28 de julho de 2019
A VI Festa Camponesa que acontece entre os dias 26 a 28 de julho, no município de Jaru, estado de Rondônia traz como tema a ‘Soberania Alimentar: Qualidade de Vida para o Povo Brasileiro’ e é organizada pela Via Campesina, composta pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) Conselho Indigenista Missionário (CIMI), pelo Instituto Pe. Ezequiel Ramin (IPER) e conta com apoio da Paróquia São João Batista e suas diversas pastorais sociais.
De acordo com Leila Denise Meurer, da coordenação estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a Festa Camponesa é momento de celebração das vitórias e conquistas de camponeses e camponesas, mas, também “é um espaço de reafirmação da nossa luta pela reforma agrária, por políticas públicas que garantam a prática da agroecologia e o cuidado para que os bens da natureza não sejam tratados apenas como mercadoria”.
Esta edição da Festa tem a participação de representantes de 22 municípios do estado que trazem em suas bagagens sonhos de bem comum, sementes crioulas, produtos que são fruto de seu trabalho e que serão comercializados na feira que acontece durante todo o evento e partilhados no café camponês que encerrará este grande encontro.
Iniciando o Seminário sobre Soberania Alimentar: Qualidade de Vida para o Povo Brasileiro, Kelli Mafort, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) de Ribeirão Preto falou sobre a conjuntura internacional e nacional. Mafort destacou as características ultraliberais e conservadoras em vigor no cenário político e econômico do Brasil.
“Este momento que estamos vivendo em nosso País é um momento para nos reencontramos com nossa história porque um povo sem memória é um povo morto. E é através deste conhecimento que conseguiremos enfrentar este projeto privatizante, conservador e de inspiração fascista que fez com que os preconceitos de classe, o machismo e o racismo se estruturassem deixando mazelas profundas na nossa sociedade”.
Mas Mafort acredita que para enfrentar este cenário que se apresenta é preciso que o povo brasileiro se organize através de formação política, encontros, debates e a união às demais frentes de luta em curso no País.
Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) foi um dos convidados para somar na análise de conjuntura sobre a realidade da Amazônia. O arcebispo iniciou sua fala fazendo memória aos mártires da caminhada, sobretudo aqueles cujos nomes permanecem desconhecidos pela sociedade.
Paloschi falou sobre a necessidade de defender a Amazônia e seus povos e conhecer os seus enfrentamentos históricos a projetos desenvolvimentistas pautados na exploração desmedida, na destruição da floresta e dos recursos naturais de seus territórios.
Para contribuir neste enfrentamento, Paloschi acredita que o Sínodo da Amazônia, que acontecerá em Roma de 6 a 27 de outubro, e terá como tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral” trará luzes sobre a dura realidade enfrentada por estes povos e superará o âmbito eclesial amazônico, pois será relevante para a Igreja universal e para o futuro do planeta, nossa ‘Casa Comum’.
“A palavra Sínodo significa caminhar juntos, é nisto que cremos. Sozinhos não vamos a lugar nenhum. Juntos somamos força,coragem e ousadia para lutarmos para que os povos da Amazônia sejam um hino à Deus de esperança e cuidado com a Casa Comum”, encerrou.
Quando estamos com fome, nós comemos ou nos alimentamos? Qual a diferença? Raul Krauser do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) do Espírito Santo desafiou os participantes da VI Festa Camponesa a pensarem sobre a diferença entre os dois atos.
Segundo ele, comer pode significar ingerir produtos que simplesmente saciem sua fome, mas se alimentar significa nutrir seu corpo com alimento saudável, produzido por quem se preocupa com quem irá consumir este alimento, por quem enxerga um rosto e não apenas o dinheiro que será dado em troca de uma mercadoria, como faz a indústria alimentícia que envenena e adoece as pessoas.
Krauser afirmou que para pensar a soberania alimentar de um País não podemos dissociar o modo de produzir, distribuir, comercializar e consumir alimentos. “O planeta produz alimento para 12 bilhões de habitantes. Sabendo que somos 7 bilhões, por quê, de acordo com dados da FAO, 900 milhões de pessoas ainda passam fome no mundo? Para onde vai o excedente”? Pergunta.
“Precisamos rever nossos hábitos. O Brasil joga no lixo cerca de 26 milhões de toneladas de alimentos todos os anos. Enquanto isso nossas terras estão cada vez mais degradadas e nossos recursos naturais estão ficando escassos. Não Podemos matar nossa fome com carros e celulares. Sobrevivemos sem energia e sem produtos de consumo. Mas não sobreviveremos sem água potável, alimentos saudáveis e ar puro”.
E encerra sua fala afirmando que é preciso resgatar hábitos ancestrais de alimentação e reaprender o gosto das coisas. Tirar tempo para comer bem e em família, viver a vida e não apenas trabalhar a vida. E que é preciso ter coerência em nossos atos porque “defender a agricultura camponesa não deve ser da boca pra fora e sim da boca pra dentro”.
Este ano na sua VI edição a Festa Camponesa se tornou um ato cultural da população rondoniense, principalmente daqueles e daquelas que respeitam e acreditam na produção de alimentos feitos pelos camponeses e camponesas e populações tradicionais.
Devido a este compromisso com a sociedade a Via Campesina assumiu o desafio de realizar desde sua primeira edição no ano de 2008, a Festa Camponesa a cada dois anos. As edições anteriores (2008, 2009, 2011 e 2013 e 2016), foram essenciais para animar e alimentar a mística e energia dos milhares de camponeses, indígenas e quilombolas que passaram pelas edições.
Ao longo destes 10 anos, foram discutidos temas como o combate aos agrotóxicos no estado e direito dos camponeses, além das trocas de sementes, que na ultima edição chegaram a mais de 200 variedades, outro marco das festas é o esperado “Café Camponês”, onde toda a variedade de alimentos produzidos pelas organizações da Via Campesina é servida as cidades que recebem as edições.
(Matéria da Cobertura Colaborativa da VIA CAMPESINA no primeiro dia da festa)
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