25 de março de 2025
O dia de São José, 19 de março, foi celebrado com muita fé e alianças camponesas durante a 8ª edição da Troca de Sementes Crioulas do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) Sergipe, realizada na Associação de Mulheres Resgatando sua História, povoado Lagoa da Volta, município de Porto da Folha.
Com o lema “Caminhos da resistência, da luta e da tradição camponesa”, cerca de setenta camponeses e camponesas do Alto Sertão Sergipano, do Baixo São Francisco e do Sertão Ocidental realizaram o plantio de milho e a troca não apenas de sementes, mas também de saberes, experiências e práticas agroecológicas.
A Troca de Sementes Crioulas tem sido um espaço fundamental para o fortalecimento da agricultura camponesa de base agroecológica, valorizando o conhecimento dos camponeses, protegendo a biodiversidade camponesa e promovendo a preservação das sementes da liberdade, que são essenciais para a agroecologia e a soberania alimentar. “Um camponês que tem sementes nas mãos tem a liberdade de fecundar a terra nas primeiras chuvas”, disse na fala de abertura Maria de Jesus, da direção do MPA em Sergipe.
Realizado desde o ano de 2014 com o objetivo de reafirmar a luta pela autonomia dos camponeses guardiãs e guardiões das sementes crioulas, a oitava edição do evento contou com a participação da UFS-SERTÃO, UFRB, ASA, SASAC, AMASE, ACOPASE, FEACON e da Associação de Mulheres Resgatando a sua História, que desempenham um papel importante no fortalecimento do debate sobre a preservação das sementes e a importância da agroecologia para o estado de Sergipe. O Trio Acauã embalou a atividade com muito forró e cultura nordestina.
“A importância da semente crioula é chegar o tempo da chuva e a gente ter nossa semente saudável para plantar, pra gente ter alimentação saudável para gente e pra nossa família e isso pra mim é muito bacana, porque hoje eu tenho sessenta anos e me alimento do que a gente produz na roça”, declarou a agricultora e guardiã de sementes Josefa Barbosa, da comunidade Sítio do Óleo, em Poço Redondo-SE.
INOVAÇÕES E CONQUISTAS
Pela primeira vez, a Troca de Sementes Crioulas contou com a realização de testes de transgenia de sementes, uma inovação trazida pela militante do MPA e professora da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Lanna Cecília. Além de testar quatro sementes, das quais uma foi comprovada como 100% crioula, Lanna e Maria também explicaram como acontece a modificação genética de sementes e sua relação com o uso de agrotóxicos.
O que acontece é que uma semente que já foi crioula pode ter sido contaminada ao entrar em contato com uma variedade transgênica. Essa modificação genética é impulsionada pelo agronegócio na busca de sementes mais resistentes ao uso do veneno, não sendo uma opção interessante para os camponeses que buscam sementes e alimentação saudáveis, entendendo que “comer é mais do que encher a barriga”; é um ato político.
“O avanço do agronegócio é o grande desafio para a preservação das sementes crioulas, porque de 2012 até 2025 ele tem levado o território a um alto nível de desmatamento da vegetação nativa do bioma caatinga para a o monocultivo do milho com objetivo de alimentar o gado para a produção de leite atendendo as demandas dos laticínios da região. Isso resulta em um desenvolvimento que gera muito dinheiro aos empresários, mas os problemas ambientais, sociais e econômicos ficam para os camponeses”, destacou Maria.
Outra novidade no evento foi o compromisso firmado pelo vice-prefeito de Porto da Folha, Saininho de Manoel de Rosinha, de lutar pela criação do Dia Municipal da Semente e assim demarcar o papel do poder público na criação de políticas e programas sociais em defesa das sementes crioulas e da agroecologia.
Iniciativas do MPA junto a outros movimentos e organizações sociais resultaram na criação da Lei Estadual 8.167/2016 – A Lei de Sementes Crioulas – e na implementação da Lei Estadual 7.270/2011 – Lei da Agroecologia. Com diálogo e parceria também foram criadas nove Casas de Sementes no Alto Sertão para armazenar, trocar, multiplicar e fazer com que essas sementes cheguem a mais camponeses. Um desses espaços é a Unidade de Produção Camponesa (UPC), considerada a Casa Mãe de Sementes em Sergipe, situada em Canindé do São Francisco.
“O nosso desafio coletivo é seguir multiplicando as sementes da liberdade”, finalizou Maria.
19 de março é dia de afirmação
É festa da semente, é tradição
O MPA se organiza, convoca os guardiões
Para trazer sua semente e fazer celebração
Nesse dia tem troca, tem reflexão
Discutimos os desafios
E apontamos superação
Nossa semente é da Liberdade
Cultivada em nosso chão
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