15 de maio de 2018
No Espirito Santo a Educação no campo tem sido alvo de vários retrocessos denunciados por pais, estudantes, professores, camponeses e os moradores das comunidades. No município de Pinheiros, a Secretária de Educação, Marinete Zamprogn, se organiza de forma calada e passa nas casas das camponesas e camponeses da Comunidade Santa Rita comunicando o fechamento da Escola Santa Rita, com a justificativa de diminuir os gastos da prefeitura. A mesma postura foi adotada uma semana antes na Comunidade de Água Limpa, também para comunicar o fechamento da Escola da Comunidade.
Na comunidade Santa Rita, logo após o comunicado os moradores se reuniram em assembleia e construíram uma ata de repudio, onde foi relatado a luta histórica e cultural da escola e da comunidade, assim como, foi realizado um levanto dos estudantes que a escola terá até 2020, destacando a demanda da população do campo que a comunidade tem, e por fim, dizendo “não” ao fechamento da escola. A ata foi entregue a Secretária de Educação durante uma reunião, a postura da responsável pela educação no município foi de nega a abertura da escola e diz fazer nucleação da Escola Santa Rita com a Escola de Água Limpa assegurando transporte, no entanto, já transferiu os funcionários da Escola Santa Rita para outras escolas.
“Logo se percebe uma jogada estratégica política no município, onde se vê a colaboração com o êxodo rural, o inchaço da zona urbana, e o aumento da desigualdade social, com o principal interesse de contribuir e valorizar a empresa de móveis ‘Placas do Brasil S/A’, que tem a proposta de monocultivos de eucalipto. Portanto para expulsar o homem do campo segue uma ordem, sendo o primeiro item: fechar as escolas”, denunciam os pais dos alunos prejudicados pelo fechamento da Escola do Campo.
A Comunidade Santa Rita fez uma assembleia no dia 22 (domingo), para deliberar algumas ações concretas e convidaram o Comitê de Educação do Campo de Pinheiros, e ainda contou com a presença de lideranças do MPA e da comunidade. De imediato ficou então encaminhado que o grupo composto por estudantes e a professora, que é contra o fechamento da escola, iriam fazer atos todos dias e também a “chamada” dos estudantes a partir do dia 23 (segunda-feira) em frente à escola, trancando a estrada principal que dá acesso à cidade, fazendo vídeos, fotos, depoimentos e divulgando na mídia.
Com o conteúdo de denuncia em mãos, demandaram de uma outra ação que foi a denúncia do fechamento da escola no Ministério Público, porem este se posicionou da mesma forma que a secretária de educação, ou seja, a favor do fechamento da escola. Ambas as decisões ignoram as Leis de Diretrizes de Base da Educação, que assegura o direito dos estudantes de frequentarem a escola em suas comunidades, assegurando assim a permanência da Escola na Comunidade, respeitando todo o contexto histórico e social.
No dia 30 (segunda-feira), comunidade realizou uma grande assembleia, onde tiveram reunidos aproximadamente 100 pessoas, com representatividade das comunidades de Santa Rita, Água Limpa e Clemencias, integrantes do MPA, MST, Comitê da Educação do Campo de Pinheiros, Câmara de Vereadores, Associações, Deputado Givaldo Vieira e outras lideranças locais. Na ocasião retomou-se o histórico da comunidade, suas raízes culturais e ficou encaminhado que no dia 02 (quarta-feira) a comunidade iria até a prefeitura conversar com o atual prefeito do
município, Arnóbio Pinheiro Silva, e assim a comunidade ocupou a prefeitura, foram preparados para dormir no espaço, o prefeito só os atendeu pela noite.
Como fruto dessa ação a Comunidade conseguiu um documento assinado pelo prefeito onde assegura que a escola continuará aberta e funcionando. Essa foi uma vitória da Classe Trabalhadora, mas a luta continua, por deliberação do coletivo, encaminharam mais um ato no próximo dia 07 (segunda-feira), na Câmara de Vereadores para construir uma Lei que garanta o funcionamento das Escolas do Campo e o “não” ao fechamento das demais Escolas do Campo no município.
Soraya Reis Konoski, camponesa e dirigente do MPA, destaca a importância da luta travada, “garantir a Lei da Educação do Campo, onde os educadores tenham a formação voltada a Educação do Campo é muito importante, assim como uma educação que garanta as escolas do e no campo, onde os estudantes frequentam a escola próximo de suas casas, para que não percam suas raízes, sua cultura e seus valores. Essa é uma luta que o comitê e os movimentos sociais estão assumindo, principalmente o MPA que colocou sua bandeira de luta mais a frente com a base da comunidade e nós temos que garantir essa discussão, e foi uma forma de reacender o movimento na região”, destaca dirigente do MPA.
Por Comunicação MPA
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