23 de julho de 2022
Tiago Pereira
Rede Brasil Atual | São Paulo
Entre os vários alimentos que vêm registrando altas expressivas de preços, ampliando e aprofundando a fome no país, o leite é o “vilão” do momento. Nos mercados, o litro do leite longa vida já ultrapassa a casa dos R$ 7. A alta do produto, em junho, foi de 3,45%, cinco vezes a inflação oficial do período, que ficou em 0,69%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). Em 12 meses, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), o preço do leite cobrado pelos produtores acumula elevação de 21,6%.
Parte do aumento se dá em função da entressafra do leite, de março a outubro, o que ocorre todo ano, sem novidade. Outro agravante é o fenômeno La Niña, que vem provocando secas nas regiões produtoras pelo segundo ano consecutivo. Mas além desses fatores, o Dieese também destaca o crescimento das exportações e a queda nas importações, que reduziram a quantidade de leite disponível.
A supervisora de pesquisas do Dieese, Patrícia Costa, cita a desvalorização do real, que encarece o custo de vacinas e medicamentos que são aplicados no gado leiteiro. Além disso, o crescimento das exportações de soja e milho também aumenta o preço da alimentação seca dos animais. As altas nos preços dos combustíveis e da energia elétrica também pesam no custo. Mas não é só isso.
Faltam planejamento e políticas públicas para o setor, segundo a especialista. “Os problemas da cadeia do leite vêm desde o governo anterior. Você pode subsidiar, investir, pode pensar em diversas soluções. Mas não estão fazendo nada disso. Então, o preço do leite explodiu. No patamar em que está hoje, a dúvida é se esse preço vai baixar. E a gente acha que não. Porque essas questões não estão resolvidas”, disse Patrícia, em entrevista nesta segunda-feira (4).
Patrícia destaca que uma das formas de conter a alta do preço do leite é investir nos pequenos produtores. O governo Bolsonaro, no entanto, vem fazendo justamente o oposto. Uma das principais ferramentas de estímulo era o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), criado em 2003, no governo Lula. O atual governo substituiu o PAA pelo Alimenta Brasil.
Não foi só a mudança de nome. Também houve restrição severa na aplicação de recursos. Em 2012, por exemplo, o PAA chegou a aplicar R$ 586 milhões do orçamento federal. Em 2021, por outro lado, foram R$ 58,9 milhões. Até maio deste ano, o programa do governo Bolsonaro aplicou apenas R$ 89 mil. Os dados são de um levantamento do UOL, no mês passado.
Para a supervisora do Dieese, alimentação é “assunto de segurança nacional”. “Não dá para deixar ao sabor do mercado. Tem que ter planejamento, tem que se pensar políticas, tem que subsidiar, tem que investir. Não dá para deixar assim: ‘Ah, deixa rolar, que vai ser bom’. Não vai ser, não está sendo. A gente vê isso sistematicamente. Não tem nada de bom quando você deixa só o mercado agir.”
No caso do leite, a questão é ainda mais “grave”, segundo ela. Isso porque se trata de um alimento praticamente “insubstituível”, em função das suas especificações nutricionais, sobretudo como fonte de cálcio. Os que mais sofrem, segundo ela, são crianças carentes em fase de crescimento. E idosos, também pobres, que necessitam do leite para fortalecer os ossos.
“Já se deu de barato que a população não vai comer carne de primeira. Mas come carne de segunda, come frango. Você até consegue pensar em substitutos. No caso do feijão, se não tem o carioquinha, vai o preto. No caso do leite, não tem. O que vai botar no lugar?”, comentou.
Os internautas também protestaram hoje contra a carestia. O termo “TÁ TUDO CARO” registrou mais de 13 mil postagens no Twitter ao longo do dia. E o leite apareceu como um dos principais protagonistas das queixas.
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