode tornar a vida do jovem do campo nas cidades muito difícil.
Cleyton e Natan, da Associação dos Agricultores e Agricultoras Afrodescendentes da Comunidade Capão Verde, no Mato Grosso, estão, aos poucos, assumindo o comando de uma agroindústria de beneficiamento de banana que teve início a partir da organização de um grupo de mulheres. A mãe de Cleyton era uma delas e ele tinha apenas um ano de idade quando tudo começou. Hoje, ele e mais seis jovens, tocam os negócios que ele diz não crescer mais por falta de interesse das juventudes da comunidade em participar.
A Juventude da Teia, uma articulação de povos e comunidades tradicionais do Maranhão, trouxe a partir do emaranhado de culturas e diversidades, a força que brota da união desses povos.
O primeiro Encontro Nacional dos Povos do Cerrado, realizado pela Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, ocorre em Hidrolândia, interior do estado de Goiás. O objetivo é articular e valorizar as experiências e os saberes dessas juventudes. Afinal, são elas e eles os responsáveis pela continuidade das tradições, dos conhecimentos e modos de vida que mantém as águas, a fauna, os ecossistemas e os povos vivos no Cerrado brasileiro.
Por Thays Puzzi / Assessoria de Comunicação da Rede Cerrado
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