22 de julho de 2021
Mateus Quevedo
MPA Brasil | Seberi (RS)
Em meio às pedras preciosas, famílias do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) de Ametista do Sul, no RS, conquistaram agroindústria para beneficiamento de ovos orgânicos e caipira. A primeira leva de poedeiras colônias Embrapa 051 chegaram no mês de junho. Além da produção de ovos orgânicos esta raça permite também bom aproveitamento para o consumo da carne.
A conquista do entreposto e equipamentos se deu após intensa jornada de lutas e é uma alternativa de renda e produção sustentável que resulta em qualidade e na manutenção da vida das famílias camponesas. A família do seu Utalino Fernandes Júnior, morador da linha Barreiro Grande, foi uma das beneficiadas. Para ele, a chegada das pintainhas é central para a permanência dos filhos na roça.
“A importância é que vai ter uma renda a mais pra nós, pros meus filhos e dai com a renda incentiva mais aos filhos ficarem no campo, porque na cidade não é fácil. Estou fazendo de tudo pra ver se eles ficam aqui comigo, trabalhando no interior, no campo.”
Utalino tem pomar de laranja, 30 colmeias de abelha e agora conta com aviário pra produção de ovos caipira. “Tivemos em Porto Alegre acampados no Chocolatão, duas semanas pra conquistar os 10 mil, naquela época era só pra fazer investimento. Nós conseguimos lutando e devagar fomos fazendo o aviário” fala o camponês sobre o processo de luta para conquistar o entreposto.
“O entreposto é a agroindústria, porque o agricultor a agricultora não podem vender ovo, mesmo que o aviário seja legalizado sem ele passar por um mínimo de agroindústria, que é onde embala, classifica, vê se tem trincado, rachado e faz uma limpeza adequada no ovo” quem explica o papel do entreposto é Debora Varoli, da coordenação do MPA na região. Segundo ela, a construção dos aviários se dá desde o governo Tarso, quando havia o Programa Camponês para transição agroecológica, que foi uma linha de crédito desbancarizada destinada à agricultura familiar.
A camponesa Marines Ferri dos Santos, moradora da linha Santo Antônio, diz que a produção de ovos orgânicos é a realização de um sonho. “Sempre tive esse sonho de produzir orgânicos e a nossa produção já é orgânica. Todos os alimentos que nos plantamos e produzimos são orgânicos. Então essa é mais uma etapa que eu estou realizando. A criação das galinhas poederas, é mais um sonho realizado”, relata.
Marines também acredita que esta conquista é uma forma de gerar renda com qualidade de vida pra ela, o marido e os filhos. “Eu gostaria muito que quando a produção desse certo, meu esposo sairia do garimpo. E eu tenho dois filhos que também trabalham pra fora, então eu gostaria de aumentar a produção e ter eles perto” desabafa a camponesa. João Maria, seu marido é garimpeiro em Ametista, que como o nome da cidade sugere, tem sua economia baseada na extração desta pedra.
A preocupação com a saúde do marido aumentou com a chegada do Covid-19, uma vez que os garimpeiros ficam expostos ao pó do basalto no interior das furnas subterrâneas deixando o sistema respiratório mais frágil. Por isso, é tão importante para Marines contar com a possibilidade de geração de renda a partir da agroindústria. “É muito gratificante saber que o empenho, o esforço tá dando certo, estou muito contente e espero que dê tudo certo. É muito importante pra mim”, completa.
Foram alojadas 1000 pintainhas dividas em dois aviários. As famílias de Marinês e Utalino ficam responsáveis por garantir o cuidado e alimentação para as poedeiras. É importante destacar que toda a alimentação é de base orgânica. Segundo a Embrapa, durante todo o ciclo produtivo, cada galinha tem potencial para produzir 345 ovos. Os ovos então são recolhidos, levados até o entreposto onde são beneficiados e classificados e então embalados e comercializados em feiras e mercados.
A assistência técnica e a gestão da agroindústria é realizada pela Cooperbio, cooperativa que as duas famílias são associadas e que é ligada ao MPA. Tanto Marinês quanto Utalino serão pioneiros na produção de ovos orgânicos apartir da agricultura camponesa familiar na região. “Tenho fé que vai dar certo porque a Cooperbio tá se esforçando bastante, trabalho fora do sério e a união faz a força. Ai acho que vai dar certo”, finaliza Utalino.
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