26 de fevereiro de 2025

(…) Não te esperarei na pura espera,

porque o meu tempo de espera é um

tempo de quefazer. (…)

(“À Sombra da Mangueira”, Paulo Freire)

O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) compreende que, para avançar em sua caminhada e garantir a efetiva implementação do Plano Camponês, é fundamental retomar e fortalecer o trabalho de base com o povo. Esse compromisso tem como horizonte a construção do poder popular nos territórios, com a soberania alimentar como um de seus eixos centrais.

Dentro dessa perspectiva, a Escola de Trabalho Territorial do MPA faz parte de um programa de formação nacional e regional, contemplando diferentes níveis de aprendizado e a diversidade de sujeitos que constroem o movimento. A primeira etapa desse programa na região amazônica ocorreu entre os dias 14 e 19 de fevereiro de 2025, na Fazenda Experimental da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). O encontro reuniu militantes de cinco estados: Amapá, Acre, Amazonas, Pará e Rondônia.

Os objetivos dessa primeira etapa incluíram o aprofundamento de conteúdos teóricos e práticos para o trabalho territorial e a afirmação da identidade amazônica do MPA. Nesse sentido, foram construídas e socializadas diversas ferramentas de trabalho com o povo, como a árvore do problema e a cartografia social, que fortalecem a compreensão das dinâmicas territoriais e ajudam a planejar a ação coletiva.

Mobilizações, Lutas e Resistência: MPA Rumo aos 30 Anos

O MPA nasceu da pressão da base organizada, da luta dos agricultores e agricultoras para resistir na roça e da necessidade de transformar a política agrícola no Brasil. Desde sua origem, o movimento tem lutado por crédito subsidiado, seguro agrícola e por um novo modelo para a agricultura brasileira, baseado na soberania alimentar e na justiça social.

Assim como um rio que se forma a partir de várias nascentes, o MPA surgiu simultaneamente em diversas regiões do país, impulsionado por militantes oriundos do movimento sindical combativo, da teologia da libertação e de organizações políticas comprometidas com a luta camponesa. A constituição do MPA como um movimento nacional ocorreu em dezembro de 1998, em Brasília, com a presença de representantes de sete estados.

As principais conclusões desse encontro fundador foram a constatação de que as estruturas sindicais estavam viciadas, que as bases mobilizadas demonstravam grande disposição para a luta e que era essencial desenvolver formas permanentes de organização popular, sobrepondo-se à simples manutenção das estruturas institucionais.

O que é o MPA? 

O Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA é um movimento camponês de caráter nacional e popular, de massas, autônomo e de luta permanente. Sua base social é organizada em grupos de famílias nas comunidades camponesas, buscando resgatar a identidade e a cultura do campesinato em sua diversidade.

O MPA se coloca ao lado de outros movimentos populares do campo e da cidade para construir um projeto popular para o Brasil, baseado na soberania alimentar e nos valores de uma sociedade justa e solidária. A organização do movimento parte da compreensão de que os camponeses têm necessidades comuns que transcendem seus limites territoriais, demandando uma nova forma de organização política capaz de unificar suas lutas em uma perspectiva nacional.

Atualmente, o MPA está presente em todas as regiões do país e, após 29 anos de existência, acumula um expressivo histórico de lutas e conquistas na organização do campesinato brasileiro. A Escola de Trabalho Territorial surge, assim, como uma ferramenta essencial para consolidar esse legado e preparar as novas gerações para continuar a luta pela soberania alimentar e pela transformação social.

Coordenação Político Pedagógica da escola