23 de fevereiro de 2024
Marcos Corbari
MPA Brasil | Foz do Iguaçu (PR)
A Jornada Latino-americana e Caribenha de Integração dos Povos, que está sendo realizada em Foz do Iguaçu (PR), tem proporcionado momentos marcantes de reflexão e solidariedade para uma causa além-mar: a violência praticada pelo Estado de Israel contra o povo Palestino. No final do primeiro dia de atividades, atrelado a um ato simbólico de apoio à causa palestina, o jornalista e fundador do portal Ópera Mundi, Breno Altman, fez o lançamento de seu novo livro “Contra o Sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista”, publicado pela Editora Alameda.
Juntamente ao lançamento da obra, a questão palestina foi debatida com a participação do professor de Relações Internacionais e especialista em Oriente Médio, Renatho Costa, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), e Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal).
Altman está realizando um giro por algumas capitais brasileiras com o objetivo de levar o debate sobre o sionismo e a situação dos palestinos à população. “Não se trata apenas de um promover o livro. Cada lançamento é uma atividade de solidariedade aos palestinos. Todo evento é um espaço para discussão, seja uma palestra, seja um debate”, explica.
Lançado em dezembro de 2023, o livro é fruto de debates, entrevistas e análises com especialistas sobre o contexto da nova agressão promovida pelo governo de Benjamin Netanyahu. Hoje, com mais de quatro meses de guerra, a conduta das autoridades israelenses já resultou na morte de quase 30 mil palestinos.
No livro o autor explica, de forma didática, os fundamentos do regime sionista, da questão palestina e do Estado de Israel. A obra mostra as diferenças entre judaísmo e sionismo, e explica como o próprio sionismo se transformou em uma ideologia racista, colonial e teocrática que promoveu a construção de um regime de apartheid contra os palestinos.
Renatho Costa explicou que é a primeira vez que se está assistindo um genocídio ao vivo. “Temos visto que muitas pessoas permanecem passivas mesmo acompanhando esse genocídio, onde a grande maioria das vítimas são mulheres, crianças e idosos”.
Relembrando as dificuldades que teve para chegar até a Palestina, pode sentir de forma concreta como grande parte da comunidade internacional permanece calada. “O que Israel está fazendo é um grande crime de guerra”, afirmou. Destacou ainda que a barbárie vem sendo exposta diante das mídias e muitas pessoas respondem apenas com um like. “O presidente Lula modificou esse cenário a partir do momento em que se manifestou afirmando o genocídio de palestinos e comparando o governo de Netaniahu ao governo de Hitler, fazendo contraponto a diversos líderes mundiais que se calaram”.
Ualid Rabah, hoje uma das principais vozes em defesa do povo Palestino no país. Agradeceu aos movimentos sociais e populares que estão manifestando apoio ao povo Palestino. “A única forma de o povo do ocidente compreender o que é um genocídio, é comparar com o único genocídio acontecido no ocidente: o holocausto”, afirmou. Para ele, se houvesse um líder como Lula em 1938 para denunciar a barbárie, talvez a Segunda Guerra nunca tivesse acontecido.
“A faixa de Gaza é um território minúsculo, menos do que Foz do Iguaçu, mesmo tendo aproximadamente 4 vezes a população da cidade paranaense”, acrescentou, detalhando que hoje o povo palestino está confinado a uma área de 60 km quadrados, são quase 2 milhões de pessoas morrendo de fome, de sede, passando necessidades, levando bombas. “Já são mais de 37 mil pessoas assassinadas, representa quase 2% da população de gaza dizimada, proporcionalmente o número de mortos pelo genocídio realizado por Israel em Gaza já está sim adequado à proporção que avaliza a comparação. E o dado mais grave, cerca de 45% dos mortos são crianças, inocentes” afirmou. “Nós não temos dobradiças nas vértebras, nós não nos dobramos, nós vamos resistir, Palestina livre!”
Altman afirmou que o assassinato de 6 milhões de judeus durante o holocausto é a fonte de legitimidade do regime sionista. “Hoje aplicam contra outro povo as mesmas ferramentas de extermínio utilizadas contra o povo judeu”. Para o jornalista, de certa forma, as palavras do presidente Lula deixaram Benjamin Netanyahu “nu” em praça pública.
“Lula afirmou que o governo e o exército de Israel não podem, sob hipótese nenhuma, fazer o que estão fazendo contra o povo palestino, colocou sobre a mesa aquilo que no máximo as pessoas falavam a boca pequena, destampou o bueiro da história”. Declarou que o sionismo jamais foi inimigo do nazismo, que o sionismo não é a expressão do judaísmo, que é uma corrente política nacional-chauvinista que buscava respostas racistas às questões nacionais. Os sionistas buscaram a construção de um estado de supremacia racional, utilizando metodologias semelhantes ao que o nacional-chauvinismo usava.
“O sionismo não tem a ver com o povo judeu, tem a ver com a burguesia judaica e o imperialismo. Ao apontar o dedo, ao expor essa ferida, Lula contribui e muito com a solidariedade internacional. Acabaram-se as meias-palavras, as vísceras do sionismo estão expostas”.
Para concluir, colocou três pontos centrais a respeito do que a fala de Lula provocou: provocou constrangimento aos demais países; desafia a esquerda brasileira ampliar sua solidariedade com o povo Palestino; e ajuda a aprofundar a desmoralização do regime sionista. “Nós não podemos sossegar em um único momento na denúncia do que está acontecendo, essa é uma batalha que deve ser feita com a mesma intensidade do que se trava contra o nazifascismo. Não se deixem levar pelo discurso da desesperança, ele é uma das armas do sionismo. Temos uma obrigação histórica e moral com o povo Palestino e seus grupos insurgentes”.
Desde o início dos ataques israelenses a Gaza, em outubro de 2023, Altman, que é judeu, tem continuamente denunciado o massacre contra o povo palestino. Em decorrência de suas críticas ao regime sionista de Israel, o jornalista passou a sofrer uma série de perseguições e ameaças judiciais a pedido de organizações como a Confederação Israelita do Brasil (Conib) que condenam sua postura.
O evento em Foz do Iguaçu conta com o apoio da Editora Alameda, da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (CEBRAPAZ) e da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal da Integração Latinoamericana (SESUNILA).
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