22 de janeiro de 2018
Diante de mais uma etapa do golpe contra a democracia, juventude da Via Campesina, do Levante Popular da Juventude e do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) mobiliza a população de Porto Alegre para vigília em defesa de Lula. O ex-presidente será julgado no próximo dia 24, no TRF4, na capital gaúcha.
Na próxima quarta-feira (24), o Supremo Tribunal Federal (STF) promove mais uma ação contra a democracia e a constituição brasileira: o julgamento do ex-presidente Lula. No plano conduzido pela Rede Globo, que fez do julgamento do Lula um espetáculo político e midiático, o principal objetivo é, mesmo sem provas, condenar o ex-presidente e impedir que ela seja candidato e eleito democraticamente pelo povo brasileiro nas eleições de 2018.
Na Operação Lava Jato, conduzida pelo juiz Sérgio Moro, nenhum tucano sentou no banco dos réus. A própria Globo, acumulando suspeitas de envolvimento em casos de corrupção e sonegação de impostos, continua exercendo seu papel de paladino da moral sem sofrer nenhuma acusação. No entanto, o TRF4 passou o caso de Lula à frente de sete ações. Há uma pressa deliberada em condenar o ex-presidente, mas Moro continua sem conseguir apresentar uma única prova contra Lula.
Segundo as leis brasileiras, Lula teria de ocupar um cargo na Petrobras – e o ex-presidente nunca teve uma função na empresa – para cometer o crime de corrupção passiva da qual é acusado. Para provar que o Triplex do Guarajá é de Lula não bastam recibos de pedágio. Reconhecer a propriedade de um imóvel, no Brasil, só é possível através de uma escritura pública registrada no cartório de Registro de Imóveis. Esse documento não existe. Lula não é proprietário do triplex mais famoso do Brasil.
Para a Juventude da Via Campesina e do Levante, defender a candidatura de Lula é defender a democracia, defender o direito do povo eleger seu representante e disputar um projeto de país. Assim como o impeachment da presidenta Dilma Roussef, o julgamento do ex-presidente Lula reflete a destruição da jovem democracia brasileira, numa tentativa de atender a interesses do capital financeiro.
Segundo Rafael Rodrigues, do Levante Popular da Juventude, “querem condenar o Lula, a pessoa que mais fez pelo povo brasileiro, para entregar toda a nação. O que estão promovendo no Brasil, desde o golpe de 2016, é um projeto que pretende acabar com os direitos sociais e trabalhistas, entregar nossas reservas de pré-sal e as empresas nacionais e subordinar os interesses do povo brasileiro aos interesses dos Estados Unidos”. Rafael lembra que esse é um projeto protagonizado pelo governo de Michel Temer (MDB).
“É tarefa da juventude conscientizar a população”
No passado dia 14, a juventude dos movimentos sociais do campo e da cidade começou um intenso trabalho de mobilização da população de diferentes bairros de Porto Alegre, para que o maior número de pessoas se junte à vigília em defesa de Lula, no próximo dia 24, em frente ao TRF4. A previsão é de que Porto Alegre acolha mais de 25 mil pessoas vindas de todo o país, segundo a Frente Brasil Popular.
Paulo Otávio, do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), assim como Rafael, é um dos jovens que percorreu as ruas do Centro, do Humaitá, da Cruzeiro e da Lomba do Pinheiro para convidar toda a população a se somar dia 24. “Acredito que a juventude está sendo diretamente afetada pelos retrocessos que o golpe dado pela direita vem trazendo para a população, por isso cabe à juventude pautar um projeto de sociedade democrático, que vise o bem-estar social”. Paulo acredita que “é tarefa da juventude conscientizar a população de que o julgamento do ex-presidente Lula tem sido conduzido de forma tendenciosa para garantir que o povo não tenha voz”.
As visitas às diferentes comunidades de Porto Alegre foram motivadas pela necessidade de abrir um diálogo sobre o momento político que o Brasil vive, de mostrar que “quem está perdendo com Reforma Trabalhista, Reforma do Ensino Médio e quem vai perder com a Reforma da Previdência é o trabalhador, ou seja, a maioria da população. Por isso, ir visitar os bairros é chamar quem é diretamente afetado por essas reformas”, defende Rafael. “Lula fez muito com seus programas sociais, como Bolsa Família ou Minha Casa, Minha Vida, programas que hoje estão em risco. Queremos que as pessoas se mobilizem em defesa da democracia, para depois decidirmos nas urnas quem vai ser nosso representante nos próximos quatro anos”, acrescentou.
“Se a gente acertar na forma de dialogar com o trabalhador, a gente vai ganhar essa batalha”
Com um histórico de ações de agitação e propaganda que marcaram diversos momentos da luta contra o golpe e em defesa da democracia – como o escracho a Michel Temer, na sua residência em São Paulo, ou a chuva de dólares em Eduardo Cunha (na altura deputado federal pelo PMDB e presidente da Câmara de Deputados) durante uma coletiva de imprensa na Câmara – a juventude da Via Campesina, do Levante e do MTD acredita que a esquerda precisa repensar a forma como dialoga com a sociedade. “Só assim a gente pode tentar barrar a investida contra nossos direitos e disputar consciências, num cenário em que a grande mídia – como é o caso da Globo – mente ao povo o tempo todo”, diz Rafael. O jovem do Levante ainda defende que é importante utilizar as diversas formas de expressão artística para dialogar com a população: “o teatro, a paródia em cima de músicas famosas, o graffiti são formas de mostrar nossas ideias e garantir o protagonismo dos jovens nas ações”.
Rafael garante que ao longo da última semana, durante as ações nos bairros de Porto Alegre, o protagonismo foi de “jovens que estão, sim, pensando no futuro de todos os brasileiros”. Sobre o trabalho realizado, diz que “mostrou que Lula ainda é a maior referência para o povo pobre brasileiro e se a gente acertar na forma de dialogar com o trabalhador, a gente vai ganhar essa batalha”.
Fotos e texto por Coletivo de Comunicação do Levante Popular da Juventude
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