22 de maio de 2021
Neste dia internacional da Biodiversidade damos início a uma série de reportagens especiais sobre Guardiões da Agrobiodiversidade, Plantadores de Água e de entrevistas com Ambientalistas. A ideia é despertar a luta em defesa dos nossos biomas e saídas políticas para as emergências climáticas. As publicações especiais irão até dia 5 de junho, dia do Meio Ambiente.
Bárbara Nascimento
MPA Brasil | Aracaju (SE)
Você sabe de onde vem a comida que vai parar no seu prato todos os dias? É alimento ou veneno? Infelizmente, os lares brasileiros carecem de comida de verdade na mesa. Muitas vezes sem saber, ingerimos agrotóxicos e transgênicos na maioria de nossas refeições.
O alastramento do modelo de produção vendido como “pacotes tecnológicos”, além de modificar a terra e contaminar a natureza, produz um alimento pobre em nutrientes e rico em toxinas. Útil apenas ao agronegócio, ele garante muitas cifras para o bolso de alguns poucos e produz além da infertilidade do solo e desequilíbrios ambientais, doenças, fome e morte. O nome que parece apenas fazer uma alusão ao uso de novas tecnologias no campo, na verdade, esconde o que há de pior nesse modelo: uma combinação perversa de herbicidas, inseticidas, fungicidas e o uso de sementes geneticamente modificadas, um verdadeiro pacote do mal.
Felizmente, a resistência do roçado, do cultivo e da comunhão com a natureza é uma semeadura que nunca para de dar frutos. Graças a sabedoria milenar e ao entendimento simples e profundo de ser parte da natureza e não dono dela, agricultoras e agricultores podem celebrar a vida que se renova através das sementes crioulas.
Segundo Maria dos Santos de Jesus, militante do MPA e coordenadora da Unidade de Produção Camponesa de Canindé de São Francisco, sertão sergipano, “as sementes crioulas são materiais genéticos passados de geração em geração, selecionadas pela própria natureza, sem alteração de seu DNA e que se multiplicam”. Maria conta com alegria que essa multiplicação ampliou a produção de milho cunha, e a UPC chegou a produzir uma tonelada de alimentos. A produção também é variada: macaxeira, gergelim branco e preto, feijão-de-porco, feijão guandu, etc.
“A função de um agricultor é cultivar essa terra. Se você tem a semente em suas mãos, você tem autonomia e pode exercer a função social do campesinato de produzir alimento e produzir a própria vida”, com essas palavras Maria traduz a beleza do trabalho de guardar, multiplicar e cultivar sementes.
Em razão da pandemia de COVID-19, a rotina da Unidade também sofreu alterações, mas a produção segue firme e novos laços também foram criados, “UPC não recebe visitas, nem está fazendo intercâmbios e se mantém em quarentena, mas sem parar os processos produtivos. Só entra na UPC quem está no grupo produtivo. E agora há entrega de alimentos em domicílio, com todos os cuidados com a higienização dos alimentos e uso de álcool gel e máscara”, comenta Maria.
Não parece ser à toa que a palavra semeadura seja feminina. “Quem tem feito a Agroecologia são as mulheres. Se a gente olhar para os sistemas camponeses de produção, a gente vai ver que a participação da mulher está ligada ao entorno da casa, dos quintais, com diversidade de plantas ornamentais, plantas medicinais, plantas para consumo, como variedades de fava, feijões, milhos. Isso está dentro dos quintais das famílias. Galinha, cabra, ovelhas, tudo isso está no entorno da casa e é um trabalho feito pelas mulheres camponesas”, complementa Maria ao falar do protagonismo das mulheres na Agroecologia.
E as boas experiências seguem ganhando forma e transformando realidades. Também em Sergipe, a parceria entre MPA e Cáritas Diocesana de Propriá resultou no abandono de sementes transgênicas e no plantio de arroz que enche de orgulho aquelas e aqueles que com as próprias mãos mudaram os rumos da história.
No início de 2020, famílias camponesas do Baixo São Francisco colheram 150 toneladas durante a festa da “Colheita do Arroz”. O evento celebrou a consolidação da transição do plantio do arroz convencional para o agroecológico após quatro anos de trabalho. “A produção agroecológica além de não agredir o meio ambiente, produz comida de verdade. Sem poluir águas e oferecendo à população um alimento limpo”, destacou Mauro Luiz Cibulski, camponês e integrante da direção estadual do MPA Sergipe.
Fontes:
Vídeo Arroz agroecológico é uma realidade no Sergipe: https://www.youtube.com/watch?v=rRx0oiQ80dg
Unidade de Produção Camponesa: uma experiência coletiva no Alto Sertão Sergipano. Trabalho de Conclusão de Curso de Iva de Jesus Santos.
Revista Semear, ano I, edição número I.
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