3 de março de 2022
Elen Carvalho
Brasil de Fato BA | Salvador (BA)
Você tem pensado se o alimento que consome está sem veneno? Pois é. Esta tem sido uma preocupação cada vez maior das brasileiras e brasileiros, diante das constantes liberações de uso de defensores agrícolas, também conhecidos como agrotóxicos, no Brasil. Uma alternativa é consumir alimentos de feiras e cestas agroecológicas.
Anderson Amaro, da direção nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), explica quais fatores são levados em conta para identificar um produto agroecológico. “Primeiro as relações de gênero. As pessoas têm que respeitar a diversidade das famílias, e a família é central nessa produção. Segundo, essa produção é calcada no respeito à natureza. Então, não é praticado o monocultivo. Agroecologia já pressupõe diversidade. E, um dos fatores que sempre falamos, o não uso de venenos. A gente usa vários insumos, mas eles são fornecidos pela própria natureza, como caldas e biogel feito das próprias plantas, que aumentam a fertilidade do solo e contribuem para um alimento mais saudável”, explica o dirigente.
Anderson argumenta sobre o motivo que as pessoas deveriam consumir mais produtos agroecológicos: “Você vai ajudar a mobilizar a economia local, a economia familiar. Depois, você estará consumindo alimentos de boa origem, sem veneno, produzido dentro das práticas de respeito ao meio ambiente. E isso conta muito, já que, no Brasil, temos visto o aumento do adoecimento das pessoas, de casos de câncer, que sabermos serem oriundos de uso de forma desenfreada de agrotóxicos”.
Ainda circula uma ideia de que esses alimentos são mais caros, o que Anderson rebate. “O que existe são alguns atravessadores que colocam sobrepreço em alimentos que sabem que é agroecológico e colocam como orgânico, e o orgânico tem esse fetiche de ser mais caro, por causa da lei da oferta e da procura. Mas o que a gente tem que praticar é o preço justo, para que essas famílias continuem produzindo dessa forma. O agronegócio recebe subsídio do governo federal e não é a mesma coisa com a agricultura familiar. É essa lógica que precisamos inverter, e ter a pressão da sociedade para que a gente mude isso é fundamental. Mas, hoje, se você comprar direto dos agricultores e das suas cooperativas, você consegue alimentos bem mais baratos do que alimentos tradicionais”.
O MPA tem a plataforma Raízes do Brasil, na qual as pessoas podem comprar cestas de alimentos agroecológicos produzidos na Bahia. O site está passando por uma reformulação e deve voltar a funcionar a partir de abril. De acordo com Anderson, em cidades que ainda não possuem feiras agroecológicas, além de comprar no site do movimento, é possível procurar as cooperativas de agricultoras e agricultores, além de entrar diretamente em contato com eles.
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