4 de maio de 2021
Transcrição: Luana Souza
MPA Brasil | Rondon do Pará (PA)
Luz Angela, em 03 de maio:
“Desde o dia 28 de abril a greve geral foi organizada por diferentes setores sociais com 3 pautas: a primeira contra a reforma tributária que foi uma proposta feita pelo governo para financiar a crise econômica que a gente têm em meio a pandemia e ela tinha o intuito de criar impostos para os setores de classe média e empobrecidos. Também, para invisibilizar situações de direitos humanos neste momento no país, que junto com a perseguição política que despensa judicialização, assassinato e afastamento de lideranças sociais e também de todos os guerrilheiros que fizeram parte do Acordo de Paz e o descumprimento deste mesmo acordo.
Para o nosso caso, temos a judicialização e a perseguição de líderes, companheiros e companheiras. Também uma pauta geral contra todo este modelo de movimento econômico e intervenção por parte dos EUA, com uma forte política contra o narcotráfico e o cultivo de coca, que é especialmente uma pauta para o movimento camponês e indígena.
Ninguém imaginava que teríamos tamanha capacidade de mobilização por toda os estados da Colômbia, principalmente muito forte no sul da Colômbia, em Cali, Vale del Cauca e normalmente nas cidades como centro das mobilizações com alguns bloqueios de rodovias, principais a nível rural.A mobilização continuou e decidimos manter até dia 1° de maio. Em meio a uma pandemia é um exercício muito forte de questionamento a todas as estas medidas e a mobilização foi tendo uma impressionante violência nas cidades e também a repressão por parte da polícia. Então, o 1° de maio fechou com uma mobilização que ainda se mantém e com a articulação de outros setores sociais, como os caminhoneiros e os indígenas que já começaram a se dirigir as cidades.
É bem importante falar que têm setores dentro do grêmio sindical e operário que falam de uma necessidade de virtualizar as manifestações por medo a resposta do governo e a incapacidade de negociar com ele e muitos outros setores, entre eles o congresso, que se mantém nas ruas. É bem importante caracterizar o sujeito que está na rua, porque são homens e mulheres que não fazem parte dos movimentos, que têm aquela agitação política e que também temos que passar com eles e dar como outro patamar uma formação mais política pela agitação. E são estas pessoas do comum que estão muito cansadas deste governo e que elas mais devem ir as ruas para tentar questionar e também essa capacidade de raiva. Estas mesma comunidades que se mantém nas ruas neste momento, e nós como movimentos, também estamos as acompanhando e também ganhando esta perspectiva mais política, no agir e na luta.
A repressão do Estado faz um escalonamento muito rápido, se bem que agora o governo pediu assistência militar e depois o ministro renunciou que tinha desenvolvido a reforma tributária e o presidente retirou a reforma tributária. Mas a gente fala que é uma possibilidade continuar nas ruas e criar uma greve nacional para tirar o presidente Duque e a todo o setor paramilitar que na Colômbia seria as milícias e uma vitória para ter a abertura para uma democracia.
Agora, junto com à visibilização internacional para um acompanhamento da missão frente aos Direitos Humanos, temos para o dia de hoje, temos, 72 mortos e mais de 480 feridos e 1280 pessoas detidas durante a greve.
Então a gente tenta manter o momento decisivo neste mês de maio para seguir nas ruas, nas rodovias e a ampliar a pauta além da reforma tributária e tirar o mal governo. E temos que aproveitar para criar espaços de discussão política, porque sabemos que não só o Brasil mas muitos outros países da nossa América também vêm transitando estas lutas.”
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